Por: Alexandre Giesbrecht

Ao encerrar minha participação no ano passado, fiz um balanço, em grande parte de memória, do que vi ao longo das primeiras semanas da temporada. A ideia era fazer um follow-up na edição passada, mas atribulações profissionais me impediram de ser mais que um leitor. Como o assunto ainda tem a ver, escrevo hoje. Já sabendo, aliás, que mesmo a minha previsão sobre a passagem de ônibus em São Paulo já está furada, pois no último dia 5 ela aumentou para nada módicos três reais.

Mas a minha primeira impressão manteve-se inalterada ao longo do último mês — a primeira impressão é a que fica, certo? Nenhum time conseguiu disparar em sua conferência. No Leste nenhum time conseguiu disparar em sua divisão, enquanto no Oeste o Vancouver parece já poder comemorar o título do Noroeste. Na Central, os Predators ainda oferecem alguma ameaça aos Wings, assolados por uma série de contusões, o mesmo ocorrendo com os Ducks em relação aos Stars, líderes no Pacífico.

Os Penguins também foram assolados por contusões. Embora tenham afetado apenas dois de seus jogadores, estes são, disparado, seus dois principais atacantes: Sidney Crosby, com uma concussão que não o deixa jogar desde o dia 5, e Evgeni Malkin, que ficou fora das duas últimas partidas devido a uma contusão agravada no joelho. Com a ausência de Crosby, o Troféu Art Ross volta a ter uma disputa interessante, algo que parecia difícil depois de o capitão dos Pens ter aberto uma segura vantagem em relação a Steven Stamkos, que hoje tem o mesmo número de pontos e leva vantagem em gols, o que lhe garantiria o troféu hoje. Os Penguins, enquanto isso, dependem de seus jogadores secundários para vencer. Quando eles produzem, o time garante pontos, mas isso não é nenhuma garantia, e a campanha sem Crosby é de 4-3-1, com dois shutouts sofridos.

O cenário dos Capitals não mudou. Eles continuam atrás, agora do Lightning, embora mantendo-se colados. Os Thrashers deram uma rateada e agora têm uma tênue vantagem sobre o nono colocado Carolina pela última vaga no G-8. O mais interessante do cenário atual é que neste momento teríamos uma série entre os favoritos Caps e Pens logo na primeira fase. Se um dos dois não ganhar sua respectiva divisão, esse cenário será bastante provável. Já a situação dos Hawks não melhorou muita coisa, e eles continuam no meio do bolo de onze times separados por apenas oito pontos, que vai do quarto ao décimo-quarto lugares no Oeste. Neste momento, o time de Chicago é o sétimo, o que lhe valeria um compromisso contra os eternos rivais Red Wings. Só não consegui determinar se esse cenário seria para o desespero ou para a alegria de Dave Clayton, que, sabe-se, detesta o Detroit.

A surpresa negativa em New Jersey também continua. A contratação de Jacques Lemaires como técnico (interino?) não adiantou grande coisa, já que o time perdeu sete dos seus oito jogos seguintes. Nem as cinco vitórias nos últimos seis jogos tiraram o clube da rabeira da liga, e a eventual recuperação teria de ter proporções bíblicas para que os Devils não fiquem de fora dos playoffs pela primeira vez em quinze anos. Continuo sem saber se os Flames poderiam ter sido qualificados como surpresa negativa um mês atrás, mas agora ao menos eles passaram a fazer parte daquele bolo de times que brigam pelos playoffs no Oeste.

O Montreal pós-Halák perdeu um pouquinho de gás no último mês, e começa a ver os Bruins abrir alguma vantagem no Nordeste em pontos perdidos, mas a classificação aos playoffs ainda parece bastante provável. A já citada surpresa de Atlanta arrefeceu um pouco mais e parece destinada a brigar pela última vaga com os Hurricanes, que estão na frente por pontos perdidos, e, talvez, com os Panthers, empatados com os Thrashers em pontos perdidos, mas com quatro jogos a menos e um elenco que não inspira confiança para ganhar essas quatro partidas.

A Divisão Pacífico continua mantendo-se como surpresa, mas não mais total, já que os Kings estão numa violenta descendente e, embora ainda façam parte daquele bolo no Oeste, vão ter muito o que recuperar se quiserem chegar à pós-temporada. Os Stars seguem na ponta da divisão e estão a apenas quatro pontos do topo da conferência, uma grande surpresa. Ducks e Coyotes seguem com boas campanhas e os Sharks decepcionam pela posição (oitava), embora estejam em uma "velocidade de cruzeiro" que pode muito bem levá-los a seguir jogando em abril.

Individualmente, perdeu-se muito com a ausência de Crosby, que viu a diferença de dez pontos que tinha sobre Stamkos sumir nos oito jogos que o atacante do Lightning fez desde a concussão do rival. Ainda assim, ao chegar ao seu 49.º jogo com 37 gols (um total bem respeitável, ressalte-se), aquele papo de "50 em 50" hoje parece bem exagerado. Dependendo de quanto tempo Crosby levar para voltar ao gelo Stamkos, com dez gols de vantagem sobre o terceiro colocado (Daniel Sedin, do Vancouver) pode praticamente assegurar o Troféu Rocket Richard, seu segundo seguido. Alex Ovechkin segue pontuando abaixo de sua média, que estaria abaixo de um ponto por jogo não fosse seu hat-trick de sábado.

Dustin Byfluglien tinha uma folgada vantagem entre os defensores um mês atrás. Agora não tem mais, depois de arrefecer junto com os Thrashers. Neste momento o líder entre os defensores é o veterano Nicklas Lidström, que não surpreende nesse quesito, embora em mais/menos ele esteja com -2, o que é surpreendente. O Norris fica bem imprevisível nessas condições.

No gol, dois golTim Thomas, dos Bruins, continua liderando a liga em média de gols sofridos, shutouts (ao lado de Henrik Lundqvist) e porcentagem de defesas. Sua porcentagem de defesas continua quase surreal, e sua média de gols sofridos ainda é boa — e vale lembrar, novamente, que no início da temporada chegou a ser sobre-humana. Já Carey Price segue liderando a liga em vitórias, mas já não está mais entre os cinco primeiros em porcentagem de defesas e média de gols sofridos: na primeira categoria caiu para a 12.ª colocação, enquanto na segunda caiu para a oitava.

Não são lá grandes mudanças para pouco mais de um mês. Vamos ver ao final da temporada o que mais mudará.

Alexandre Giesbrecht, 34 anos, visitou a Estação Ipiranga da CPTM.
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Página publicada em 23 de janeiro de 2011.