Por: Igor Veiga

Uma franquia cinco vezes campeã da Copa Stanley. Uma franquia que viu tantos craques como Wayne Gretzky, Mark Messier, Paul Coffey, Glenn Anderson, Grant Fuhr e Jari Kurri vestirem seu uniforme. Uma franquia que em suas primeiras 11 temporadas na NHL (1979-80 a 1989-90) sempre esteve presente nos playoffs — mas que, nas últimas 18 temporadas (1990-91 a 2008-09) só chegou à fase do mata-mata nove vezes, sem nunca ter levantado a Copa. Este é o Edmonton Oilers, o pior time da liga nesta temporada. Uma equipe que vem de 11 derrotas seguidas e que venceu apenas uma de suas últimas 19 partidas. Uma equipe que ainda não sabe o que é vencer em 2010. Uma equipe que, para sonhar em chegar aos playoffs, tem que ganhar 83% dos pontos possíveis, como a edição passada de TheSlot.com.br mostrou. 

Contusões, problemas com os goleiros, tudo pode ser motivo para explicar essa terrível queda dos Oilers. É claro que não podemos negar que as ausências de Ales Hemsky e Nikolai Khabibulin estão pesando, mas certamente isso não é suficiente para explicar esse desempenho pífio, num momento em que nem o fator mando do gelo está fazendo a diferença — das últimas 18 partidas que disputaram em casa, os Oilers ganharam apenas três. Alguns podem dizer que tudo faria parte de uma estratégia da gerência para montar um time vencedor daqui a uns três, quatro anos, pois aí juntam-se boas escolhas nos recrutamentos, trazem-se alguns craques e tal... Tá bom, pode ser. Mas, se for o caso, faltou o principal: serem honestos com a cidade e com os torcedores, que não deixam de fazer o seu papel, sempre lotando o Rexall Place e empurrando o time, embora estejam constantemente voltando para suas casas cabisbaixos...

Existem algumas exceções no fundo desse poço que estão construindo em Edmonton? Sim, claro. Temos os atacantes Sam Gagner, Dustin Penner e Patrick O'Sullivan, e o defensor Lubomir Visnovsky, por exemplo, que até aqui vêm se esforçando para tentar mudar esse panorama. Mas, no geral, ninguém parece muito interessado em mudar o rumo da história...

Um dos principais desfalques do time, o goleiro Nikolai Khabibulin sofreu uma séria lesão nas costas em meados de novembro e deve acabar ficando de fora do resto da temporada. O russo vinha com uma performance razoável, se acertando junto com a equipe, que, assim como tantas outras, ainda mostrava claros sinais de falta de entrosamento nos dois primeiros meses do campeonato. Mas, assim que Khabibulin se machucou, Jeff Deslauriers assumiu o posto de titular e até começou bem. Ele chegou a fazer um shutout (o seu primeiro na NHL) contra o bom time do Phoenix e ainda esteve nas redes durante a sequência de cinco vitórias dos Oilers — todas fora de casa — no início de dezembro. Uma sequência que parecia ser a esperança de uma boa temporada para a equipe. O ponta-esquerda Dustin Penner, que vinha com bons números até aquele momento, disse logo após a partida contra os Blues, em 11 de dezembro, a última daquela sequência: "Acho que depois de vencer cinco jogos fora de casa, é difícil jogar melhor do que isso."

Se jogar melhor seria difícil, jogar pior pareceu ser muito fácil para os Oilers. No dia 15 de dezembro, após a derrota contra os Kings por 3-2, foi aberta oficialmente a temporada de fracassos do Edmonton. Primeiro, veio uma sequência de sete derrotas, que só teve fim em 30 de dezembro, na vitória por 3-1 frente ao Toronto. "É uma sensação boa," disse o central Patrick O'Sullivan após aquela partida. "Agora não temos que pensar sobre o fato de que perdemos seguidamente alguns jogos. Agora podemos pensar sobre as coisas que fizemos bem. Estamos em uma situação difícil na tabela agora. É realmente um momento de desespero para a nossa equipe." Mas o que parecia estar ruim ficou ainda pior. Há 11 partidas o time não vence e o que tem-se visto nesse período é um time totalmente inútil dentro do gelo, uma espécie de "Carrossel Holandês" às avessas.

O técnico Pat Quinn vem fazendo algumas tímidas tentativas de mudar a atual situação. Por exemplo, nas últimas partidas ele criou uma terceira linha com os veteranos Ethan Moreau, Shawn Horcoff e Fernando Pisani (que juntos custam ao time 13 milhões de dólares!) para tentar aproveitar a melhor qualidade que Horcoff tem, tanto no jogo ofensivo como no defensivo, e assim levantar um pouco o número dos outros dois. Só que, pelo menos até agora, nada vem dando certo... Moreau não marca um gol desde o dia 23 de novembro e chegou a ficar 21 jogos seguidos sem marcar um único ponto! Pisani, que teve uma belíssima temporada em 2005-06 — quando foi um dos heróis da campanha do vice-campeonato dos Oilers, marcando inclusive o primeiro gol em desvantagem númerica de uma prorrogação das finais da Copa Stanley —, vem caindo de produção a cada ano, também vítima das contusões. Esta temporada, ele só tem dois pontos em 14 partidas. 

E, finalmente, Shawn Horcoff. O central está muito longe de ser aquele jogador das últimas quatro temporadas, que chegou a marcar 73 pontos em 79 jogos em 2005-06. Muito bom no face-off e também quando jogando em desvantagem numérica, esta temporada ele só tem 20 pontos em 46 jogos. Horcoff, talvez mais do que qualquer outro jogador do elenco, foi o que mais sofreu com a saída do ponta-direita Ales Hemsky, que, antes de ser massacrado nas bordas por Michal Handzus, dos Kings, em 25 de novembro, tinha 22 pontos em 22 partidas. Os dois jogadores fazem parte de uma das melhores linhas ofensivas da NHL nos últimos anos. Sucesso esse que lhes levou às finais da Copa Stanley quatro anos atrás. "Estou certo que sou um jogador melhor do que aquilo que mostrei neste ano. É obviamente muito frustrante e decepcionante para mim. Mas, no final do dia, você ainda tem que vir para o rinque e trabalhar duro. Você não pode se sentar e sentir pena de si mesmo. Você tem que encontrar alguma maneira de contribuir para a sua equipe," disse Horcoff. 

Com tantos insucessos, a pergunta que fica é: até quando Quinn terá paciência de ficar no cargo? Até porque, às vezes a impressão que fica é que ele parece ter desistido de trabalhar com seus atletas, tamanha a decepção com o desempenho do time nesses últimos dois meses. Seria interessante, talvez, ele dar uma respirada e parar para pensar o que realmente quer? Pois, quanto mais o tempo passa, pior fica a situação do time, da torcida e, é claro, do próximo treinador que venha a assumir o comando do time, se é que isso ainda irá acontecer. O que não pode é todo mundo afundar junto nesse mar de lama que está se transformando a franquia canadense.

"Não podemos nos tornar uma boa equipe apenas treinando duro, apenas aprendendo um sistema de jogo. Nós temos que aprender sobre nós mesmos e sobre aquelas coisas intangíveis que são necessárias para se jogar bem ao nível da liga," disse o técnico sobre os últimos fracassos de sua equipe. Alguns já pensam até em entregar o cargo ao assistente técnico Tom Renney, que é conhecido por armar sistemas defensivos bastante úteis em equipes desprovidas de talento. Mas, sejamos sinceros. As contusões atrapalharam? Sim. Os goleiros reservas não estão dando conta do recado na ausência de Khabibulin? Sim. Mas a verdade é que, com o elenco que tem, nem que todos os jogadores estivessem jogando tudo aquilo que pudessem esse time dos Oilers não iria muito longe.

E o momento é tão crítico que as piadas sobre o time não param de brotar na internet. Uma delas diz que um garoto de sete anos, envolvido em um caso de custódia, disse ao juiz que tinha sido espancado por seus pais. O juiz então decidiu conceder a custódia temporária do menino aos Oilers, já que estes não batem em ninguém...

Igor Veiga marcou presença no 2º Encontro Nacional Habitant.
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Página publicada em 28 de janeiro de 2010.