Por: Thiago Leal

Pense rápido: quem foi o responsável pela conquista da inédita Copa Stanley em Anaheim? Teemu Selanne? Scott Niedermayer? François Beauchemin? Chris Pronger?

Bom... independentemente do que você pensou e de qual opção respondeu... está errado. Tivesse a Copa Stanley apenas um nome nela gravado, esse nome seria o de Brian Burke. Basta que fique claro que todos esses nomes só pisaram no rinque do Arrowhead Pond/Honda Center devido ao talento em negociações de Burke. O time foi entregue nas mãos de Randy Carlyle por um gerente geral que estava decidido a ganhar a Copa Stanley na temporada 2006-07. Assim, todos acreditavam que seria. Assim foi.


Brian Burke
Quando Burke chegou a Anaheim, o time ainda se chamava Mighty Ducks, muito embora já estivesse sob o poder econômico de Henry e Susan Samueli. As cores ainda eram o roxo e o jade (aquele tom de verde escuro que os Ducks usavam). De cara, Burke trouxe de volta Selanne e mandou buscarem Scott Niedermayer lá na Costa Leste, para se juntar ao irmão, Rob. E o genial Sergei Fedorov? O eficiente Petr Sykora? Obviamente, ambos não vinham rendendo bem, especialmente Fedorov. O russo foi trocado com o Columbus Blue Jackets e vieram para Anaheim Tyler Wright e François Beauchemin, ainda calouro.

Não foi suficiente para ganhar a Copa Stanley. Mas os Ducks surpreenderam ao chegar à pós-temporada, eliminar Calgary Flames e Colorado Avalanche e, por pouco, não disputar sua segunda Copa Stanley.

Para a temporada seguinte, Beauchemin havia deixado de ser uma promessa e se tornado um fenômeno. E se os Ducks queriam uma defesa forte com habilidades ofensivas, Burke trouxe Pronger — a peça que faltava para um time imbatível. Se faltava um intimidador, esse intimidador foi conseguido no dia-limite de trocas: Brad May. Burke parecia não ter problemas com as restrições salariais da NHL e entregou um time afiado a Carlyle.

O resultado foi o título da Copa Stanley, passando por cima do Calgery Flames, do Detroit Red Wings e do Ottawa Senators na final. Título que poderia ter se repetido caso os Ducks fizessem uma temporada regular melhor em 2007-08. Mas houve todo aquele problema com Niedermayer e Selanne — e olha que Burke ainda abriu espaço na folha para encaixar o finlandês, numa temporada que já havia trazido o alto salário de Matthieu Schneider. A seqüência de resultados ruins inicial abalou a equipe que, mesmo com mando de gelo, teve o azar de enfrentar na primeira rodada da pós-temporada o Dallas Stars. Não que os Stars fossem grande coisa, mas era um time que os Ducks simplesmente não conseguiam vencer.

Os boatos de Burke em Toronto surgiram desde o final da temporada passada. E, realmente, alguém como Burke é justamente o que os Leafs precisam para vencer uma Copa. Boatos envolvendo Toronto e o Anaheim existiam também de forma vetorialmente inversa... já que desde a temporada passada falava-se de Mats Sundin nos Ducks — e, ao mesmo tempo que essa questão era levantada, vinha com muitas interrogações sobre teto salarial. Por que falar tanto disso então?

Burke escolheu não renovar seu contrato com os Ducks. O motivo estaria no Leste. Toronto? Oficialmente, não. Mas sim seus filhos do antigo casamento — e sua vida pessoal como um todo. De qualquer forma, no Leste Burke estará mais próximo de Toronto. "Coincidentemente", ele e a Maple Leaf Sports & Entertainment podem se encontrar, claro.

E tudo que os fãs dos Ducks poderiam dizer é "obrigado". Burke sai, a Copa fica. Mas a Copa só veio porque Burke entrou.

Agora, obviamente, vem outro gerente geral. Alguém que jogou hóquei como defensor, coisa que os Ducks adoram. Alguém que trabalhou com Brian Burke. E que trabalhou como gerente geral para uma grande e tradicional franquia da NHL. Então, veio Bob Murray.

Bob Murray
Como jogador, Robert Frederick Murray, ou simplesmente Bob, jogou pelo Chicago Blackhawks por 15 temporadas. Chegou até a ser capitão da equipe por um curto período em que Darryl Sutter estava machucado. E assim que parou de jogar, foi contratado pela franquia como Diretor de Delegação. Trabalhou seis anos no cargo, até ser promovido a Gerente Geral, ocupando a função por mais dois anos. Tornou-se o tipo de funcionário que era, simplesmente, a cara de Chicago.

Após sair dos Hawks, Murray teve sua primeira — e relâmpaga — passagem pelos Ducks, servindo de consultor de prospeção em 1999. No mesmo ano, assumiu como olheiro do Vancouver Canucks, que tinha como gerente geral Brian Burke.

E quando citei que Burke trouxe para Anaheim Selanne, Pronger, Beauchemin e Niedermayer, não citei que ele também trouxe com ele Bob Murray, que assumiu como Vice Presidente Sênior de Operações de Hóquei. Murray estava aqui quando a Copa chegou. Ele teve seu papel, sendo conselheiro de Burke e o auxiliando a desenvolver os jogadores — nomes como Ryan Getzlaf e Travis Moen. Logo, essa copa é tanto de Murray quanto de Burke.

Murray foi contratado como gerente geral do Iowa Chops, time menor do Anaheim Ducks na AHL. E, com a saída de Burke, nada mais justo que Murray assumir o cargo.

De volta a um time da grande liga, Murray agora vai ter que provar qual é a dele. Uma coisa é certa: os Ducks podem esperar um bom desenvolvimento em seus atletas. Murray deve trazer de volta Bobby Ryan e mais alguns de Iowa, já que é especialista neste ponto. Então, veremos profissionais rendendo mais, veremos promessas se concretizando. É isso que pode se esperar de Bob Murray.

E quanto a negociações?

Certamente, sobre isso, Murray tem muitas interrogações na cabeça. Seria Mats Sundin uma delas?

Thiago Leal torce para que Bob Murray faça o melhor trabalho que puder.
Arquivo TheSlot.com.br
A Copa Stanley em Anaheim com o homem que a trouxe: Brian Burke.
(06/06/2007)
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Bob Murray, entre Brian Burke (esquerda) e Randy Carlyle: a Copa Stanley também passou por suas mãos.
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Página publicada em 19 de novembro de 2008.