Por: Allan Muir

Por apenas um segundo, a luz vermelha acendeu-se.

Durante uma vantagem numérica de dois homes de 1 minuto e 26 segundos a favor dos Penguins, a bomba de Sergei Gonchar do topo do círculo iludiu o juiz de gol da NHL, que acendeu a lâmpada e fez boa parte dos 17 mil pagantes explodir de alegria com a perspectiva de um gol de empate no final.

O único problema? O disco não iludiu Chris Osgood, goleiro do Detroit, e certamente não entrou no gol. De fato, depois de sofrer o gol que abriu o placar, na bela demonstração de habilidade de Marián Hossa ao lado do gol aos 2:51 de jogo, Osgood parou os 21 chutes seguintes e liderou os Red Wings à vitória por 2-1, que deixou o time com uma estrangulante vantagem por 3-1 na série.

O jogo 4 foi outra partida cativante, um thriller do começo ao fim que teve a primeira virada das finais, a primeira vantagem numérica de dois homens e a primeira derrota do time que marcou primeiro. Também marcou a primeira derrota dos Pens na Mellon Arena desde que eles perderam nos pênaltis para os Sharks em 24 de fevereiro.

Dado o resultado final, não é surpresa que nenhum desses "primeiros" representou algo de positivo para o time da casa. Mas, quando esta série terminar, os Penguins não vão se lamentar por nenhuma delas mais do que pela sua incapacidade de aproveitar-se mais da atuação surpreendentemente indisciplinada dos Red Wings.

Apesar de o gol de Hossa ter surgido em uma vantagem numérica logo no começo, criada quando Dallas Drake deu um tranco desnecessário com o taco em Ryan Whitney atrás do gol de Pittsburgh, os matadores de penalidade dos Detroit frustraram os Pens ao longo das cinco oportunidades seguintes. E nenhuma delas foi mais decisiva que o cinco-contra-três na metade do terceiro período.

A seqüência começou com uma penalidade duvidosa de enganchamento para cima de Kirk Maltby aos 9:36 do terceiro período. Sidney Crosby, que esteve sempre nas jogadas ontem, mas não foi capaz de criar o espaço que abrira no jogo 3, cavou a segunda penalidade em Andreas Liljam quando tentou passar por um par de defensores do Detroit apenas 34 segundo depois.

Com o Detroit segurando uma vantagem de 2-1, cortesia dos esforços de Nick Lidström no primeiro e de Jiri Hudler no começo do terceiro, o palco estava armado para o gol de empate do Pittsburgh. Mas, quando a vantagem numérica acabou, os Pens tinham dado apenas dois chutes a gol, ambos de Evgeni Malkin, e ambos de uma distância que não deu grandes problemas a Osgood. Eles chutaram para fora do gol duas vezes, tiveram um chute bloqueado e deram de graça o disco para o jogador mais perigoso da partida, Henrik Zetterberg, que criou uma grande chance de gol reminiscente de seus dois gols em desvantagem numérica contra os Stars.

Essa futilidade ilustrou perfeitamente as duas constantes desta série: a capacidade do Detroit de parar as linhas de passe em desvantagem numérica e a incapacidade dos Penguins de se adaptar simplificando sua postura. Considere isso a vantagem da experiência sobre a juventude.

É claro, poderia não ter adiantado nada alterar suas formas de ataque, tão magistrais e bem colocados que estavam os Wings. Zetterberg liderou o time com um turno tão dramático quanto os quatro trancos seguidos de Brooks Orpik no jogo 3. O suposto vencedor do Troféu Conn Smythe — e, sim, já é hora de começar a pensar nestes termos — melhorou suas credenciais com um esforço que pode ter salvado o jogo quando acabou com a melhor chance do Pittsburgh. Depois de pressionar pelo disco na linha azil, ele viu Crosby sozinho à esquerda de Osgood, esperando por um passe. Este passe chegou, mas uma fração de segundo depois de Zetterberg aparecer para eliminá-lo com seu taco e aniquilar qualquer chance de gol.

E ali praticamente encerrou-se o jogo. Os Penguins chutaram apenas mais três vezes nos oito últimos minutos, e apenas uma vez depois de Marc-André Fleury — que teve outra atuação esplêndida, parando 28 chutes do Detroit — ser tirado no último minuto de jogo. E quando Osgood esticou sua perna direita para bloquear o desvio de Malkin à queima-roupa, o time da casa estava acabado... no jogo e, provavelmente, na série.

Na história das finais da Copa, apenas um time, os Maple Leafs de 1942, conseguiu virar um déficit de 3-1. Considerando como muitos jogadores dos Penguins estão sumidos — Malkin e Petr Sykora em particular —, as chances de começar amanhã essa virada não parecem muito grandes. Em oito jogos em casa nesta pós-temporada, Osgood sofreu apenas oito gols.

Para ter qualquer esperança, os Penguins têm de achar respostas para sua impotente vantagem numérica.

Allan Muir é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 1.º de junho de 2008.