Por: Ron Cook

Se você tivesse me dito ontem que o goleiro dos Penguins, Marc-André Fleury, iria cair de cara no chão ontem à noite, eu não teria acreditado.

Mas aconteceu.

Duas vezes, na verdade.

Fleury estava tão ansioso por entrar no gelo da Joe Louis Arena para o jogo 1 das finais da Copa Stanley, contra o Detroit Red Wings, que ele tropeçou no último degrau enquanto seguia à frente do time no corredor que vinha do vestiário e caiu, um azougue para toda a grande e barulhenta multidão ver. Até aquele ponto, era bem fácil imaginar que fosse um mau presságio para o time, mas o elenco dos Penguins — que tem algumas das pessoas mais supersticiosas do mundo — negou tal idéia veementemente depois do jogo, que terminou com uma derrota por 4-0. Eles estavam era felizes porque Fleury não quebrou seu braço.

Assim, só o orgulho dele foi ferido.

Fleury iria se ferir muito mais com o que aconteceria nas duas horas e meia seguintes. Depois de fazer mais que qualquer um dos jogadores dos Penguins — incluindo Sidney Crosby e Evgeni Malkin — para trazer o time ao maior palco do hóquei, ele escolheu uma péssima hora para sua pior atuação nos playoffs. Este comentário não é cruel. É apenas uma reflexão do quão brilhantemente Fleury tem jogado ao longo da pós-temporada.

Esta derrota não foi só culpa de Fleury. Ele já tinha crédito — um grande crédito —, mas seus colegas de time não fizeram nada para salvá-lo. Ainda que eles estivessem jogando até agora, provavelmente não teriam marcado um gol, tão sufocantes que estavam a defesa do Detroit e o goleiro Chris Osgood.

"Isso não teve nada a ver com [Fleury], teve a ver conosco", lamentou o ponta Pascal Dupuis, dos Penguins. "Não jogamos bem na frente dele. Nós o deixamos sozinho ali."

O técnico dos Penguins, Michel Therrien, concordou.

"Definitivamente, foi nossa pior atuação nestes playoffs", avaliou. "Não competimos como deveríamos."

É verdade. Ora, se é.

Mas isto também é: Fleury não foi bem como tem sido. Os dois primeiros gols do Detroit — ambos marcados pelo ponta Mikael Samuelsson — eram defensáveis. Samuelsson venceu Fleury com um gol ao redor das redes no segundo período, depois de uma má troca dos Penguins, quando Fleury pareceu ter tropeçado em sua área, e depois praticamente matou o jogo no começo do terceiro período, ao aproveitar-se da falha de Fleury ao tentar isolar o disco. Malkin, que foi quase invisível ao longo da noite, teve a chance de tirar o disco da zona dos Penguins naquele gol, mas não conseguiu, deixando para Samuelsson um chute fácil.

Gols de Dan Cleary e Henrik Zetterberg no final simplesmente serviram para ser esfregados na cara de Fleury e dos Penguins.

O placar poderia ter sido ainda pior. Um gol aparente do defensor Nicklas Lidström, dos Red Wings, foi anulado no primeiro período, em uma decisão duvidosa do árbitro, quando Tomas Holmström foi penalizado por interferir com Fleury. Depois, no segundo período, Fleury não conseguiu controlar o rebote de uma bomba de Dallas Drake e permitiu uma bela chance de gol de Kris Draper. O chute de Draper bateu nas duas traves atrás de Fleury.

Foi uma má noite o tempo todo.

Como esperado, todos os envolvidos negaram essa história de mau presságio.

"Não estou preocupado nem um pouco com isso", disse o central Max Talbot, que sempre está logo atrás de Fleury na saída do vestiário. "Nós todos rimos. 'Ó, meu Deus, ele caiu.' Mas ele foi o primeiro a rir da situação."

Nas duas outras vezes que foi para o gelo, Fleury passou na ponta dos pés por aquele degrau. Assim como seus colegas de time.

"Todos nós quase caímos ao sair para o gelo", confessou Dupuis. "Havia algo ali que cedeu antes do último degrau."

Já ouvi falar de envenenamento proposital acabar com times antes de grandes jogos, mas sabotagem no corredor?

"Estou te falando, nós todos quase caímos", insistiu Dupuis. "Espero que eles façam algo a respeito para o próximo jogo."

A equipe de manutenção do estádio não é a única que espera por muito trabalho entre os jogos 1 e 2, amanhã à noite, também em Detroit.

A equipe dos Penguins também tem muito a fazer.

Esse tipo de atuação fraca era para ser esperado em algum momento nestes playoffs. O que importa agora é como Fleury e seus companheiros irão reponder. Esta é a primeira vez desde que sua fantástica campanha rumo às finais da Copa começou que eles estão encarando adversidade de verdade. Uma coisa é você abrir 3-0 em uma série contra o New York Rangers e o Philadelphia Flyers e depois perder o jogo 4. Outra coisa bem diferente é perder o jogo de abertura da final e ser dominado em todos os aspectos.

"Nós vamos nos recuperar", prometeu Talbot. "Já passamos por muita coisa. Este grupo sabe como se recuperar depois de um mau jogo."

Deixe-me avisar oficialmente agora que Fleury irá jogar muito melhor no jogo 2. Não estou tão certo a respeito de Crosby, Malkin e o resto depois de ver como a defesa do Detroit foi efetiva, mas Fleury vai dar amanhã aos Penguins uma chance melhor de vitória.

Isso assumindo que ele chegue ao gelo em segurança, é claro.

Ron Cook é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 25 de maio de 2008.