A canção "The Heretic Anthem", do álbum Iowa do grupo de thrash metal estadunidense Slipknot diz "If you are 555, then I am 666". No Detroit, é fácil identificar que é o 555 dessa pós-temporada. Ou melhor, quem são o 5 e o 55. Nicklas Lidstrom e Niklas Kronwall vêm sendo os melhores jogadores do time ao lado do também sueco Johan Franzen, ausente, mas com possibilidades de voltar para o jogo 2.

Lidstrom e, especialmente, Kronwall, foram dois dos grandes responsáveis pelo shutout do Detroit Red Wings nesse primeiro jogo de decisão de Copa Stanley. O gol vencedor veio do disco de mais um sueco: Mikael Samuelsson. O que não faz tanta diferença assim se considerarmos que tal gol foi apenas o primeiro do jogo. Mas Samuelsson marcou também o segundo e deixou o rinque como o destaque da noite. Ambos os gols foram sem assistência, vale salientar.

E se foi uma noite tipicamente sueca, ela tinha de terminar com um gol de Henrik Zetterberg, assistido por Tomas Holmstrom e Lidstrom. Foi o quarto da noite, já nos minutos finais do terceiro período, após Dan Cleary fazer o terceiro com assistência de Brad Stuart.

Tornando a Lidstrom e Kronwall, a dupla 555. Essa é justamente a diferença de potencial que deve tirar os Penguins da decisão da Copa Stanley, e não deve demorar muito. É que a defesa dos Wings conseguiu anular quase que completamente o araque dos Pens do segundo período em diante. E o contrário não aconteceu. Dessa forma, não assustou a diferença de 36 chutes pro time da casa contra apenas 19 do Pittsburgh nesse primeiro confronto. Marcado, e bem marcado, Evgeni Malkin só conseguiu espaço para um chute. Sidney Crosby, três. O recordista da noite, Marian Hossa, ainda conseguiu quatro — mesmo número de Ryan Whitney.

Lidstrom e Kronwall foram os homens com mais tempo de gelo da partida — aproximadamente 25 e 24 minutos, respectivamente. Kronwall teve o trabalho de anular Ryan Malone, Jordan Staal e Maxime Talbot. Bloqueou chutes de Crosby e Petr Sykora. Foi presença constante para intimidar e anular ataques do Pittsburgh. Pode não ter sido tão decisivo na vitória quanto as atuações de Samuelsson e Holmstrom. Mas sem dúvidas, teve seu valor. Kronwall é apelidado Nick Jr., por seu nome ser semelhante ao de um jogador cujo seu estilo de jogar lembra muito: Nicklas Lidstrom.

O capitão dos Wings desferiu um hit em Malone e bloqueou chutes de Pascal Dupuis e Brooks Orpik. Conseguiu ainda uma penalidade e subiu uma vez ao ataque.

A defesa, em geral, teve uma bela participação, o que foi fundamental para o shutout. Foi basicamente um trabalho bom o suficiente para tranqüilizar os atacantes e garantir mais uma apresentação impecável do Detroit. Os destaques não vão só para Kronwall e Lidstrom, mas também para Stuart e Andreas Liljia — mais um sueco.

Quem teve grande participação defensiva foi Pavel Datsyuk e Kirk Maltby. Darren McCarty cumpriu sua função de intimidador, entrando para desferir hits. Claro que eu não poderia deixar de mencionar Dallas Drake, com quase 11 minutos no rinque.

O 4 e o 44
Se os Wings têm o 5 e o 55, os Penguins também tiveram seus destaques defensivos. O 4 e o 44 — Rob Scuderi e Brooks Orpik. Num time desorganizado e perdido defensivamente, Orpik se esforçou ao máximo para bloquear as estrelas vermelhas do Detroit. Colocou-se no caminho de Datsyuk, Zetteberg, Holmstrom e Stuart. Tentou, ao máximo, fazer a diferença pelos Pens. Seu trabalho quase solitário não adiantou de muita coisa.

Foi um total de sete hits e seis bloqueios do melhor defensor do jogo, que certamente teria recebido algum crédito e uma possível estrela caso tivesse encerrado com um resultado menos doloroso para Pittsburgh. E num time que, tecnicamente, não tem uma boa defesa, Scuderi acabou fazendo um papel razoável na primeira noite do certame pela Copa Stanley.


Baseado nessa diferença, não há o que esperar muito senão uma vitória dos Wings com relativa traqüilidade no restante da série. Mas que fique para Orpik o exemplo de dois defensores que, certamente, seguirão fazendo a diferença para o Detroit na série: Lidstrom e Kronwall.

• Capa
• Editorial
• Olha, mãe, sem estrelas!
• A superioridade do Detroit
• Vitória com domínio
• Detroit domina
• O 5 e o 55
• Jovens Pens ganham lição no jogo 1
• Fleury tropeça — literalmente
• Quão bom foi Samuelsson
• Isto é a cidade do hóquei?
• Mesmo juiz, mesmo erro?