"Bem-vindo aos playoffs, Pittsburgh Penguins", era o que não estava escrito no cartaz de um torcedor do Detroit Red Wings que não estava presente na Joe Louis Arena na noite de sábado.

Na primeira partida da mais aguardada Copa Stanley dos últimos anos, a experiência dos Red Wings superou a vontade dos Penguins, especialmente no primeiro período, quando os visitantes dominaram o jogo enquanto desfrutavam de sucessivas oportunidades em vantagem numérica. Matar quatro penalidades consecutivas, incluindo uma de Nicklas Lidstrom, foi a chave da vitória do Detroit, que escapou de sair atrás no placar, se recuperou do mau momento e impôs seu estilo de jogo contra o adversário.

Os Penguins não sentiram a pressão, porque são jovens demais até para se dar conta disso. Eles esbarraram em Chris Osgood, o inspiradíssimo goleiro que realizou defesas improváveis enquanto os árbitros não perdoavam qualquer jogada duvidosa, contrariando a tendência em deixar o jogo solto nos playoffs. Aliás, os homens de preto e branco estavam tão rigorosos que anularam um gol de Lidstrom ainda no primeiro período, alegando interferência de Tomas Holmstrom sobre Marc-Andre Fleury. Lance polêmico, em que o goleiro foi tocado fora da área pelo taco do atacante, sem que isso o impedisse de realizar a defesa.

Contra a defesa do Detroit, Sidney Crosby e Evgeni Malkin pareceram jogadores normais. Lidstrom e Brian Rafalski acompanharam o capitão dos Penguins em mais de 73% de seu tempo de jogo. Brad Stuart e Niklas Kronwall marcaram Malkin em mais de 57% do tempo, obrigando ele e seus companheiros a patinar de cabeça erguida, sob ameaça de atropelamento. Logo, a vantagem no confronto das linhas e a grande atuação dos donos da casa não permite dizer que os atacantes do Pittsburgh sumiram do jogo. Eles simplesmente foram anulados.

Quando os Penguins tiveram sua melhor chance de gol, o disco caiu no taco do jogador errado. Osgood impediu que o primeiro gol da noite fosse de Pascal Dupuis, sozinho no contra-ataque. A defesa do goleiro, combinada com sua atuação excepcional, potencializa a aposentadoria de Dominik Hasek. Se o Detroit desejava apenas um goleiro que não perdesse jogos, encontrou em Osgood alguém capaz de segurar a pressão quando necessário.

A torcida veio abaixo quando os Red Wings acertaram a trave de Fleury duas vezes no mesmo lance. O Detroit dominava o jogo, mas não o placar. O número de chutes a gol era apenas ilustração.

Foi durante uma troca de linha do Pittsburgh, após o disco ser rifado da defesa, que os Red Wings abriram o placar, explorando a falha do adversário. O criticado Mikael Samuelsson fez tudo sozinho: interceptou o disco, se enfiou no meio dos defensores, deu a volta por trás do gol e surpreendeu Fleury.

Outro erro dos Penguins renderia um gol para o Detroit. Quando Samuelsson batalhou nas bordas pela posse do disco, Fleury teve a oportunidade de parar o jogo ou então rifá-lo para o lado oposto. Na tentativa de recomeçar a jogada, simplesmente lançou entre seus companheiros, que não se entenderam. O sueco aproveitou para marcar seu segundo gol na noite.

Ter um placar adverso não era novidade para o Pittsburgh, que experimentou três gols de desvantagem no primeiro jogo da série contra o NY Rangers. Porém naquele jogo os Penguins eram os donos da casa e não enfrentavam um time completo, porque o Detroit, além de ter a defesa que os Rangers não têm, sabe conservar a liderança no placar, jogando com inteligência.

A vitória já estava garantida quando os times especiais finalmente produziram gols. Em desvantagem numérica Dan Cleary fez 3-0, aproveitando rebote das bordas de um disco que veio isolado da defesa. E para mostrar que não sabem marcar só ao acaso, os Wings enviaram ao gelo o que tinham de melhor para punir Jarkko Ruutu por sua penalidade imbecil, criaram bela jogada de passes até Henrik Zetterberg chutar com precisão marcando o quarto gol a 13 segundos do fim.

Não restou dúvidas sobre quem mereceu vencer o jogo. Os Penguins chutaram a gol apenas sete vezes nos últimos dois períodos, muito pouco para superar Osgood, enquanto o Detroit alvejou 25 vezes a meta de Fleury.

Michel Therrien classificou a noite de sábado como "a nossa pior atuação nos playoffs" e o Detroit como "o melhor time que nós enfrentamos".

Se quiser voltar a Pittsburgh com a série empatada, Therrien terá que superar Mike Babcock no confronto das linhas. Forçar o jogo em cima de suas estrelas é uma alternativa para evitar que Crosby e Malkin sempre enfrentem os principais defensores dos Red Wings. Se Zetterberg e Pavel Datsyuk podem jogar por mais de 22 minutos, a dupla dos Penguins também pode.

• Capa
• Editorial
• Olha, mãe, sem estrelas!
• A superioridade do Detroit
• Vitória com domínio
• Detroit domina
• O 5 e o 55
• Jovens Pens ganham lição no jogo 1
• Fleury tropeça — literalmente
• Quão bom foi Samuelsson
• Isto é a cidade do hóquei?
• Mesmo juiz, mesmo erro?