Foi um jogo para ficar na história.

Em frente a um enlouquecido público de 21.273 pessoas presentes ao Bell Centre na noite da última terça-feira, o Montreal Canadiens tirou uma diferença de cinco gols e saiu do gelo com uma vitória de 6-5, conquistada nos pênaltis, sobre o New York Rangers, na maior virada na história da histórica franquia canadense.

Cristobal Huet — que substituiu Carey Price após Brendan Shanahan dar ao time de Nova Iorque uma liderança de 3-0 — parou Shanahan, Chris Drury e Jaromir Jagr nos pênaltis, ajudando os Habs na mais que improvável vitória.

Com o resultado, o time de Montreal está a um passo de alcançar o Ottawa Senators e chegar à liderança da Conferência Leste.

"Acho que muitas pessoas não esperavam por isso," disse Michael Ryder, que marcou os dois primeiros dos cinco gols do Montreal.

Os Canadiens chegaram ao empate quando o ex-Ranger Alex Kovalev bateu um já quase transtornado Henrik Lundqvist com um certeiro chute de primeira, que até fez Kovalev perder o equilíbrio e cair no gelo. O 29.º gol do russo nesta temporada (que faz dele o artilheiro do time) veio com apenas pouco mais de quatro minutos para o fim do terceiro período.

"Quando eu estava caindo, pude ver que não havia mais ninguém sentado," disse Kovalev. "É inacreditável. Os torcedores foram ótimos, como sempre. Isso definitivamente te faz jogar cada vez mais duro em retribuição ao apoio que recebe da torcida. Estou tentando jogar o meu máximo, por eles. Em um jogo com o de hoje, nós apenas tínhamos que continuar jogando, pois você nunca o que irá acontecer."

As coisas pareciam ir muito bem para os Blueshirts na maior parte dos dois primeiros períodos. Jagr tornou-se o décimo maior pontuador na história da NHL graças a quatro assistências. Shanahan encontrou o fundo da rede por duas vezes, alcançando a marca dos 20 gols pela 19.ª temporada consecutiva.

" Não é todo dia que você desperdiça uma vantagem de cinco gols,” disse Shanahan. "Mas pelo menos ainda ganhamos um ponto, e não deixaremos que uma virada como a de hoje aconteça novamente."

Os Rangers fizeram 2-0 logo no primeiro período graças aos gols de Brandon Dubinsky e Sean Avery, em apenas 14 segundos de diferença entre eles. Drury fez o 5-0 já no segundo período — apenas 28 segundos após Shanahan anotar seu segundo gol na noite.

E então as coisas começaram a se desenredar. Ryder fez o 5-1, anotando seu décimo gol na temporada, aos 8:28 do segundo período, e mais tarde, aos 12:52, novamente passou por Lundqvist, diminuindo a diferença para três gols.

"Nós pisamos no freio e acabamos permitindo que eles voltassem ao jogo," disse o técnico dos Rangers, Tom Renney. "Eu dou aos fãs do Montreal uma tonelada de crédito. É isso que você deve fazer, ficar empurrando seu time. Eles fizeram uma grande trabalho."

Sem ressalvas, os Canadiens estavam alimentando o que seria um dos públicos mais barulhentos de sua história recente. No momento em que Kovalev marcou seu primeiro da noite — o que aconteceu aos 6:43 do terceiro período e deixou a diferença em 5-3 — a torcida foi à loucura. Entre a reação do time canadense e uma multidão frenética, os Rangers simplesmente sentiram a pressão.

Ryder quase chegou ao hat trick apenas nove segundos após o primeiro gol de Kovalev, mas o replay mostrou que seu chute encostou na perna de Mark Streit antes de passar por Lundqvist.

Nos pênaltis, o capitão dos Canadiens Saku Koivu foi o único chutador que alcançou o fundo das redes. Ele fez um belíssimo movimento que forçou Lundqvist a se mover para o seu lado esquerdo, mas Koivu acabou fazendo outra finta que abriu espaço para colocar o disco dentro do gol, culminando na maior virada da história do Montreal.

"Que grande esforço, que grande emoção no fim," disse o defensor dos Habs Mike Komisarek.

"Meus ouvidos ainda estão zumbindo por causa do barulho da torcida."

• Capa
• Editorial
• Prorrogação
• Sonhando com a (possível) realidade
• A velha chama da rivalidade?
• A virada nada impossível
• Por mais uma noite
• O Dallas é o melhor
• De Darren a Downey
• Uma virada histórica