Por: Marcelo Constantino

O Detroit Red Wings desce ladeira abaixo com consecutivas derrotas e agora com meio setor defensivo quebrado? O Ottawa Senators não deixa por menos e, se antes era disparado o melhor do Leste, agora tem concorrentes sérios no cangote? Esqueça ambos. O melhor time da NHL atualmente talvez seja o Dallas Stars.

Você há de se recordar: nos guias de temporada, nas previsões e chutes de início de temporada, em qualquer projeção ou estimativa, em nenhum deles o Dallas figurava entre os favoritos. Você certamente viu, além de Detroit e Ottawa, New York Rangers, San Jose Sharks e Anaheim Ducks figurarem entre os candidatos à Copa Stanley. Talvez outros. Mas eu duvido que você tenha visto o Dallas Stars em alguma delas.

O Dallas atualmente lidera a Divisão do Pacífico — justamente a divisão com dois dos proclamados candidatos ao título, Anaheim e San Jose — e é seguramente o melhor time da NHL desde o Jogo das Estrelas (sempre um interessante marco divisor na temporada). O hiato entre o time e o Detroit, então líder absoluto, diminuiu em cerca de dez pontos desde então. E a situação só tende a melhorar, porque os três principais defensores do Detroit estão machucados: não apenas o habitual Niklas Kronwall, mas também a dupla que vinha sendo considerada a melhor da temporada até então, Nicklas Lidstrom e Brian Rafalski.

Agora, há de se ressaltar que, se os Wings penam sem seus defensores (Lidstrom a rigor machucou-se somente na partida de segunda-feira contra os Avs), o Dallas já vem jogando sem Sergei Zubov e Philippe Boucher, seus dois melhores defensores, há algum tempo. E a dupla só deve retornar ao time em março. No lugar deles quem vem segurando a onda são novatos como Mark Fistric, Niklas Grossman e Matt Niskanen. Ou seja, mesmo desfalcado seriamente, o time segue quente.

Nos playoffs passados os Stars foram patéticos ofensivamente. Marty Turco afastou um antigo karma, mas onde o time pecou foi na frente. Isso foi resolvido para esta temporada. Mike Ribeiro e o jovem Niklas Hagman marcam mais gols — Hagman tem impressionantes 8 gols da vitória —, Brenden Morrow tomou as rédeas da liderança ofensiva da equipe e Mike Modano, embora não tão dominante ofensivamente, consolida-se como um experiente líder dentro e fora do gelo.

A bem da verdade, ser o melhor da NHL num determinado momento não significa que o time se torna um candidato ao título. Em tese sim, na prática, não. Isso porque, mesmo com esse sucesso atual, o Dallas ainda não é visto como um real candidato à Copa Stanley.

Caberá ao próprio Dallas mostrar, nos playoffs, que esta não foi apenas uma boa fase na temporada.

As novidades do mercado de trocas
Notas e comentários sobre ocorrências da semana


Ocorrido: Peter Forsberg avisa que não jogará na NHL esta temporada
- Ainda que jogasse, seria investimento de alto risco, dado o histórico recente. Porém, certamente haveria um bom mercado por ele. Com isso, Mats Sundin torna-se praticamente o único grande — diga-se de passagem, realmente grande no momento — cobiçado. Seja qual for o time que obtiver Sundin, isso gerará uma forte reação em cadeia entre seus concorrentes.

Ocorrido: Rob Blake diz que quer ficar em Los Angeles
- Ao contrário do que boa parte de nós imaginava, Blake parece querer ficar em LA e jogar golfe (ou tirar férias mais cedo) a partir de abril. Menos um defensor de renome e experiência no mercado. Resultado disso: os outros defensores disponíveis ficam ainda mais caros.

Ocorrido: Tomas Kaberle diz que quer ficar em Toronto
- Kaberle é daqueles jogadores que, com novos ares, possivelmente faria uma temporada bem diferente da que vem fazendo, ou seja, é um jogador que seria cobiçado por times de peso na liga. Porém, caso haja novos ares em Toronto a partir da próxima temporada, ele poderá ser o líder dessa nova era. Sem Blake e Kaberle as atenções voltam-se para Dan Boyle, mas o Tampa Bay já está em negociações com o jogador para renovar contrato.

Ocorrido: Sergei Fedorov diz "ok" sobre voltar a Detroit
- Os Wings certamente tentarão algum defensor, sobretudo porque é mais fácil ver Kronwall machucado nos playoffs do que jogando. Mas seria interessante ver o retorno de Fedorov ao lugar onde tanto venceu. Talvez isso motive o russo. A rigor, acredito que ser negociado para qualquer time real concorrente ao título deverá motivar Fedorov.

Ocorrido: Atlanta diz que ainda vai tentar renovar com Marian Hossa
- O problema é que o Atlanta quer e Hossa não quer, e isso deve durar efetivamente até o limite. Chegando lá o gerente Don Waddell avaliará o que é melhor para a franquia: manter o time forte na briga pelos playoffs e arriscar perder Hossa por nada depois ou obter o que for possível pelo craque.

Por fim, lenta, calma e discretamente o nome de Jaromir Jagr começa a freqüentar as listas de disponíveis para o dia-limite. Contribuem muito a situação decepcionante dos Rangers e a produção relativamente baixa do Tcheco Maravilha. Está aí uma outra coisa que eu adoraria ver: Jagr motivado jogando em outro time, que precise estritamente de um atacante matador.


Discordo de meus colegas Humberto Fernandes e Eduardo Costa quanto ao tão falado tranco de Ian Laperriere sobre Nicklas Lidstrom. Ok, o cotovelo talvez estivesse um pouco alto demais e isso talvez demandasse uma penalidade. Mas não foi isso que contundiu Lidstrom, e isso não caracteriza uma jogada suja. Também não enxergo que dar trancos em grandes craques seja algo desrespeitoso — pelo contrário, entendo que essa é uma das premissas dos jogadores que distribuem trancos: alvejar os craques adversários.

Enfim, entendo que é coisa do hóquei. No mais, torço para que os deuses do hóquei coloquem o Colorado Avalanche nos playoffs e Darren McCarty no elenco do Detroit Red Wings, e ainda que os times se enfrentem nos playoffs. Por fim, torço ainda que alguém coloque fogo nas cinzas da antiga rivalidade. Se o tranco de Lapeierre servir para isso, então que ele seja agraciado!
Marcelo Constantino recomenda Denzel Washington, sempre. No momento, "O gângster".
Tony Gutierrez/AP
Retrato do momento atual na NHL: Dallas comemorando, Detroit sofrendo.
Dave Sandford/Getty Images
Atualmente ninguém é mais cobiçado no mercado do que Mats Sundin, o camisa 13 acima. Talvez ele seja o melhor jogador supostamente disponível dos últimos tempos no dia-limite.
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Página publicada em 21 de fevereiro de 2008.