Mesmo com duas vitórias do Detroit por 3-1 nos dois primeiros jogos da série, já dá para ver nesta final um equilíbrio maior de que nas da temporada passada, quando as duas equipes se enfrentaram. E não é apenas por causa dos placares (os dois primeiros jogos da final passada foram 4-0 e 3-0) que digo isso. Em 2008 o Pittsburgh chegou a ser massacrado no jogo 1 e no jogo 2 foi uma equipe bastante inferior. Na conjuntura atual a situação se equiparou e o Pittsburgh não apenas bate de frente com o Detroit como o supera em muitos momentos. Também vejo no Pittsburgh uma equipe melhor distribuída, com potencial dividido em várias linhas. No jogo 2 as estrelas dos Penguins foram os óbvios Sidney Crosby e Evgeni Malkin. Mas no jogo 1 eu diria que foram Bill Guerin e Jordan Staal os melhores dos Pens no rinque. E em ambos, Pittsburgh contou com os esforços de um guerreiro incansável: Chris Kunitz.

De qualquer forma, não dá para negar que o jogo dos Penguins começa e termina em Crosby e Malkin e é deles que espera poder de decisão. Os dois são favoritíssimos ao Troféu Conn Smythe, e têm um forte concorrente do outro lado: Johan Franzen. Ou você consegue mais alguém merecedor deste prêmio em Detroit?

A Mula tem sido menos físico nesta pós-temporada e tem se mostrado um grande goleador. Foi ele o responsável pela destruição do Anaheim Ducks na série de semi-final de conferência. Enquanto o trabalho mais físico vem sendo realizado por Daniel Cleary, Brad Stuart e, principalmente, Darren Helm, Franzen vem sendo importante para decidir jogos. Apesar de ter marcado "apenas" dois gols vencedores, um contra o Columbus e outro contra o Chicago, Franzen fez a diferença ao empatar o jogo 1 contra os Ducks, que abriram o placar com Corey Perry; a situação se repetiu no jogo 4 quando o mesmo Perry abriu o marcador, mas Franzen apareceu para a virar a partida. Quando os Patos tornaram a empatar, o monstro sueco assistiu Hossa para pôr os Wings novamente na frente. Uma derrota neste jogo daria ao Anaheim uma vantagem de 3-1 na série e dificilmente os Wings estariam aqui. Franzen também abriu o marcador no jogo 5. E agora marcou o gol vencedor do jogo 1 da final.

O problema para ele, Franzen, é que ele vem sendo menos decisivo para seu time que Malkin ou Crosby do outro lado. Tanto que eles detêm nada menos que, respectivamente, 30 e 28 pontos na pós-temporada atual. Malkin lidera assistências com 17 enquanto Crosby lidera gols com 14. Em três ocasiões Malkin marcou o gol vencedor, enquanto Crosby teve uma oportunidade para tal. E em ocasiões onde não marcaram os tentos decisivos, o assistiram respectivamente três e quatro vezes. Não digo que os demais não tenham tal propriedade. Como já falei, vejo mais conjunto nos Penguins. A responsabilidade de decidir os jogos vem sendo dividida. Tyler Kennedy e Bill Guerin, entre tantos outros, têm sido importantes nessa função. Miroslav Satan e Ruslan Fedotenko têm assistido de forma crucial também. Mas os 30 pontos de Malkin não negam que ele e Crosby estão bem à frente dos demais.

Hoje eu diria que o Conn Smythe seria, sem dúvida, entregue a Malkin. E o que Franzen precisa fazer para evitar perdê-lo? Vencer a Copa Stanley? Nem tanto. A esta altura, com 20 pontos, eu diria que o máximo que a Mula pode fazer é tentar correr atrás do prejuízo e torcer para Malkin não pontuar. O que mesmo assim não garante nada. Por quê? Primeiro, Franzen teria que fazer dois pontos por jogos, isso se a série durar mais cinco jogos. Depois, Malkin (e Crosby) já jogaram bem o suficiente para dar-lhes certa margem de segurança. Não são apenas os pontos que contam neste quesito — ou goleiros não ganhariam Conn Smythes, certo? O potencial decisivo e a diferença que o jogador faz para seu time acaba pesando muito mais.

Então a briga se concentraria mais em Sid e Geno? Certamente. Quem for mais importante nesta série final leva o troféu. Vejo Malkin com uma pequena vantagem. São dois pesos diferentes. O russo lidera um time vencedor no gelo. Já o canadense lidera os homens, é o líder moral da história. Para a escolha do Troféu Conn Smythe creio que as propriedades de Malkin neste momento sejam mais significativas. Coisa que Sid pode reverter. Terá no mínimo mais dois jogos para isso.

Opa! Mais dois jogos? Sim. Então voltemos a Franzen. O sueco ainda pode levar o caneco. Como? Ajudando o Detroit a varrer os Pens. E sendo extremamente decisivo nesta varrida. Se são mais dois jogos, Franzen fazendo mais três pontos em cada um — o que acho dificílimo — poderia lhe valer o troféu, embora muitos acreditem que, não, a final da Copa não muda tanta coisa assim. Eu discordo deste ponto de vista. Uma varrida apagaria as atuações de Crosby ou Malkin. E não vejo o troféu como decidido neste momento.

Como acredito que os Red Wings levem a Copa Stanley (mesmo com o Pittsburgh já tendo provado que reverte séries perdidas por 2-0), mas não com varrida, acredito que o Troféu Conn Smythe acabe com Malkin — ou Sid. Consigo até imaginar como aconteceria. Os Pens vencem o jogo 3, perdem o 4 mas vencem o 5 e o 6. Nestas três vitórias Geno somará pelo menos seis pontos. Numa delas marcará o gol vencedor. Isso define um troféu que já tem larga vantagem por parte do jovem fenômeno russo.

Estou apenas especulando, mas não tem sido assim?

Caso o fenômeno aconteça e Geno ou Sid levem o MVP, teremos um evento raro que aconteceu pela última vez em 2003: um perdedor de Copa ganhando o Conn Smythe. Na ocasião, Jean-Sébastien Giguère foi o vencedor. Fez bonito levando o Mighty Ducks of Anaheim à final, onde perdeu para o New Jersey Devils.

Antes dele, o goleiro Ron Hextall, em 1987, que perdeu junto com o Philadelphia Flyers a final para o Edmonton Oilers. Quem o precedeu? Reggie Leach, também dos Flyers, em 1975. E aqui, um caso curioso: Leach era jogador de linha, um ponta esquerda. Foi varrido pelo Montreal Canadiens na final, mas ficou com o MVP. Roger Crozier e Glen Hall foram os dois primeiros a conseguir a façanha, antecedendo Leach. Mas tanto Crozier quanto Hall eram goleiros. Em cinco Conn Smythes laureados aos perdedores, em apenas uma ocasião ele foi para um patinador.

Malkin (ou Crosby) estão próximos a fazer história. E só eles podem, uma vez que dificilmente Franzen leva o troféu com derrota dos Wings na final.

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• Editorial
• Faceoff
• Prorrogação
• Só o placar é parecido
• Falha na execução
• Detalhes tão grandes
• Diário do torcedor
• 2 x 3-1 = 2-0
• A final dentro da final