Por: Ron Cook

É tarde demais para prever vitória do Detroit Red Wings em três jogos?

Ora, eu fiz essa mesma pergunta sobre os Penguins depois do jogo 1 de sua série contra o Philadelphia Flyers porque eles pareciam claramente ser o time superior.

Bem, adivinhe só. Os Red Wings têm exatamente a mesma aparência contra os Penguins.

Não é só que o Detroit tenha vencido o jogo 2 das finais da Copa Stanley na Joe Louis Arena por 3-0 ontem à noite. É a maneira com que eles dominaram os Penguins pela segunda vez em três noites, a caminho de uma vantagem de 2-0 na série.

Dois jogos. Dois shutouts.

Neste ponto, não vou ser ganancioso e pedir um gol dos Penguins. Não depois de ver os Red Wings jogar de maneira sufocante na defesa por 120 minutos de hóquei de um time só. Eu me contentaria com uma mera boa chance de marcar. Ou mesmo um bom chute a gol.

"Só temos que ser pacientes a respeito", insistiu o ponta Jarkko Ruutu, dos Penguins. "Não há segredo. Temos de chutar mais e então pressionar o gol adversário."

Mais fácil falar do que fazer contra esse pessoal de Detroit.

É difícil acreditar como tem sido fácil para os Red Wings dominar tão bem os Penguins. Um time fabulosamente ofensivo liderado por jogadores como Sidney Crosby, Evgeni Malkin e Marián Hossa tem sido quase impotente.

OK, totalmente impotente.

Depois de ter quatro vantagens numéricas no primeiro período do jogo 1 e dar 12 chutes a gol, os Penguins não fizeram mais quase nada. Seu total de chutes em cada um dos cinco períodos seguintes: 4, 3, 6, 6 e 10.

Fraco.

Ontem, os Penguins sequer conseguiram um chute em igualdade numérica até mais de cinco minutos no segundo período. Nos dois jogos, os Red Wings têm uma vantagem de 41-23 em chutes com cinco contra cinco. Malkin não chutou a gol onte, depois de ter chutado uma vez no jogo 1. Hossa deu um chute ontem.

Muito fraco.

Como se pode ganhar sem marcar gols?

"Só precisamos de um. Um gol", avalia o defensor Hal Gill. "Às vezes, isso dá novo ânimo ao time."

É fácil culpar as estrelas dos Penguins — e Ryan Malone (quatro penalidades ontem), Petr Sykora e Jordan Staal, a propósito —, mas os Red Wings merecem muito do crédito. Seus defensores têm conduzido o disco para fora de seu gelo elegantemente. Eles sempre parecem ter um homem atrás, impedindo qualquer disparada adversária. Eles fizeram um excelente trabalho ao manter os Penguins fora do meio do gelo, e ali eles são menos perigosos. Eles não ficaram só com o disco a maior parte do tempo. Eles ficaram com o disco no gelo dos Penguins.

Depois do jogo de ontem, o técnico dos Penguins, Michel Therrien, acusou os Red Wings de ser "bons na obstrução" em um de seus desabafos e em outro acusou o goleiro do Detroit, Chris Osgood, de se jogar para cavar uma penalidade. Essas são coisas que um homem desesperado diz ao tentar de qualquer jeito sobreviver. Foi meio triste ver ele chegar a esse nível.

A verdade?

Os Penguins têm sido dominados em todos os aspectos do jogo.

Talvez seja por isso que as câmeras captaram o defensor Brooks Orpik, dos Penguins, com uma cara de "Onde é que nós nos metemos?" depois do segundo gol do Detroit, na metade do primeiro período, um toquinho de Tomas Holmström depois de um chute de Henrik Zetterberg deslizar suavemente por entre as pernas do goleiro Marc-André Fleury.

Àquele ponto, os Red Wings tinham uma vantagem de 8-0 em chutes a gol. A noite continuaria a ser toda do Detroit. Onde estavam os Flyers quando os Penguins precisaram deles?

É claro que os Penguins não levantaram nenhuma bandeira branca depois do jogo. Eles falaram bravamente sobre jogar melhor, sair na frente logo no começo e segurar essa eventual vantagem no jogo 3, amanhã, em casa, onde eles ganharam 16 partidas seguidas. Fleury, que foi mal de novo, deve melhorar no gol; ele venceu 18 jogos seguidos na Mellon Arena. E Therrien vai ter a última palavra nas mudanças de linha, o que deve se traduzir em duelos mais favoráveis.

"Não é como se tivéssemos perdido os dois primeiros jogos em casa e tivéssemos de ganhar em casa", avisa o ponta Max Talbot. "Todos os nossos jogadores estão empolgados em voltar para casa."

Também não é como se os Red Wings fossem imbatíveis. Eles perderam duas vezes na primeira fase contra o Nashville e duas na terceira contra o Dallas.

Mas, depois do que aconteceu nas duas partidas em Detroit, é difícil achar que os Penguins têm muitas chances de deixar essa série mais equilibrada. Therrien já tentou reconfigurar suas linhas para o jogo 2. FUncionou bem, não funcionou? A linha Malkin-Talbot-Sykora não produziu chute algum.

Qual é a próxima tentativa? Tentar convencer Mario Lemieux a deixar a aposentadoria?

E há ainda essa estatística preocupante: na história das finais da Copa Stanley, os times da casa que ganharam as duas primeiras partidas ficaram com a taça em 30 das 31 vezes.

Superar essa estatística e os Red Wings pode ser demais para os Penguins.

Ron Cook é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 27 de maio de 2008.