Por: Eduardo Costa

Bryan Murray já tem pra quem passar a tocha do choro livre.

Em uma demonstração brutal de descontrole emocional e falta de senso crítico, Michel Therrien citou uma suposta estratégia ilegal dos Wings como motivo das duas categóricas derrotas de seus comandados nessas finais. Ele, que antes criticara abertamente o treinador dos Rangers, Tom Renney, por esse afirmar que alguns atletas dos Penguins mergulhavam em busca de vantagens numéricas durante as semifinais da Conferência Leste, resolveu seguir o mesmo caminho que antes abominava, "condenando" Chris Osgood por suposto embelezamento, após o goleiro ser atingido por Petr Sykora no minutos derradeiros do jogo 2.

Segundo Therrien, os Wings cometem seguidas obstruções, algo que deveria render VNs para seu time. E essa reclamação encontrou eco na figura do capitão do time, Sidney Crosby, que participou de vários chats (?) com os árbitros durante o jogo e endossou a opinião de seu treinador na entrevista pós-jogo.

Incrível como todos somos ineptos de berço por não termos percebido isso antes. Os Wings jogam dessa forma desde o início da temporada e ninguém percebeu que eles estão jogando sujo? Imprensa, torcedores, treinadores adversários. Ninguém percebeu? Barry Trotz, Joel Quenneville e Dave Tippett comeram mosca?

Therrien e Crosby, porém, ignoraram a caça a Johan Franzen, que voltava após período afastado, onde experimentou sintomas de uma concussão. A perseguição ao homem-gol desses playoffs incluiu um soco de Gary Roberts na cabeça do sueco.

Na ótica do veterano atacante dos Pens foi apenas um acidente: "Meu ombro talvez o tenha atingido na lateral de sua face, mas não existiu a intenção...". A imagem diz outra coisa, Roberts. Jogador admirado pela sua raça e entrega, mas também de histórico rico em cizânias, ele conseguiu apenas adicionar rispidez e indisciplina à sua equipe. Franzen ainda foi alvejado mais adiante no cortejo. Novamente na face.

Os dois maiores jornais da cidade do aço norte-americana não "compraram" as opiniões de Therrien e Roberts. Até a TheSlot.com.br discordou — mesmo com o mais alto membro na hierarquia da revista sendo um adepto declarado do penguinismo, com direito a foto em uma coluna no site da Folha de São Paulo!

Nada foi dito pelo treinador do Pittsburgh sobre a infeliz atuação de Ryan Malone, promovido a linha 1 e que só fez cometer penalidades desnecessárias, anulando até mesmo vantagens numéricas de sua equipe. Nada foi comentado sobre o fato de seu time só ter dado o primeiro chute, em situação de forças iguais, no 2.º período do jogo. Muito menos observou que seus pupilos só testaram Osgood quando os Wings já venciam por 2-0.

É curioso notar que a maior chance de Pittsburgh na partida, foi fruto de um erro costumeiro do defensor Andreas Lilja, não aproveitado por Jordan Staal.

Basicamente, a única coisa que o comandante do preto e dourado fez foi chorar e tentar colocar pressão encima da arbitragem do jogo 3.

Por falar nele, o prélio dessa próxima quarta-feira deveria ter recebido bem mais destaque na coletiva de imprensa, afinal, os Pens voltarão a atuar em seu território, onde possuem um recorde perfeito nessa pós-temporada. Mas até nisso o fator Therrien pode atrapalhar. Se o time entrar no gelo se sentindo vítima em potencial de uma equipe que supostamente não joga de acordo com as regras, a coisa pode se complicar.

Enquanto isso, do outro lado, latente moderação. Mesmo após o placar de 3-0 no jogo, vantagem de 2-0 na série, de mais uma noite de invencibilidade para Osgood e o belíssimo gol de Valtteri Filppula, Mike Babcock e sua trupe comentaram sobre o quão forte são os Pens em seu domínio e de como a série pode mudar de lado se Detroit não atuar ainda melhor (!).

Até agora essa vem sendo uma das grandes diferenças nesse duelo. Quem está perto da perfeição, busca elevar seu jogo. Quem está deixando seu fiel torcedor na mão, busca desculpas estapafúrdias.

Dominantes
Não tem como não destacar a segunda dupla de linhas azuis de Detroit. Brad Stuart e Niklas Kronwall continuam sendo uma barreira intransponível. A linha Malkin-Talbot-Sykora nada produziu e ainda viu os algozes fazendo a diferença. Stuart anotou o primeiro tento do jogo e Kronwall acertou mais um tranco espetacular nesses playoffs, dessa vez em Jarkoo Ruutu, que pouco fez após a colisão.

O Selke é dele!
Ele pode não estar pontuando nessas finais, mas qualquer um pode enxergar a importância superlativa de Pavel Datsyuk nesses dois primeiros confrontos. Soberbo ocupando os espaços, ultrapassando Crosby quando os Pens recuperam o disco, e sem vacilar nas bordas. Até mesmo encarou Gary Roberts — e teve sorte de a arbitragem ter encerrado a briga antes mesmo dela ter começado.

Lembrou Bobby Orr...
Foi o que muitos disseram após Filppula marcar e decolar. Justiça seja feita a ambos. O gol de Orr naquela longínqua final entre Bruins e Blues foi mais importante porque rendeu a Copa ao Boston, mas o do finlandês foi mais belo. A fotografia imortalizou aquele ato do maior jogador de hóquei dos anos 70, mas se comparar as imagens, as opiniões se inclinarão para o tento mais recente.

Eduardo Costa espera uma partida de alto nível na quarta-feira.
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Página publicada em 27 de maio de 2008.