A
divisão mais disputada da NHL fez os dois últimos campeões do
Oeste (Flames e Oilers). O Minnesota tenta se recuperar da fraca
campanha da temporada passada e finalmente abriu o cofre. O Colorado
precisa retomar o caminho das vitórias e dos títulos. Já Calgary
e Vancouver procuram recuperar o caminho que pareciam ter reencontrado
nas últimas duas temporadas. Em Edmonton, depois de uma incrível
jornada e uma emocionante final, os principais jogadores tomaram
outros rumos.
Calgary Flames
Apesar de ter tido um dos piores ataques da liga, os Flames conquistaram
a Divisão Noroeste em 2005-06 depois de uma disputa alucinante
com Oilers, Avs e Canucks. Tudo bem que nos playoffs não chegaram
nem perto de igualar 2003-04, quando venceram o Oeste e perderam
a Copa Stanley para os Bolts no jogo 7. O maior fiasco dos Flames
foi não ter permitido a esperada Batalha de Alberta nos playoffs.
Jarome Iginla precisa.recuperar a forma e voltar a ser um dos
maiores goleadores da liga se os Flames realmente tiverem em vista
algo maior. Se o ataque derrapou, a defesa dos Flames foi a melhor
da NHL, isso sem falar na sólida temporada de Miikka Kiprusoff,
que calou a boca dos descrentes e críticos, mostrando que realmente
é um goleiro que veio para ficar. E ficar atrás de jogadores da
qualidade de Dion Phaneuf, Robyn Regehr, Roman Hamrlik e Rhett
Warrener. Os 103 pontos da última temporada podem ser difíceis
de repetir caso o barco afunde e jogadores importantes não voltem
à forma, ainda mais jogando na mais difícil divisão da NHL e tendo
que enfrentar milhões de vezes times como Colorado, Vancouver
e Edmonton (nada contra o Minnesota). A troca de técnico ainda
precisa ser melhor avaliada para podermos sentir se terá impacto
no desempenho do time. A boa notícia para Jim Playfair é que ele
deverá ter realmente carta branca da gerência para conduzir o
time. Vale a pena ficar de olho em jogadores como Jamie Lundmark,
Marcus Nilson e Kristian Huselius, que podem aparecer como surpresas
e se tornar destaques do Calgary.
Vancouver Canucks
Marc Crawford não comanda mais os Canucks, Todd Bertuzzi e Ed
Jovanovski se foram, enquanto no gol nem Dan Cloutier nem o promissor
Alex Auld vestirão mais a camisa do time. Afinal de contas, isso
é tão ruim quanto parece à primeira vista? Sem contar com um goleiro
confiável para os playoffs, os Canucks se decepcionaram várias
vezes, mesmo quando eram favoritos. Isso sem falar que, quando
não decepcionava, Cloutier estava contundido. A saída de Bertuzzi
era quase certa devido à sua queda de rendimento e problemas de
relacionamento, mas a de Jovanovski foi uma grande surpresa, assim
como a troca de Auld. Era iminente a troca de comando depois do
fiasco da não classificação para os playoffs, e a era Crawford
foi encerrada, sendo promovido Alain Vigneault ao posto. A tão
sentida falta de um bom goleiro para playoffs acredita-se estar
resolvida com a chegada de Roberto Luongo, que receberá a pressão
e a cobrança em um lugar onde goleiros raramente são ovacionados.
A estrutura principal do time se manteve com Markus Naslund, os
gêmeos Sedin, Brendan Morrison e os defensores Sami Salo e Matthias
Ohlund, mas será que os Sedin conseguirão manter o nível em que
terminaram 2005-06? Será que sentirão falta de Anson Carter? A
principal questão que Vigneault enfrentará será como montar as
linhas ofensivas do time no começo da temporada. Quem jogará ao
lado dos Sedin? Naslund? Ou outro atacante, para recompor a linha
Naslund – Morrison – mais um? Se não bastassem essas dúvidas,
a defesa ainda está para ser formada. Salo e Ohlund certamente
sentirão a falta de Jovo e Allen. Luc Bourdon e Kevin Bieksa poderão
se aproveitar do espaço e garantir uma vaga no time principal,
mas para isso precisarão mostrar que são capazes de dar conta
do recado. Para o sucesso dos Canucks na temporada, eles precisarão
encontrar pelo menos mais uma ou, de preferência, duas linhas
capazes de marcar gols, porque não vai dar para depender exclusivamente
de uma possível linha totalmente sueca com Naslund e os Sedins.
Colorado Avalanche
Durante uma década, desde que se mudou de Québec para Denver,
os Avs sempre figuraram como uma das forças da NHL, sempre um
dos favoritos ao título. Mas os Avs de hoje estão longe de ser
aquela máquina de astros e precisam até mesmo disputar uma vaga
nos playoffs com o restante da conferência e os agora fortes rivais
de divisão. Já não contam mais com a segurança de um Patrick Roy
no gol, nem o talento indiscutível de um Peter Forsberg no ataque,
nem mesmo com a solidez na defesa de um Ray Bourque, Adam Foote
ou Rob Blake. O bom Steve Konowalchuk descobriu que tem problemas
cardíacos e resolveu encerrar a carreira. Até mesmo a velha e
sangrenta rivalidade com os red Wings esfriou nas últimas temporadas.
Resumindo: os Avs de hoje formam um time comum, que não está no
topo da liga, mas também não chega a ser ruim. É claro que vão
precisar se desdobrar de vez em quando, mas deverão novamente
figurar entre os oito melhores do Oeste quando a temporada regular
terminar, embora na temporada passada só tenham conseguido garantir
vaga nos playoffs nas rodadas finais, mesmo tendo um time teoricamente
melhor. Os Avs vão precisar de boas atuações de José Théodore
e que defensores como Jordan Leopold e John-Michael Liles evoluam
e tornem-se o que prometem ser, da mesma maneira que a grata revelação
Marek Svatos o fez em 2005-06. Dos mais antigos, os Avs ainda
contarão com o excelente Joe Sakic, que deve estar prestes a encerrar
sua carreira, além de Milan Hejduk e Andrew Brunette. Com toda
essa renovação, a bola da vez está com os desconhecidos e os novatos
que estão no sistema dos Avs — ou acabaram de vir dele — e que
poderão encontrar seu espaço ao sol e se tornar estrelas da NHL,
afinal de contas, é muito estranho começar uma temporada e não
ver o Colorado Avalanche como um dos candidatos ao título da Copa
Stanley.
Edmonton Oilers
Depois de uma incrível caminhada rumo ao título do Oeste e uma
disputa até o jogo 7 da Copa Stanley, os Oilers sofreram uma impressionante
reformulação para esta temporada. Até parecia que voltar para
Edmonton era um pesadelo e que os jogadores mal podiam ver a hora
de se mudar para novos ares. Nada menos que Chris Pronger, Michael
Peca e Jaroslav Spacek saíram dos Oilers, sem falar no quase vitalício
Oiler Georges Laraque, que também deixou o time. Claro que a chegada
de um jovem e promissor atacante como Joffrey Lupul é sempre bem-vinda,
mas como fazer para substituir um jogador do calibre de Pronger?
Certamente os Oilers estão acostumados com um processo de reformulação
e esperança de formar um bom time, mas ninguém esperava tamanha
debandada de jogadores depois da última campanha dos playoffs.
Por outro lado, os Oilers deverão novamente ter segurança no gol
com a volta de Dwayne Roloson e a ajuda de Jussi Markkanen, além
da permanência dos bons atacantes Ales Hemsky, Fernando Pisani,
Ryan Smyth, Shawn Horcoff, Jarret Stoll e Raffi Torres, o que
deverá dar um bom conforto para o técnico Craig MacTavish no processo
de reconstrução do time. A grande dúvida para esta temporada é
se eles conseguirão formar uma boa defesa ou se ficarão muito
dependentes da produção ofensiva e da solidez dos goleiros para
buscar os resultados necessários na difícil Conferência Oeste
— mais especificamente, na disputada Divisão Noroeste. Será uma
parada duríssima para MacTavish e seus comandados, mas que ninguém
se surpreenda se eles conseguirem novamente obter sucesso nos
playoffs, afinal os Oilers são mestres nisso. Que o digam Dallas
e Colorado.
Minnesota Wild
No começo da temporada passada, muita gente achava que o Minnesota
Wild poderia se tornar uma força no Oeste, mas isso acabou não
acontecendo. Muito pelo contrário: o time praticamente entrou
em colapso e acabou em último na sua divisão e em 11.° na conferência,
desapontando não apenas a torcida das cidades gêmeas, mas também
boa parte da imprensa especializada. Para tentar recuperar o tempo
(e os playoffs) perdido, a gerência finalmente resolveu investir,
depois de um longo tempo esperando que o time pudesse evoluir
a partir de suas bases e times afiliados. Uma das principais provas
disse é a chegada de Pavol Demitra. Além dele, o Wild contará
com bons jogadores, como Mark Parrish, Keith Carney e Kim Johnsson.
São peças importantes, ainda mais se somarmos na equação o fato
de o Wild contar ainda com jogadores como Brian Rolston, Marian
Gaborik e Todd White. Realmente, existem motivos suficientes para
que sua torcida esteja mais animada e esperançosa
de que o fiasco da
última temporada tenha
sido apenas um evento
ao acaso; a exceção e
não a regra. O técnico
Jacques Lemaire finalmente
deverá contar
com um ataque decente
— algo surpreendente
para quem viu o Wild
jogar em suas primeiras
temporadas —, não
ficando dependente demais
de boas atuações
de sua defesa e goleiro
nem tendo que se limitar
a esquemas muito
defensivos por culpa
da relativa deficiência
do seu ataque. Juntese
todos esses ingredientes
com a sempre
agitada torcida de Minnesota,
um dos estados
que mais se interessa
pelo esporte nos Estados
Unidos, e o Wild
pode, sim, figurar como
um dos times que brigarão
pela conquista da
Divisão Noroeste, correndo
atrás de uma das
cabeças-de-chave nos
playoffs. Mas superar
Canucks, Oilers, Flames
e Avs nessa corrida não
será nada fácil. É bem
provável que a simples
vaga para os playoffs já
seja bastante comemorada.
E dali em diante o
Wild pode surpreender.
Alessander Laurentino é colunista
da TheSlot.com.br.