O gerente geral dos Devils, Lou Lamoriello, conseguiu manter seu time abaixo do teto salarial... por pouco! Na última terça-feira, uma decisão da liga foi favorável ao time no que se referia ao salário de Alexander Mogilny em relação ao teto da equipe. Com isso, Lamoriello assinou contrato com seus principais jogadores e ainda tinha US$ 800 inteirinhos para gastar. Pode comçar pagando uma cerveja para o pessoal da liga, Lou!

Lamoriello, é bem verdade, merece algum tipo de crédito por ter mantido seu time dentro da rota econômica esperada pela NHL, mas é difícil defender suas decisões nos últimos dias. Pelo conjunto da obra, ele pode ser considerado um gênio, mas ele se meteu em uma sinuca de bico econômica quando assinou contrato em agosto do ano passado com o ultrapassado Vladimir Malakhov e com o veterano Mogilny, que nos últimos anos andava sempre machucado.

O problema começou quando o defensor Scott Niedermayer, que por muito tempo defendeu o time de New Jersey, resolveu ir para a Costa Oeste como agente livre. Em pânico, Lamoriello contratou Malakhov e Dan McGillis (US$ 2,2 milhões para jogar na AHL) no mesmo dia que Niedermayer se mandou. Isso foi um problema por dois motivos.

Em primeiro lugar, Lamoriello deveria estar mais ligado no que passava pela cabeça de Niedermayer. Vários jogadores e ex-jogadores dos Devils dizem que era bem claro que Niedermayer iria para Anaheim, onde poderia jogar no mesmo time que seu irmão mais novo, Rob. Se eles sabiam, Lamoriello, que sempre se gaba de saber tudo sobre sua organização, teria de saber também. Se ele estivesse mais prevenido, poderia ter pensando em um plano B melhor.

Em segundo lugar, ele nunca deveria ter pago tanto dinheiro (US$ 7,2 milhões por dois anos) a Malakhov, que estava planejando jogar na Rússia ou se aposentar — até receber a surpreendentemente lucrativa oferta dos Devils. Isso não é uma crítica gratuita: acho difícil alguém com um mínimo conhecimento de hóquei diga que o contrato de Malakhov foi uma boa idéia. Na verdade, vários jogadores dos Devils adimitem que ficaram surpresos quando souberam da notícia.

Então, algumas semanas depois, Lamoriello achou que o retorno de Mogilny seria outra boa idéia. Logo Mogilny, que operou o quadril durante o locaute e não jogou em lugar nenhum em 2004-05. Foi, pois, assinado outro contrato lamentável (US$ 7 milhões por dois anos). Baseado nas regras do novo acordo coletivo de trabalho, Lamoriello estava vestindo uma camisa de força financeira.

E ainda houve uma outra trapalhada salarial, que recebeu muito menos destaque do que deveria, desta vez com o central Scott Gomez, um dos destaques do time. Antes da temporada de 2005-06, o pai e agente de Gomez, Carlos, conversou com Lamoriello sobre uma extensão de um ano que tornaria seu filho um agente livre irrestrito ao final da temporada que se inicia agora. Àquela época, o salário de Gomez estava programado para ser de US$ 2,204 milhões em 2005-06. Eles propuseram um ano a mais por algo em torno de US$ 2,5 milhões. Se Lamoriello tivesse aceitado, o salário de Gomez para efeito de teto salarial terria sido aproximadamente US$ 2,4 milhões. Mas Lamoriello não aceitou.

E Gomez acabou tendo uma temporada muito boa. E foi para a arbitragem. E lá ele conseguiu um contrato de US$ 5 milhões para 2006-07. Em outras palavras, a decisão questionável de Lamoriello custou ao seu time cerca de US$ 2,5 milhões, não só em dólares como também em espaço abaixo do teto salarial.

No fim das contas, Lamoriello conseguiu sair do labirinto salarial em que se meteu, mas não sem pagar por isso. Ele trocou uma escolha de primeira rodada para se livrar de um erro. Quem achar que esse preço não é alto não faz idéia de como se constrói e se mantém um time numa liga com teto salarial. Lamoriello fez o que pôde.

Foi um trabalho de gênio? Não. Foi simplesmente um cara esperto limpando sua própria sujeira.

Brendan Shanahan alcançou a marca de 600 gols em sua carreira com dois tentos em sua estréia pelos Rangers na última quinta-feira. Apenas dois outros jogadores alcançaram um marco acima de cem gols em seu primeiro jogo com um novo time. Foram Mark Hunter, pelos Flames, e Stéphane Richer, pelos Devils, ambos em 1991 e ambos com seu respectivo 200.º gol.

Em sua estréia, na vitória por 4-0 sobre os Flyers na quinta-feira, os Penguins tinham três jogadores com menos de 20 anos no gelo: Sidney Crosby, Jordan Staal e Kristopher Letang. O Pittsburgh foi o primeiro time em 11 anos a escalar três "teens" no jogo de abertura de uma temporada. O último tinha sido o Winnipeg Jets em 1995 (Shane Doan, Jason Doig e Craig Mills).

Sinal de algo diferente em Detroit? Os Canucks abriram 3-0 contra os Wings do goleiro Dominik Hasek e acabaram vencendo, fora de casa, por 3-1. Foi apenas a segunda vez nos últimos 60 anos que o Detroit ficou três gols atrás em casa no primeiro jogo da temporada. A outra foi em 1971, numa derrota por 4-2 para o Minnesota North Stars.


Alexandre Giesbrecht lançou um blog sobre o beisebol da MLB, que pode ser encontrado em http://beisebol.blogspot.com.
PREJUÍZO Scott Gomez (à esquerda) vai custar neste ano US$ 2,5 milhões a mais do que teria custado se Lou Lamoriello não tivesse sofrido paralisia cerebral momentânea (Karl DeBlaker/ AP - 06/10/2006)
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Página publicada em 6 de outubro de 2006.