Por: Fabio Monteiro

Nossos nem-sempre-tão-queridos gerentes gerais estiveram reunidos na semana passada para jogar golfe na Flórida discutir possíveis mudanças na liga. De longe, o tema mais debatido e importante para os fãs é a intenção de expandir a revisão em vídeo de lances duvidosos. Penalidades de quatro minutos, interferência nos goleiros e até o famoso "spin-o-rama" passariam a ser revisados pela liga. Mas vale a pergunta: se em casos comprovadamente violentos — vistos inúmeras vezes por diversos ângulos — a liga não tomou providências relativas a suspensão de jogadores, é realmente adequado priorizar esse tipo de discussão?

Os grandes críticos da revisão alegam que avançar no volume de paralizações do jogo transformará o hóquei em um esporte semelhante ao futebol americano, no qual há uma enxurrada de pausas durante a partida. Há certo exagero nisso, evidentemente. O tempo médio de uma partida (considerando o momento que o disco cai no gelo pela primeira vez até a corneta ao final do jogo) não vai aumentar muito por causa de duas ou três revisões. E essas revisões podem mudar o resultado de uma partida, o que já justificaria o prolongamento.

Hoje, a revisão só acontece quando há dúvida se o disco cruzou a linha do gol ou não. Os gerentes gerais estão sugerindo que, em outras situações de jogo, o técnico de uma equipe possa pedir revisão dos lances, como em possíveis penalidades, por exemplo. De fato, uma penalidade de quatro minutos pode acabar sendo tão ou mais decisiva quanto à definição da validade de um gol. E isso foi consenso entre os gerentes gerais.

Há uma legitimidade em pedir revisão nessas infrações, assim como também há em tentar colocar os lances de interferência em goleiros nessa discussão (item que foi apenas levantado no debate, sem muito aprofundamento). Mas a proposta precisa ser destrinchada de maneira mais prática, de forma a beneficiar o jogo, e não a atrapalhá-lo.

Por exemplo, alguém deu a ideia de rever também os movimentos em lances de disputa de penalidades. Nas entrelinhas, isso pode indicar alguma vontade em abolir movimentos como o "spin-o-rama".

O diretor de operações da NHL, Colin Campbell, que também estava reunido com os representantes dos times, disse na saída do último dia de reuniões que, quando a disputa por pênaltis começou a ser utilizada para definir vencedores após o empate no tempo normal, ainda havia dúvidas sobre o funcionamento da regra, mas que agora só faltam pequenos detalhes a ser afinados. Para Campbell, se o disco não continuar se movimentando para frente desde o momento no qual o atacante o toca, a jogada está acabada. O spin-o-rama, dependendo da forma que fosse executado, seria ilegal. Mas alguém imagina um árbitro mandando anular um gol porque o disco, por um pentelhésimo (expressão genialmente criada por Flávio Gomes), parou de ir para frente?

No fundo, essa ideia é bem besta. Se ao longo dos últimos anos fizeram tantas regras para proteger e beneficiar os goleiros da liga, qual o motivo para não legalizarem um movimento favorável às habilidades dos atacantes?

Outra pérola de Campbell foi quanto à definição da aplicação da regra de mais revisões. Ele disse que seria complicado rever lances em cada um dos jogos da temporada regular, mas que a expansão poderia acontecer em jogos dos playoffs, com o apoio dos juízes de linha. Imagine como os times intermediários, que lutam para conseguir as últimas vagas para os playoffs, receberam a notícia. A pergunta é: dá para mensurar o absurdo da proposta?

Toda essa discussão deve ser aprofundada em junho, quando a trupe volta a se reunir com novas reflexões. Até lá, eles devem queimar seus miolos para superar o grande desafio de toda essa novela: a falta de padronização do posicionamento de câmeras nas arenas norte-americanas. É segurando esse argumento que a liga vai tentar empurrar com a barriga o problema.

É evidente que todas essas discussões são válidas, mas existem problemas absurdamente maiores que a expansão da revisão. A preocupação acerca dos critérios para punição e suspensão de atletas, por exemplo, deveria estar à frente na fila de prioridades do comando da liga. O caso envolvendo Zdeno Chara, na semana passada, é o exemplo mais recente.

Fábio Ivo Monteiro bateu seu recorde pessoal ao trabalhar 18 dias sem folga.

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Página publicada em 20 de março de 2011.