Por: Marcelo Constantino

Se o New Jersey Devils se classificar para os playoffs, será provavelmente a maior arrancada já vista numa temporada da NHL. Eu realmente não sei se já houve algo semelhante, apenas acredito que nunca existiu. Seguramente eu nunca vi algo assim, nesses 15 anos que acompanho a liga.

Aliás, vale lembrar que nos playoffs passados todos nós pudemos apreciar a espetacular virada do Philadelphia Flyers para cima do Boston Bruins. Vale lembrar: os Bruins abriram 3-0 na série. O jogo 4 foi para a prorrogação graças a um gol do Boston quando faltava meio minuto para o fim. Simon Gagne, que voltara ao time naquele jogo, marcou o gol da vitória na prorrogação. O mesmo iluminado Gagne marcaria o gol da vitória dos Flyers no jogo 7 -- depois de o time chegar a estar perdendo por 1-3. Foi a virada de série mais sensacional que já presenciei nos playoffs -- pudera, um time virar uma série em que perdia por 0-3 não ocorria desde 1975.

Voltando o tópico, se o New Jersey Devils se classificar para os playoffs, terá um feito de magnitude semelhante ao descrito no parágrafo acima. Poderemos dizer que assistimos a duas das maiores arrancadas da história da NHL em sequência (a dos Flyers nos playoffs passados e a dos Devils nesta temporada).

Se o New Jersey Devils se classificar para os playoffs, Jacques Lemaire é o dono do Troféu Jack Adams. Qualquer outra hipótese para o troféu neste caso deve ser descartada. Aliás, independentemente do sucesso dos Devils (salvo se daqui para frente voltarem a jogar o terrível hóquei dos primeiros meses desta temporada), Lemaire já merece ter seu nome entre os candidatos ao troféu. Você pode argumentar que, caso ele não consiga classificar o time, não faz sentido indicar técnico de um time que não chegou aos playoffs. Ok, mas veja a campanha dele, não dos Devils. Outros técnicos têm até campanhas melhores, mas eles não pegaram um time do jeito que Lemaire pegou os Devils nesta temporada. O nome dele tem de estar lá. E, se ele conseguir os playoffs, o troféu é dele e ninguém tasca.

Vale lembrar: Lemaire assumiu o time com 33 jogos disputados na temporada e somente nove vitórias. Isso mesmo, nove em 33, um recorde de 9-22-2, um aproveitamento semi-cadavérico na faixa dos 30%. Após a derrota na quinta-feira para o Ottawa Senators (durante o período mais recente da arrancada do time, os Devils adquiriram essa estranha mania de perder para os Sens, justamente o pior time da Conferência Leste), a campanha chegou a 33-33-4 – exatos 50%. A campanha de Lemaire chegou a 24-11-2 (67,5% de aproveitamento).

Se o New Jersey Devils se classificar para os playoffs, Ilya Kovalchuk é um nome a ser cogitado para o Troféu Hart. Sim, isso mesmo que você leu, Kovalchuk, Hart, cogitar. Neste caso, Kovalchuk tem um peso muito grande a carregar (tal qual todo o time), que é a vergonhosa campanha nos primeiros meses de temporada. Entretanto, após a chegada de Lemaire, Kovie passou a justificar amplamente o seu altíssimo salário. Uma sucessão de gols importantes, vários deles da vitória. Mais que isso, ele tornou-se um jogador com +/- positivo, algo relativamente incomum em sua carreira. Apenas para florear: até a chegada de Lemaire, Kovalchuk tinha 8 gols (3 da vitória) em 18 pontos e acumulava um horrendo -22. Depois da chegada dele foram 18 gols (6 da vitória) e 33 pontos, e um relativamente surpreendente +3.

Será que vai?
As estimativas mais racionais sobre a colocação final do time deverão dizer que eles chegam perto, mas não se classificam para os playoffs. Alguns atribuirão a eventual pequena diferença (entre a pontuação final do time e a do oitavo colocado) a essas estranhas derrotas sofridas recentemente frente aos Senators, mas a verdade é que o descomunal poço cavado pelo time até dezembro passado cobra sua fatura.

Na sexta-feira, antes dos jogos, a distância para o oitavo colocado era de seis pontos. Eram seis pontos a retirar em 12 jogos. Muita coisa, sem dúvida alguma. É coisa que obriga o time a vencer tudo, ou quase tudo o que tem pela frente. Mas vencer tudo, ou quase tudo o que tem pela frente, é exatamente como o New Jersey tem feito há meses.

Marcelo Constantino segue sem se iludir com Obama.

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Página publicada em 20 de março de 2011.