Dizem que, no mundo dos atletas mais bem pagos, é bem mais fácil mandar o técnico embora do que fazer essa tarefa com os jogadores. Isso até pode ser verdade, mas na prática essa temporada da NHL tem demonstrado justamente o oposto dessa afirmação: continuam com seus homems atrás dos bancos e deixam a tarefa de fazer a equipe produzir com os atletas.
Houve apenas duas trocas de técnicos desde o início dessa temporada 2010-11 da NHL: Jack Capuano substituiu Scott Gordon nos Islanders no meio de Novembro, e Jacques Lemaire foi chamado em Nova Jersey para o lugar de John MacLean. Embora seja dificil argumentar se as trocas foram ou não bem sucedidas — particularmente em Nova Jersey, onde Lamaire transformou um time em ruínas em uma das equipes mais quentes da liga — nem Islanders nem Devils se encontram em uma posição de playoffs ou perto disso.
Apenas duas trocas. É um número menor que os três da temporada passada e os cinco durante a campanha da temporada 2008-09.
Em dezembro de 2009, John Stevens foi demitido da Filadélfia e deu lugar a Peter Laviolette, no segundo dia de 2010 Andy Murray entregou o cargo nos Blues e em fevereiro daquele ano Ken Hitchcock foi demitido dos Blue Jackets.
Uma temporada antes, Joel Quenneville assumiu o lugar de Denis Savard em Outubro; Paul Maurice substituiu Laviolette em Dezembro de 2008; Cory Clouston foi demitido dos Senators no início de fevereiro de 2009; Dan Bylsma pegou os Penguins em má-fase de Michel Therien no meio de fevereiro; e John Tortorella conseguiu um emprego nos Rangers após Tom Renney deixar a equipe na metade daquele mesmo mês.
De todas essas trocas apenas Dan Bylsma conseguiu a proeza de levar o time ao título da Copa Stanley na temporada em que foi contratado. Claro, Laviolette ficou a apenas duas vitórias de repetir o feito de Bylsma temporada passada, quando perdeu para os Blackhawks de Quenneville, em sua primeira temporada completa a frente do time de Chicago.
Entretanto, na maior parte das vezes, qualquer GM que mande seu ténico embora está apenas contratando um novo diretor para um filme fracassado. E parece que os gerentes-gerais estão aprendendo a lição de dar mais responsabilidades a seus jogadores do que propriamente ao homem que os dirigem.
Muitas vezes nessa temporada, a paciência demonstrada vem rendendo bons frutos.
Em Toronto, muita gente queria Ron Wilson fora da equipe, mas o GM Brian Burke se recusou da ideia e o time vem bem no fim da temporada em uma posição que os fazem sonhar até em playoffs.
Em Minnesota, Todd Richards estava na corda bamba com o péssimo início da equipe dos Wild em uma campanha de 13-13-4. Ao invés de mandá-lo embora, o GM Chuck Fletcher preferiu mantê-lo no cargo, e desde entao time de Minesota já registra uma marca de 23-12-3 e já aparece como um possível nome para a pós-temporada.
O mesmo vale para Todd McLellan e os Sharks, um time foi uma decepção no primeiro semestre e acumulou seis derrotas seguidas no início de janeiro. Teria sido bem mais cômodo para Doug Wilson mandar McLellan embora, mas sua paciência foi premiada com 18 vitórias nos 22 jogos seguintes.
Não foi diferente com com Lindy Ruff em Buffalo, Brent Sutter em Calgary e Randy Carlyle em Anaheim, todos vinham em péssima fase, mas mantiveram seus treinadores e hoje já são sérios candidatos a uma vaga nos playoffs. Até times como Senators e Avalanche refutaram demitir Clouston e Joe Sacco, mesmo com a péssima temporada em que se encontram as equipes.
Por que a troca? Como um ex-técnico já disse recentemente “ Com o limite de salários os jogadores acabaram firmando contratos de longa duração, com cláusulas que não os permitem serem trocados ou movidos, que à primeira vista, faria você pensar que o primeiro a ser mandado embora seria o treinador. Mas as vezes isso foi até benéfico para os técnicos. Se você puder passar a mensagem ao jogador que, ‘ei, você não vai a lugar algum e muito menos eu’, irá forçá-los a trabalharem juntos para buscar uma solução.”
Agora a pressão de vitórias e o maior poder na mão de alguns técnicos podem resultar em várias surpresas no período de férias.
Adam Proteau escreve para a The Hockey News. O artigo original foi publicado em 10 de março e traduzido por Fernnando Dittmar.