Na última terça-feira, dia 8 de março, o Montreal Canadiens vencia o Boston Bruins por 4-0 quando o fim do segundo período se aproximava. Havia um face-off na zona defensiva dos Habs, o disco foi para o meio do gelo, na altura da borda onde os jogadores ficam sentados. borda onde os jogadores ficam sentados. Zdeno Chara, pelos Bruins, e Max Pacioretty, pelos Canadiens, correram para disputá-lo. Segundos depois Pacioretty caía estatelado no chão, após chocar-se com a quina da borda central -- aquela que divide os bancos de jogadores dos dois times.
O resultado foi muito, mas muito feio. Clique aqui para ver com calma todo o lance.
A questão básica e principal que se desdobrou é: Chara é inocente ou culpado? Claro que nem tudo é assim, preto ou branco, mas esse debate foi ainda mais agravado quando se soube que Pacioretty teve uma fratura no pescoço e quando se soube da decisão da liga de não punir Chara pelo lance, considerando que o defensor não teve intenção de machucar o colega.
TheSlot.com.br abre aqui o debate entre seus integrantes, cada um dando sua opinião resumida sobre o que pensa dessa história. Opine você também, mande seu comentário.
Em julgamento, Zdeno Chara.
Marcelo Constantino
"Eu não acredito que a intenção de Chara era espatifar a cara de Pacioretty naquela quina. Em linguagem pretensamente jurídica, entendo que não houve dolo. Mas Chara tem culpa pelo que ocorreu, no mínimo pela falta de prudência na jogada. Justamente por saber que aquela região dos bancos é daquele jeito, os jogadores geralmente têm mais cuidado em trancos naquela área, sobretudo quando a jogada é em velocidade (e, se não têm, deveriam ter). Discordo quanto a crucificar Chara como um assassino terrível, mas discordo ainda mais quanto a não puni-lo. Na minha opinião, a NHL sinalizou a outros jogadores que eles podem agir de forma imprudente que a liga não os punirá (o que sabemos que não é verdade, visto que não há padrão nas punições da liga — elas dependem geralmente do peso dos jogadores e times envolvidos)."
Alessander Laurentino
"Na minha opinião a maior culpa nisso tudo é da NHL e da sua direção incompetente e sem critérios. Se eles fossem mais rigorosos no quesito disciplinar, não estaríamos vivendo os problemas e os absurdos que presenciamos essa semana. Não punir Chara é de uma irresponsabilidade e de um amadorismo sem tamanho. Não importa mesmo se foi intencional ou não, o que importa é que gerou sérias consequências e alguém poderia ter morrido no gelo ao vivo!
"Ao optar pela saída mais absurda e abusiva de simplesmente não fazer nada sem nem mesmo escutar o jogador machucado, a NHL se torna extremamente vulnerável e passa a mensagem de não ter forças suficientes para combater problemas semelhantes, além de liberar seus jogadores para praticarem todo tipo de atrocidades. Tanto é que na partida de sexta-feira entre o Los Angeles Kings e o Columbus Blue Jackets, Drew Doughty sofreu um tranco de Umberger visivelmente intencional e semelhante ao recebido por Pacioretty, com a diferença que a velocidade era muito baixa. Resultado: nariz quebrado.
Não quero ser pessimista, mas começo a temer muito que algo de mais grave ainda aconteça em breve."
Alexandre Giesbrecht
"Ainda que Chara não tenha tido a intenção, ele foi imprudente. É inadmissível que um jogador dê um tranco sem ter ideia de onde está no gelo. Em um esporte tão veloz, há que se tomar muito cuidado. Na dúvida, não dê. É claro que há muitos lances em que esse preceito simples é ignorado. Muitos deles não resultam em nada. Mas, quando algum resulta, dá no que vimos na última semana.
"Mas o pior de tudo é ter visto a NHL fechar os olhos, especialmente diante do que parece ser um número cada vez mais crescente de contusões graves, causadas por jogadas irresponsáveis. Será que precisaremos ver um jogador morrer para a liga tomar alguma atitude?"
Humberto Fernandes
"Em linhas gerais, Zdeno Chara sabia onde estava no gelo, sabia o que estava fazendo e queria fazer o que fez. Claro, ele não imaginava que seu tranco deixaria o adversário desacordado, com concussão e uma vértebra quebrada. Ele não queria encerrar a carreira de um jovem jogador. Chara queria causar dor, mas não nessas proporções.
"Por mais que seja uma jogada simples, um tranco perto do banco de reservas, com consequências devastadoras apenas porque havia um poste no meio do caminho, a NHL deveria ter punido Chara com multa e suspensão. O jogador tem que ser responsável pelo que faz, ainda que não o faça com intenção."
Fabio Monteiro
"Não entendo bulhufas de leis e termos jurídicos, mas no Brasil temos os tais homicídio doloso e homicídio culposo. Um é com intenção de matar, outro não. Chara provavelmente não tinha intenção de fazer o estrago que fez em Pacioretty, mas ainda assim é culpado pelo incidente. Acho que é muita ingenuidade nossa acreditar que o jogador profissional de hóquei não sabe onde estão a cada patinada no gelo -- assim como também é ingênuo pensar que eles não sabem que trancos nas áreas laterias do centro do gelo são imensamente perigosos. A liga, por sua vez, deveria fazer sua parte e punir a imprudência, não passar a mão na cabeça e dizer nas entrelinhas 'Desculpem-nos pessoal. O lance foi forte, mas hóquei é isso aí, bola pra frente, amanhã tem outro jogão, assinem o gamecenter'".
Equipe TheSlot.com.br.