A temporada de expansão do Florida Panthers, em 1993-94, foi melhor do que muitos esperavam. Ao contrário das equipes que estrearam naquele início de década, os Panthers não só flertaram com os playoffs como chegaram muito perto, ficando a um mísero ponto do New Yors Islanders, que abocanhou a oitava vaga no Leste. No ano seguinte, a temporada encurtada pelo primeiro locaute, novamente o time floridiano ficou a um ponto da oitava colocação. Embora não enchesse os olhos de ninguém com atuações pouco memoráveis, era difícil duvidar que o clube teria um futuro brilhante.
Tal expectativa foi confirmada em 1995-96, quando os Panthers, em sua terceira temporada, chegaram aos playoffs por meio da quarta posição da conferência e derrubaram os dois primeiros colocados rumo às finais da Copa Stanley, onde seriam varridos pelo Colorado Avalanche. Aquela campanha mágica foi embalada pela música "Macarena", esquecível hit daquele ano, e por uma saraivada de ratos de borracha. Nos quatro anos seguintes, duas idas aos playoffs, ambas com eliminação logo na primeira fase. Nos outros anos, uma campanha esquecível e uma nona colocação, embora dessa vez a doze pontos do oitavo colocado.
Futuro brilhante? Ninguém mais falava disso, ao menos no que se referia aos Panthers. Mas também nada indicava que o porvir reservasse anos tão tenebrosos quanto a última década. Sem ir aos mata-matas em um único ano, a última vitória do clube em playoffs foi no jogo 1 da série contra os Rangers naquela primavera setentrional de 1997. Os fracassos acumulados ao longo de tanto tempo poderiam indicar uma grande probabilidade de mudança, talvez para as pasturas mais verdejantes (em termos de hóquei) da província de Manitoba, mas um contrato prende-o ao BankAtlantic Center por mais vinte anos.
Para piorar a situação, o rival estadual Tampa Bay Lightning finalmente parece ter encontrado os rumos administrativos, não só com um dono capaz, Jeff Vinik, como com o gerente geral Steve Yzerman e o técnico Guy Boucher. Até outro dia, o Lightning liderava de maneira surpreendente a Divisão Sudeste. Já no lado sul da Flórida, os Panthers vão quebrar um recorde da NHL, com a décima temporada consecutiva longe da pós-temporada. Desde sua última participação, o clube está em seu sétimo técnico, oitavo gerente geral e terceiro dono. A média de público em casa, de 15.275 torcedores, é a 23.ª da liga, e a audiência nas transmissões locais de seus jogos caiu 27% em relação ao ano passado. O time de bola ao cesto de Miami tem atraído quase trinta vezes mais espectadores por jogo transmitido.
Com tantas más notícias, não é surpresa que as campanhas publicitárias para vendas de carnês de ingressos concentrem-se em outros assuntos. Numa delas lê-se: "Na próxima temporada, o cestobol e o futebol americano podem tirar umas pequenas férias [em referência ao possível locaute de ambas as ligas], mas o seu Florida Panthers não vai a lugar algum. Hóquei é garantido!" Do jeito que as coisas têm ido no BankAtlantic Center, isso soa mais como uma ameaça.
O novo dono, Cliff Viner, e o gerente geral Dale Tallon, que assumiu o cargo antes da temporada, desenvolveram um plano de reconstrução baseado no recrutamento de prospectos e trocas inteligentes. Nenhuma novidade aí, mas é algo que aparentemente nunca foi feito em Miami. Tallon fez uma limpa em seu elenco no dia-limite de trocas, para ter orçamento para gastar com agentes livres durante as próximas férias. Tudo indica que, apesar disso, seu foco deverá ser mesmo o recrutamento, para não correr o risco de gastar demais com os agentes livres e ficar refém deles, fórmula que tem tido muito mais fracasso que sucesso na NHL. Só que algumas das soluções que ele tem de buscar não podem esperar o recrutamento dar frutos.
Ainda assim, ele usa uma palavra que tem sido repetida à exaustão em Miami ao longo da última década: paciência. "Você não pode apressar, para não cometer erros", explica Tallon. Ainda mais em um time que os cometeu aos montes recentemente.