Por: Thiago Leal

Resurgens. Esse é, em latim, o lema oficial da cidade de Atlanta. Tudo a ver com a atual fase do Atlanta Thrashers, que vem fazendo uma boa temporada e tem tudo para classificar-se aos playoffs pela segunda vez em sua história. Uma volta por cima surpreendente para um time que perdeu seu principal jogador e viu atletas que chegaram para dar alguma consistência ofensiva, como Colby Armstrong e Maxim Afinogenov, sairem sem levar o clube a lugar algum.

O principal responsável por essa grande fase dos Thrashers é o defensor Dustin Byfuglien. Sim, defensor, porque é isso que Byfuglien é. Até mesmo no Chicago Blackhawks o rapaz de 1,96m começou jogando na defesa, sua posição original, mas foi deslocado para a ponta direita devido a sua estatura, pois os Blackhawks precisavam de um autêntico power forward. Embora seja estranho um cara desse tamanho na linha de frente, deu certo com Byfuglien, embora sua média de pontos curiosamente sempre tenha sido maior como defensor.

Quando veio para Atlanta, numa troca que também trouxe Ben Eager, Brent Sopel e o prospecto nigeriano Akim Aliu, Byfuglien foi recolocado na defesa. Funcionou e muito bem. Byfuglien vem fazendo sua melhor temporada e já igualou o seu recorde de pontos na NHL, 36. Capitão alternativo do time, Byfuglien é o jogador com maior presença ofensiva e o que mais chuta a gol. Lidera o time em gols (ao lado de Andrew Ladd), em assistências e pontos, além de ser o defensor da NHL com mais pontos na atual temporada. O melhor momento de Byfuglien até aqui foi a sequência de seis vitórias consecutivas dos Thrashers, resultados que impulsionaram a subida da franquia na tabela, entre eles vitórias sobre o Detroit Red Wings, Montreal Canadiens, Colorado Avalanche e Washington Capitals.

É curioso que o maior rendimento ofensivo dos Thrashers venha de um defensor (ainda que um defensor ofensivo que até temporada passada jogava como ponta direira). O Atlanta tem o segundo melhor ataque da NHL junto com o Philadelphia Flyers, ambos com 117 gols. O Colorado Avalancha lidera com 121 gols. O forte ataque do Atlanta se divide entre Byfuglien e outros jogadores: Ladd, Evander Kane, Anthony Stewart e Bryan Little, entre outros.

Dá até para acreditar que os Thrashers brigarão com os Caps pelo título do Sudeste. Atualmente o Washington está na frente por apenas um ponto. Dos cinco confrontos entre as duas franquias até aqui, os Thrashers venceram três, incluindo um massacre por 5-0, jogo que iniciou a sequência de seis vitórias entre 19 de 30 de novembro. Mas Byfuglien não é o único responsável pela grande fase que os Thrashers estão vivendo. Dá para citar pelo menos mais quatro personagens fundamentais nesse processo: o goleiro Ondrej Pavelec, o defensor Tobias Enstrom e o atacante Ladd.

Pavelec é um dos melhores goleiros da NHL nesta primeira metade de temporada, tanto em porcentagem de defesas quanto em média de gols sofridos, bem atrás do veterano Tim Thomas. Nada mal para um guarda-redes de apenas 23 anos. O goleiro tcheco de boa estatura mereceria até um capítulo a parte caso os Thrashers realmente concluam uma boa temporada. Não tem sido muito bom em conseguir shutouts (apenas dois), mas isso não desmerece seu belo trabalho, principalmente porque o reserva veterano Chris Mason não demonstra tanta segurança quando é chamado à responsabilidade. Pavelec é soberano até mesmo em jogos mais difíceis, como nas duas últimas vitórias sobre os Capitals (incluindo um dos shutouts). Curiosamente, Pavelec começou a temporada como titular, no jogo de abertura contra os próprios Capitals, mas não chegou a fazer uma defesa sequer: passou mal aos dois minutos de jogo, antes mesmo dos Caps desferirem seu primeiro chute a gol, e teve de ser substituído por Mason.

Se Pavelec tem uma boa média de defesas, Little tem um excelente aproveitamento de chutes. Não chega a ser (ainda) um dos protagonistas desta fase dos Thrashers na NHL, mas recentemente apareceu em momentos decisivos e já soma dez gols e 18 pontos no total, estatística semelhante a Nik Antropov. A melhor temporada de Little, recrutado como 12ª escolha geral em 2006, foi 2008-09 com 31 gols e 51 pontos. Esses números justificariam a boa escolha no recrutamento se não tivesse feito uma temporada tão medíocre em 2009-10. Little foi membro do Chicago Wolves, campeões da Copa Calder (AHL) em 2008. Little tem começado na primeira linha dos Thrashers com Evander Kane na esquerda e Anthony Stewart na direita.

Ladd por outro lado é até aqui o melhor atacante dos Thrashers, incontestável. Capitão do time, Ladd tem 25 anos e duas Copas Stanley por franquias diferentes (Carolina e Chicago) no currículo. Apesar de ter vindo dos Blackhawks, não foi envolvido na mesma negociação que trouxe Sopel e Byfuglien. Sua participação nas Copas de 2006 e 2010 não foi das maiores, mas em Atlanta Ladd vem vivendo a experiência de ser líder de um time pela primeira vez na carreira e lidando bem com a responsabilidade. Seu rendimento deu uma caída nos últimos jogos, a exemplo de Byfuglien.

Enstrom é outro defensor com forte apoio ofensivo. Marcou poucos gols, mas vem contribuindo significativamente com assistências. Tem tido destaques como na vitória por 6-3 sobre o Toronto Maple Leafs, quando marcou quatro pontos, igualando uma marca de Byfuglien. Mas a presença defensiva de Enstrom tem sido maior que a de Byfuglien, no sentido de desferir trancos e bloquear chutes. Em uma defesa que sofre tantos gols quanto a dos Thrashers, são os bloqueios de Enstrom que acabam fazendo a diferença em vitórias como sobre o Ottawa (4-3) ou Colorado (3-2), ambas na prorrogação. Jogador mais antigo dos Thrashers no elenco, Enstrom poderia até mesmo ser o capitão do time. Vem trilhando caminho para fazer de 2010-11 sua melhor temporada, superando seus números de 2009-10 (50 pontos, 44 assistências).

Diferentemente dos fracassos, que podem acontecer em outubro, novembro e dezembro, os sucessos de uma temporada exigem uma regularidade maior até março, quando as vagas para os playoffs começam a fechar. O Atlanta Thrashers tem tudo para estar lá presente. Para um time que perdia Ilya Kovalchuk e, na cabeça de todos, estava fadado a amargar últimos lugares, a exemplo do Florida Panthers, a temporada dos Thrashers já é bem vencedora. Mas com certeza Byfuglien & cia. planejam levar o time até a pós-temporada pela segunda vez em sua história. Atlanta está resurgindo.

Thiago Leal realizou exame de colesterol, triglicerídeos e glicose e recebeu a notícia de que todas as suas taxas sanguíneas estão regularizadas.
Katie Carrera
Ondrej Pavelec começou a temporada dando um susto e desmaiando no rinque.
(08/10/2010)

AP
Bem na defesa ou no ataque, Dustin Byfuglien lidera os surpreendentes Thrashers.
(21/12/2010)

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Página publicada em 19 de dezembro de 2010.