Por: Matheus Rocha

Na última quarta, tudo parecia normal na vida de Tom Fenton, técnico de time de hóquei da Manhattanville College. Mas em um segundo, tudo isso mudou. Enquanto Fenton cortava seu cabelo, preparação para uma viagem que faria na sexta-feira, seu telefone tocou, mas ele não pode atender. Logo depois, o técnico pegou seu celular e viu que havia uma mensagem de voz para ele. Quando ele viu a mensagem achou que era um trote de seus amigos, já que se tratava de uma ligação do Phoenix Coyotes, time da NHL. Mas ele não hesitou e retornou a chamada. Isso valeu uma grande recompensa.

Os Coyotes estavam em Nova York na quarta-feira para jogar contra os Rangers no famoso Madison Square Garden e tudo correu muito bem durante a patinação matinal, período de 30 a 45 minutos em que o time entra no rinque e faz alguns trabalhos específicos preparando o time para o confronto de logo mais. Em uma refeição durante a tarde, foi constatado que o goleiro titular, Ilya Bryzgalov, contraíra uma gripe e não estaria pronto para o jogo. Não havia tempo parar chamar um goleiro do afiliado deles, o San Antonio Rampage da AHL. Então o Phoenix teve que criar uma solução alternativa.

Foi pensado que o técnico de goleiros do clube, Sean Burke , poderia atuar como o reserva do Coyotes naquele jogo. Mas como Burke já  havia sido profissional e jogado na grande liga, ele teria que passar pela desistência por 24 horas, o que descartava a opção dele de vestir para ir para o confronto daquela noite.

Então voltamos a Fenton.  Ele havia sido goleiro no American International College durante os seus quatro anos de elegibilidade e não havia jogado hóquei desde o seu último ano na faculdade, que foi 2009. Tom vive em Purchase, que não é muito longe de Larchmont, onde vive Frank Effinger, olheiro do Coyotes que procurou por um goleiro amador na área e achou o técnico de 26 anos.

Quando Tom retornou a chamada, ele percebeu que era uma chamada real e que o Coyotes se encontrava em uma situação realmente tensa.

"Basicamente, eles disseram que eu deveria levar minha bunda para o MSG o mais rápido possível", foi o que disse Fenton em uma entrevista após o jogo. Chegando lá, ele recebeu uma camiseta com o número 35 e passou um bom tempo junto com o time antes de passar pelo mesmo aquecimento que Jason LaBarbera, o titular dos Coyotes naquela noite e assistir no banco a derrota de seu novo time por 4 a 3, no shootout. A atuação de Fenton durante o aquecimento foi muito elogiada por Shane Doan, capitão da equipe do Arizona. "Ele esteve muito bem, muito bem mesmo. Nós falamos no vestiário sobre o quão bom ele foi", disse Doan.

Essa é uma oportunidade única e que ninguém desperdiçaria, apesar de que não é a primeira vez que acontece isso. Em 2003, os Canucks tiveram que chamar um goleiro amador vindo da Universidade da Colúmbia Britânica para substituir Dan Cloutier, que se machucou no dia do jogo. Mas o caso mais notável veio em 2008 em Washington, quando o Capitals passou por uma situação emergencial bem parecida com essa.

Durante uma patinação matinal para um jogo em dezembro contra o Ottawa Senators, o titular José Théodore sofreu uma lesão grave e não houve tempo hábil para trazer Semyon Varlamov, que estava com o Hershey Bears (afiliado do Caps na AHL) no Texas, para ficar como reserva de Brent Johnson. Então o time recorreu a um velho conhecido.  Brett Leonhardt, produtor do site do clube da capital, já havia servido como goleiro a mais em vários treinos do Caps, principalmente quando algum dos goleiros estava com risco de lesão ou cansado. Leonhardt jogou hóquei universitário durante um bom tempo, passando por Oswego State e Neumann College.

Enquanto Varlamov não chegava do Texas, Leonhardt passou por toda a rotina de um goleiro da NHL. Durante o aquecimento, todo o Verizon Center celebrava quando Stretch, como Brett é conhecido, fazia defesas, ainda mais quando eras efetuadas em disparos do astro da franquia, Alexander Ovechkin. Com 10 minutos do primeiro período, Varlamov apareceu e tirou toda a tensão da cabeça de Stretch, que foi bastante aclamado pela torcida e ainda tem seu perfil no site da NHL até hoje, como se fosse um jogador profissional. De vez em quando, você pode observar uma camiseta com o número 80 e o nome Leonhardt no Verizon Center, onde o produtor agora toma conta da música durante os aquecimentos antes do jogo.

São situações que nos provam que nos provam que os sonhos ainda podem ser realizados, mesmo que pareçam bem impossíveis, como os de Fenton e Leonhardt. Mas de vez em quando a hora chega, e ela não passa duas vezes.

Matheus Rocha é fã das playlists de Brett Leonhardt nos aquecimentos de jogos no Verizon Center.
Scott Slingsby/Flickr
Tom Fenton em seus dias de universidade. Pior do que a antiga má fase do Coyotes
(27/02/2009)

Mitchell Layton/ Getty Images
Leonhardt e seu dia inesquecível. Parar Alex Ovechkin não é pra qualquer um
(16/12/2008)

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 19 de dezembro de 2010.