Quarta-feira de hat-tricks
A noite de quarta-feira da semana passada foi qualquer coisa de única na história da liga. Pode ter ocorrido coisa semelhante (ou até maior) antes, mas eu não me lembro de ter visto. Nada menos que quatro jogadores marcaram hat-tricks.
Drew Stafford marcou todos os gols do Buffalo Sabres na vitória por 3-2 sobre o Boston Bruins. Foi o único da noite que já tinha hat-tricks no currículo.
Ryan Kesler fez a mesma coisa pelo Vancouver Canucks: marcou todos os gols do time na vitória por 3-2 sobre o Columbus Blue Jackets. E com um sabor especial: o terceiro gol foi na prorrogação. Não tivessem os Blue Jackets empatado o jogo no terceiro período, Kesler talvez não vivesse esse momento especial.
Tomas Fleischmann foi outro que marcou um hat-trick, na vitória do Colorado Avalanche sobre o Chicago Blackhawks por 4-3. No caso de Fleischmann, os três gols foram marcados num espaço de dez minutos durante o terceiro período. Mais que isso: dois dos gols foram durante uma mesma vantagem numérica de quatro minutos.
Mas talvez o grande hat-trick da noite foi anotado por Nicklas Lidstrom. Por ser ele um defensor, por ser ele um jogador de 40 anos de idade, e por ele jamais ter marcado um hat-trick antes, em 19 anos de carreira e mais de 1400 jogos na NHL.
Um dos melhores e mais completos defensores que o hóquei já viu, Lidstrom talvez não tivesse mais o que ganhar na liga. Até que, com a rede vazia, o sueco conseguiu mais um feito para sua carreira, marcando o gol que selava a vitória do Detroit Red Wings sobre o St. Louis Blues por 5-2. O disco do hat-trick vai para a pequena coleção do próprio Lidstrom, com alguns dos marcos na carreira dele.
Divertido mesmo foi ler algumas chamadas no dia seguinte, referindo-se a Lidstrom como “old man”.
Dion Phaneuf de volta a Calgary
Na quinta-feira era dia do Toronto Maple Leafs ir até Calgary para jogar contra o rival canadense. Era também a primeira vez que o defensor Dion Phaneuf enfrentaria seu antigo time. Isso, claro, ouriçou a imprensa sobre os eventos que levaram o gerente geral dos Flames, o balança-mas-não-cai Darryl Sutter, a negociar o jovem defensor em janeiro passado. O assunto foi inclusive tema de capa de TheSlot.com.br na época.
Questionado pela imprensa, agora, Sutter afirmou que faria tudo novamente. E justificou dizendo que, se não tivesse negociado Phanuef, não teria renovado com Rene Bourque e Mark Giordano, dois relativamente jovens e importantes jogadores do elenco dos Flames. O alívio na folha causado pela saída de Phanuef teria permitido que a gerência renovasse com os dois por um prazo mais longo.
Há uma série de boatos a respeito da saída de Phaneuf, que geralmente giram em torno da personalidade dele. Talvez ele fizesse mal ao elenco, talvez ele tenha brigado com alguns jogadores do time, talvez ele tivesse uma liderança natural que colidia com o capitão e líder do time, Jarome Iginla. Blablablá. Tudo isso até pode ser verdade, mas não elimina o fato de que o que veio em troca de um dos mais valorizados jovens defensores da liga foi quase nada.
Relembremos o que o Toronto cedeu para ter Phaneuf: Matt Stajan, que anda sendo barrado do time. Jamal Mayers e Ian White, que já se foram de Calgary em troca de menos ainda. Niklas Hagman, que não parece mais ser o goleador médio que projetava ser nos tempos de Dallas e Toronto. Sutter pode passar a vida se justificando, mas o fracasso da troca lateja, ao menos na minha frente.
Na boa: se eu tenho um gerente que troca Dion Phaneuf do jeito que ele foi trocado, eu demito. Se esse gerente, passado quase um ano, se regozija da troca e diz que faria tudo de novo, é sinal de que tem gente acima dele com atestado de incompetência estampado na testa.
O jogo entre os combalidos times foi um passeio do Calgary por 5-2. Para que vocês tenham idéia do nível, Hagman e Olli Jokinen foram os destaques da partida. Stajan pontuou. Até mesmo o esquecido Jay Bouwmeester jogou bem. Teve pênalti para o Calgary -- cometido por Phaneuf sobre Iginla --, mas que não foi convertido em gol. Phaneuf, naturalmente, recebeu muitas vaias e alguns poucos aplausos da torcida local. Não jogou mal, mas não foi um fator para o time. Se o Calgary jogasse 20 vezes com o Toronto na temporada, talvez não estivesse tão mal assim.
Marcelo Constantino espera um dia ter dinheiro suficiente para acreditar na justiça brasileira.