Por: Michael Traikos

Tim Brent já sofreu incontáveis machucados, dedos quebrados e uma vez quase perdeu a audição depois de ficar na trajetória de um disco.

Entretanto, o chute bloqueado que o atacante do Toronto Maple Leafs jamais vai esquecer foi quando o seu protetor da perna ficou amassado depois de ser atingido por um chute disparado por Alex Ovechkin nesta temporada.

"Aquela foi a primeira vez que alguém deixou uma marca em uma parte do meu equipamento de proteção. Ficou literalmente a marca do disco no meu protetor da perna. Agora ele virou lixo," disse Brent.

Esse tipo de experiência pode fazer alguém pensar duas vezes antes de resolver bloquear um chute de um adversário. Mas não é esse o caso de Brent.

Menos de duas semanas de bloquear aquele chute de Ovechkin, Brent se colocou à frente de um chute de Shea Weber.

"Ele não chuta muito fraco," disse Brent, que ainda tem uma nódoa amarelo-roxo na coxa devido àquele chute.

"Um par de chutes dos mais difíceis da liga, eu acho. Não acredito que vá doer mais do que esses dois, então acho que eu posso ficar na frente de qualquer um, certo?"

Esse parece ser o mantra dos Leafs nesta temporada.

Antes da partida de ontem à noite contra o Dallas, o Toronto era o décimo colocado na liga em chutes bloqueados com 289 bloqueios (embora os Leafs tenha tido 335 chutes bloqueados pelos seus adversários).

E enquanto sacrificar o corpo tem mantido o pessoal da equipe de treinamento ocupado em colocar gelo em sacos para os machucados ambulantes — Fredrik Sjostrom não participou do treino de domingo depois de ser atingido por um disco na perna na derrota de 2 a 0 da noite anterior contra o Montreal Canadiens —, muitos acreditam que o resultado é que o time está tomando menos gols do que na temporada passada.

"Durante a partida, o outro time talvez chute de 60 a 70 vezes," disse o goleiro Jonas Gustavsson, que agradeceu a Sjostrom depois de ver o machucado do seu companheiro após a partida. "Alguns vão errar o alvo, outros vão acertar a direção do gol e outros serão bloqueados. Quanto mais chutes você bloquear, mais fácil fica para mim. Então isso é muito importante."

Os jogadores têm bloqueado chutes a gol há anos, mas somente após o locaute de 2004-05 — quando, coincidentemente, a liga começou a contabilizar os bloqueios — que se colocar em frente de um jogador prestes a chutar para o gol se tornou uma estratégia defensiva popular.

O antigo método de treinamento e de técnica era retirar os adversários da frente do gol e deixar o goleiro ver o disco, mas com a repressão da obstrução o foco tem mudado.

"Eu acho que cada vez mais tem caras tentando bloquear chutes. Provavelmente o equipamento que eles usam é um pouco melhor, tem mais proteção, menor chance de se contundir, então provavelmente eles se sentem mais confortáveis e tranquilos ao se colocarem na frente de um chute a gol e fazer a defesa para o goleiro," disse o goleiro dos Leafs, Jean-Sébastien Giguere.

O equipamento pode ser melhor do que há dez, 15 anos, mas os jogadores também estão chutando o disco com mais força do que no passado. Então não importa quanto de equipamento extra você está usando — Brent e um outro jogador do Toronto agora usam também um protetor plástico —, os discos frequentemente acabam encontrando aquele lugarzinho desprotegido.

No final das contas: dói ser atingido por um disco.

"Você vê um jogador de beisebol ser atingido por uma bola rápida que viaja a 90 ou 95 milhas por hora," disse Brent, "Você os vê estremecer. Agora imagine borracha vulcanizada a 100 milhas por hora. E ela está congelada".

Uma vez Brent precisou de 26 pontos ao ser atingido na orelha por um chute.

Colby Armstrong está fora devido a uma fratura no pé que ele sofreu ao bloquear um chute durante um treinamento. E Sjostrom estava com tanta dor no domingo que ele não pôde treinar.

Claro, perder um jogo ou mesmo tomar um gol pode doer muito mais.

"Eu penso em Wayne Gretzky, quando os Oilers perderam para os Islanders na final da Copa," disse Brent. "Uma das coisas que ele falou na sua autobiografia foi quantos sacos de gelo e machucados os jogadores dos Islanders tinham quando ele passou pelo vestiário e eles estavam celebrando."

"Muitas vezes, essa pode ser a diferença entre ganhar e perder. Um chute bloqueado aqui e ali. No final das contas, vale a pena."

Michael Traikos escreve para a Postmedia News. O texto original foi publicado na versão impressa do The Gazette no dia 23 de novembro e traduzido por Alessander Laurentino.

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Página publicada em 28 de novembro de 2010.