Howard Baldwin, John Coburn, Godfrey Wood e William Edwin Barnes. Os fãs de hóquei mais novos e, acredito eu, até mesmo os antigos, não devem fazer a mínima ideia de quem são esses quatro senhores. Mas em novembro de 1971 a World Hockey Association garantiu a esses quatro empresários da Nova Inglaterra (região Nordeste dos Estados Unidos) uma franquia na nova liga, que tinha o propósito de concorrer com a NHL. Nascia assim o New England Whalers.

Durante a WHA, os Whalers disputaram jogos em Boston, cidade que representavam, em West Springfield e em Hartford, cidade para qual se mudaram mais tarde. Quando aderiram à NHL, com o fim da WHA, o New England Whalers mudou de nome para Hartford Whalers. E assim foi até 13 de abril de 1997, quando os Whalers encerraram sua saga em Hartford e mudaram para a Calorina do Norte, onde passaram a se chamar Carolina Hurricanes. Expliquei essa história com mais detalhes em um artigo especial sobre os Whalers. Ainda em 1997, o Binghamton Rangers (franquia originalmente fundada em 1926 como Providence Reds) mudou-se para Hartford e deu origem ao Hartford Wolf Pack, franquia da AHL filiada ao New York Rangers. O esporte tinha continuidade na Capital Mundial das Seguradoras.

Mesmo com o Wolf Pack, Hartford mantinha um certo saudosismo dos Whalers. A cidade detém os direitos sobre imagem e nome da antiga franquia (razão pela qual os uniformes dos Whalers nunca entram na seção vintage dos jogos da EA Sports). Até mesmo o costume de profissionais da ESPN, sediada em Bristol, em chamar o Carolina Hurricanes de "The Whale" reflete esse saudosismo. Não dá para entender bem a razão, mas o Hartford Whalers era uma das franquias mais simpáticas, se não a mais simpática, que a NHL já teve, e de uma hora para a outra os fãs ficaram órfãos dessa simpatia toda. Curiosamente, Peter Karmanos, dono dos Whalers e responsável pela mudança para Raleigh, mantém uma franquia júnior chamada Plymouth Whalers, que joga pela OHL. Mas não é a mesma coisa. Um clube juvenil não se compara a um profissional e o verde-azul dos Whalers originais fazem bastante falta.

Talvez por essa razão de tanto fã de hóquei, como Chris do blog Icethetics, tenha comemorado quando veio a informação de que o Hartford Wolf Pack mudaria de nome para Connecticut Whalers. Logo foi anunciado que o nome na verdade seria Connecticut Whale, de acordo com Howard Baldwin, um dos donos originais dos Whalers e novo gerente de marketing da franquia Hartford Wolf Pack, além de presidente da Whalers Sports & Entertainment. Baldwin justificou a escolha afirmando que Connecticut Whale presta homenagem aos Whalers, mas também é um nome novo e original para a franquia, que precisa ter sua própria cara.

Então talvez tenha sido essa a razão da escolha de um novo logo, que revoltou fãs saudosos como Chris e o nosso editor chefe. Ao invés do W com cauda de baleia, um C com uma baleia-azul no meio, segurando um taco de hóquei. Putz, uma baleia-azul? Podiam pelo menos ter colocado um cachalote! Cachalote é uma espécie de cetáceo marinho, associado às baleias, que ficou famoso por ser a espécie de Moby Dick, clássico de Herman Mellville. E Pucky The Whale, o mascote dos Whalers que costumava ser o logo de ombro das camisas da franquia, era um cachalote.

Enfim... com ou sem W, Whalers ou Whale, fato é que no sábado dia 27 de novembro os jogadores de Hartford estavam usando novamente verde e azul pela primeira vez em 13 anos — sim, embora a mudança tenha sido anunciada em 20 de setembro, antes mesmo do começo da temporada da AHL, ela só foi realizada neste fim-de-semana, com a temporada em andamento. Mais de 13 mil pessoas foram ao XL Center (que tem capacidade para mais de 15 mil) assistir à estreia do Whale contra o Bridgeport Sound Tigers, equipe do estado de Connecticut e filiada ao New York Islanders, logo, rival em todos os sentidos. Venceu o jogo por 3-2 nos pênaltis, depois de ter sido dominante durante tempo regulamentar e prorrogação. Jeremy Williams marcou o gol que decidiu a cobrança de penalidades. Antes dele, Chad Kolarik também havia convertido o seu. Rhett Rakhshani e Anton Klementyev marcaram os gols do Whale no tempo regulamentar.

No domingo, receberam o Adirondack Phantoms e venceram por 3-0. Kolarik, Evgeny Grachev e Kris Newbury foram os marcadores da segunda vitória do Whale. E no dia primeiro, o Connecticut vai a Worcester para enfrentar o Sharks, no primeiro clássico oceânico da história da AHL.

Danbury Whalers
Sim, Connecticut não tem apenas o Connecticut Whale. O Danbury Whalers, da cidade de Danbury, também é verde, azul e baleia! A franquia pertence à Federal Hockey League, uma nova liga profissional lançada em 2009 que teve como temporada inaugural esta, a temporada 2010-11. O entusiasmo da cidade de Danbury, inclusive mesmo do prefeito, para ter uma franquia profissional na cidade era grande. Até peneira de jogadores os Whalers realizaram em junho para montar seu elenco. Liga pequena é isso mesmo. A estreia do Danbury Whalers aconteceu em 29 de outubro, há um mês, contra o New York Aviators. E deu Whalers, 4-3, gols de Daniel Malloy, Devin Guy, Igor Karlov e Andrew J. Willock.

Os Whalers estão bem atrás do Akwesasne Warriors, líder da FHL, mas mesmo assim se segura no segundo lugar da tabela. Um dos sócios da franquia, Herm Sorcher, é um ex-funcionário do Hartford Whalers. Na história recente, Danbury tentou ter uma franquia de hóquei por três vezes e em nenhuma deu certo. Vamos ver o que acontece agora que a cidade veste verde e azul, assim como Hartford.

Infelizmente, os sites da FHL e do Danbury Whalers são bastante amadores e ainda estão em construção.

Longe dos holofotes da NHL, duas franquias tentam levar adiante o legado do Hartford Whalers. Em tempos de teto salarial e de jovens talentos que saem de ligas juvenis direto para posto de estrelas de liga de cima, é bom lembrar que hóquei no gelo é, antes de qualquer coisa, um esporte.

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• A liga profissional menor da NHL
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