Por: Eric Duhatschek

Fazia alguns instantes que o Chicago Blackhawks tinha recebido a Copa Stanley na última quarta-feira, e o sempre confiável Duncan Keith quase não estava sentido dor. Nem mesmo a consciência de ter que passar suas férias sentado numa cadeira de dentista — para consertar os sete dentes que ele perdeu nas finais de conferência — podia tirar aquele sorriso feliz, embora desdentado, de seu rosto.

A temporada tinha sido como um conto de fadas para Keith: o outo olímpico, sua primeira Copa Stanley — e nenhuma folga de verdade desde agosto, quando ele participou do programa de orientação da seleção olímpica do Canadá. Mesmo para um jogador com um vigor tão exaltado quanto o dele, que jogou mais minutos que qualquer outro colega do elenco dos Blackhawks neste ano, fisicamente Keith estava começando a se cansar no final.

"Eu só quero uma folga agora", confessou Keith. "Foi uma longa temporada."

Na NHL moderna, entretanto, longas temporadas significam férias curtas para os campeões da Copa Stanley, e os Blackhawks precisam dar uma mexida em seu elenco para que o jovem time, montado pelo ex-gerente geral Dale Tallon e agora comandado por Stan Bowman, tenha uma chance razoável de defender o seu título.

Essa era uma tarefa mais fácil antes da era do teto salarial na NHL, quando um time gerando o tipo de receita que os Blackhawks geraram neste ano poderia reinvestir parte do lucro de volta no produto.

Agora? O Chicago deu o necessário primeiro passo ao assinar longos contratos com seus três jogadores-chave em 9 de dezembro: Keith, Jonathan Toews e Patrick Kane estão garantidos, sendo que Keith essencialmente assinou um contrato para o resto da vida, e os outros dois comprometeram-se com cinco anos cada.

A média salarial de Keith é de apenas pouco além de US$ 5,5 milhões por ano; os outros dois receberão US$ 6,3 milhões por temporada. Considerando-se os minutos que Keith joga, como Kane marcou o gol da vitória na prorrogação do jogo decisivo contra o Philadelphia Flyers e que Toews liderou todos os Blackhawks na artilharia dos playoffs, são contratos razoáveis para os padrões atuais.

O problema para Bowman é que ele também precisa lidar com um trio de contratos que é um estorvo em sua folha de pagamento — cpntratos caros e de vários anos para Marián Hossa, Brian Campbell e, especialmente, Cristobal Huet, que foi o goleiro reserva nestes playoffs a um custo de US$ 5,625 milhões por esta temporada.

Huet representa o maior desafio. Ainda faltam dois anos em seu contrato, e ele certamente será colocado de lado, seja com uma rescisão ou, o mais provável, com um remanejamento para o time de baixo, em Rockford, Illinois, onde ele poderá receber seu salário inteiro da NHL sem contar contra o teto salarial. Essa decisão requer a bênção da diretoria, mas a nova gerência dos Blackhawks não é lá muito sentimental nem tem medo de tomar uma dura decisão de negócios quando necessário.

Mesmo se Huet já tiver disputado seu último jogo pelos Blackhawks, eles ainda terão de se livrar de um ou mais jogadores importantes para fechar as contas. Será Kris Versteeg? Patrick Sharp? Talvez Dustin Byfuglien faça mais sentido — um jogador às vezes inconsistente, cujo valor no mercado é bem capaz que nunca venha ser tão alto como agora.

Pouco mais de um ano atrás, durante as finais da Conferência Oeste de 2009, o técnico dos Red Wings, Mike Babcock, avisou aos Blackhawks que embreve eles teriam de encarar as mesmas decisões de elenco com que o Detroit lida anualmente.

É um ato de equilíbrio tentar vencer Copas Stanley consecutivas nesta era pós-locaute, que já teve cinco campeões diferentes em cinco anos. Na verdade, os Red Wings de 1997 e 1998 foram o último time da NHL a ganhar um bicampeonato.

O Pittsburgh Penguins falhou em sua tentativa neste ano, em parte porque jogadores que saíram nas últimas férias deixaram Sidney Crosby e Evgeni Malkin com um elenco de apoio decididamente mediano — pouca profundidade nas pontas e ninguém na defesa para dar a eles os minutos de qualidade que Rob Scuderi ou Hal Gill lhes proviam no ano do título.

O jovem núcleo do Chicago deve ficar mais ou menos intacto por mais uma temporada (antes de a necessidade de renovar contrato com Brent Seabrook os deixe ainda mais perto do teto). Jogadores jovens baratos e competentes em primeiros contratos são a solução, e o técnico Joel Quenneville tentará encaixá-los no elenco quando necessário.

Enquanto os jogadores dos Blackhawks seguem para os locais onde passarão suas merecidas férias, Bowman pode voltar ao trabalho já nesta semana, talvez energizado e motivado pela conquista. Esta já está em sua conta. Mas ainda falta bastante para alcançar seu pai, Scotty.

Eric Duhatschek é jornalista do Globe And Mail. O artigo original foi traduzido por Alexandre Giesbrecht..

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Página publicada em 12 de junho de 2010.