Por: Humberto Fernandes

O Hall da Fama nunca recebeu uma classe de atacantes tão fenomenal quanto a de 2009. Juntos, Brett Hull, Luc Robitaille e Steve Yzerman somaram mais de 2 mil gols e 4,5 mil pontos durante a carreira. Os três estão entre os dez maiores goleadores e os 21 maiores pontuadores da história da NHL.


Brett Hull não conseguiu um lugar sequer na quarta linha do Calgary Flames, equipe que o selecionara na sexta rodada do recrutamento de 1984 com a 117.ª escolha, em sua primeira temporada, em 1986-87. Então, na temporada seguinte, já aos 23 anos e depois de apenas 57 jogos pela equipe, Hull foi negociado com Steve Bozek para o St. Louis Blues, em troca de Rob Ramage e Rick Wamsley.

Em seu segundo ano em St. Louis, Hull marcou 72 gols, mas o melhor ainda estava por vir. Um ano mais tarde, em 1990-91, o ponta-direita alcançou 86 gols em 78 jogos, somando 131 pontos, campanha que lhe rendeu o Troféu Hart, como o jogador mais importante para seu time, e o Prêmio Lester B. Pearson, como o melhor jogador eleito pelos próprios atletas. Ao todo, em três temporadas, Hull marcou 228 gols. À época não existia o Troféu Maurice Richard, concedido ao goleador da temporada, caso contrário Hull teria três em sua estante.

Nessas três temporadas marcando mais de 70 gols, Hull formou uma das maiores duplas de ataque da história da liga com Adam Oates, central de passe preciso. Não é coincidência que, após a saída de Oates, seu número de gols tenha diminuído, ainda que continuasse na casa dos 50. Nas seis temporadas seguintes, Hull ultrapassou a marca dos 50 gols em duas ocasiões e a marca dos 40 em outras duas.

Em 1998-99, aos 34 anos, o atacante assinou como agente livre com o Dallas Stars. Pé quente, Hull marcou o gol do título da primeira Copa Stanley da franquia e de sua carreira, na terceira prorrogação do jogo 6 contra o Buffalo Sabres. É o mais famoso gol de sua vida e um dos mais polêmicos da história da liga porque, no momento do chute, Hull estava com um dos patins dentro da área de Hasek, o que não era permitido pelas regras da época.

No ano seguinte, marcou o menor número de gols em uma temporada (24), mas respondeu nos playoffs com 11 gols e e 24 pontos, perdendo a final da Copa para o New Jersey Devils. Nem mesmo os 39 gols na temporada seguinte convenceram o Dallas a mantê-lo no elenco.

Já em 22 de agosto de 2001, Hull assinou como agente livre com o Detroit Red Wings, depois que três jogadores do time aceitaram sofrer um desconto de US$ 500 mil em seus salários para que a equipe pudesse contratá-lo. Sem poder utilizar o seu número favorito, o 16, informalmente aposentado pelo Detroit em homenagem a Vladimir Konstantinov, Hull adotou o 17.

Nos playoffs de 2002, Hull liderou a NHL em gols, com dez, conquistando a Copa Stanley pela segunda vez em sua carreira e ajudando os Red Wings a vencer pela terceira vez em seis anos.

Hull disputou mais duas temporadas em Detroit, marcando 37 gols e 76 pontos aos 38 anos. Ao fim da temporada 2003-04, assinou contrato como agente livre com o Phoenix Coyotes, onde disputou apenas cinco jogos, já aos 41 anos, em 2005-06, depois de ter perdido um ano inteiro por culpa do locaute.

Ao todo, Hull disputou 19 temporadas, sendo duas com os Flames, 11 com os Blues, três com os Stars, três com os Red Wings e uma com os Coyotes. Em toda a sua carreira, marcou 741 gols, 650 assistências e 1.391 pontos em 1.269 jogos. Nos playoffs, em 19 campanhas (Hull nunca ficou fora dos playoffs em toda a sua carreira, exceto no último ano, em que ele não disputou até o final; na verdade, antes mesmo de disputar uma partida de temporada regular, ele já havia disputado duas nos playoffs), o atacante somou 103 gols, 87 assistências e 190 pontos em 202 jogos.

Com 741 gols em temporada regular, Hull é o terceiro maior goleador da história da liga, atrás apenas de Wayne Gretzky e Gordie Howe. Sua campanha de 86 gols em 1990-91 também é a terceira maior da história, atrás apenas de Wayne Greyzky (duas vezes). Hull é recordista de gols em vantagem numérica (38) e de gols da vitória (24) nos playoffs.

Nos Blues, equipe que aposentou o número 16 em sua homenagem, Hull é o líder em gols (527), gols em vantagem numérica (195) e gols da vitória (70), vice-líder em assistências (409) e em pontos (936) e terceiro em jogos (744).

Com a Seleção dos Estados Unidos, disputou duas Olimpíadas, em 1998 e em 2002, quando conquistou a medalha de prata.


Luc Robitaille foi recrutado com a 171.ª escolha geral pelo Los Angeles Kings na nona rodada do recrutamento de 1984.

Aos 20 anos, "Lucky Luc" estreou com os Kings na temporada 1986-87. Em seu primeiro ano, o garoto já mostrou ser diferenciado, marcando 45 gols e 84 pontos, recebendo o Troféu Calder como calouro do ano, sendo o único jogador da franquia a receber o prêmio em toda a história. Em 1992-93, estabeleceu as maiores marcas de sua carreira, com 63 gols e 125 pontos, ano em que os Kings foram derrotados pelo Montreal Canadiens na final da Copa Stanley.

Robitaille marcou mais de 40 gols em suas oito primeiras temporadas, de 1986-87 a 1993-94. Ao fim daquela temporada, foi negociado com o Pittsburgh Penguins por Rick Tocchet e a escolha de segunda rodada no recrutamento de 1995 (com a qual a equipe selecionou Pavel Rosa). Um ano mais tarde, os Penguins o negociaram com o New York Rangers, juntamente com Ulf Samuelsson, em troca de Petr Nedved e Sergei Zubov.

Longe de Los Angeles, Robitaille não era o mesmo jogador dos tempos de Kings, nunca tendo alcançado, por Penguins ou Rangers, marca superior a 24 gols e 69 pontos. Então, em 1997, ao fim de sua segunda temporada em Nova York, o jogador retornou ao seu lar, trocado por Kevin Stevens.

Na primeira temporada de volta aos Kings, alcançou o ponto mais baixo de sua carreira até então, com 16 gols e 40 pontos, tendo disputado apenas 57 jogos. Em cada uma das três temporadas seguintes, no entanto, entre 1998-99 e 2000-01, Robitaille marcou mais de 35 gols.

Já com 35 anos e sem realizar o grande sonho de sua carreira, Luc assinou como agente livre com o Detroit Red Wings em julho de 2001, com o propósito de ser campeão da Copa Stanley.

Em seu primeiro ano na equipe, Robitaille marcou 30 gols pela 12.ª vez em sua carreira, incluindo uma sequência mágica de gols em sete jogos consecutivos na temporada regular. Nos playoffs, o ponta-esquerda não se destacou tanto, somando apenas quatro gols e nove pontos. No fim, seu objetivo foi cumprido: Robitaille foi o terceiro a erguer a Copa Stanley, recebendo-a das mãos de Dominik Hasek, outro que se juntara ao time para vencê-la.

Robitaille passou mais um ano em Detroit, mas sem o devido destaque. Ao fim da temporada, voltou para os Kings para encerrar a carreira naquele que foi o seu time. Jogou mais duas temporadas pela equipe antes de se aposentar, em 2005-06, aos 39 anos.

No geral, Robitaille disputou 14 temporadas com os Kings, uma com os Penguins, duas com os Rangers e duas com os Red Wings. Ao todo, em 19 temporadas na NHL, marcou 668 gols, 726 assistências e 1.394 pontos em 1.431 jogos. Em 15 aparições nos playoffs, o atacante disputou 159 jogos e marcou 58 gols, 69 assistências e 127 pontos.

Seus 668 gols em temporada regular representam o recorde para a posição de ponta-esquerda e o colocam como o décimo maior goleador da história da liga.

Em Los Angeles, onde sua camisa de número 20 está aposentada no topo do Staples Center, Robitaille é o líder da franquia em gols (557), gols em vantagem numérica (210) e gols da vitória (73), e vice-líder em jogos (1.077) e em pontos (1.154).


Steve Yzerman viu Brian Lawton ser selecionado com a primeira escolha geral do recrutamento de 1983, pouco antes de Sylvain Turgeon ser o segundo nome anunciado. O próximo time na sequência era o New York Islanders, onde jogava Bryan Trottier, o ídolo de Yzerman no hóquei no gelo e razão pela qual ele usava o número 19.

Havia rumores de que os Islanders estavam de olho na estrela do Peterborough Petes (OHL) e essa estrela pensava que seria bom jogar no time de Trottier e Mike Bossy. Mas os Isles escolheram Pat LaFontaine e Yzerman "sobrou" para o Detroit Red Wings.

A gerência do Detroit pretendia enviar Yzerman de volta aos Petes, para que se preparasse melhor. Porém, nos treinamentos, o jogador provou que o seu lugar era na NHL. Aos 18 anos de idade, Yzerman foi o artilheiro do time logo em sua primeira temporada, marcando 39 gols e 87 pontos. O central por pouco não recebeu o Troféu Calder, que foi parar nas mãos do goleiro Tom Barrasso.

Em sua terceira temporada, aos 20 anos, Yzerman foi nomeado capitão da equipe pelo então treinador Jacques Demers, tornando-se o mais jovem da história da liga a receber tal honraria.

Entre 1987-88 e 1992-93, marcou mais de cem pontos por seis temporadas consecutivas, em cinco delas com 50 ou mais gols. Em 1988-89, o seu auge: 65 gols e 155 pontos, a mais alta pontuação registrada em todos os tempos por um jogador cujo nome não é Wayne Gretzky ou Mario Lemieux. Tal desempenho fez com que vencesse o Prêmio Lester B. Pearson e fosse finalista do Troféu Hart.

Quando o treinador Scotty Bowman chegou ao Detroit, em 1993, a vida de Yzerman mudou. Bowman queria torná-lo um jogador mais completo, comprometido defensivamente, para o bem do time, o que marcou o começo do declínio de sua produção ofensiva.

Na curta temporada de 1994-95, os Red Wings disputaram a Copa Stanley pela primeira vez com Yzerman no gelo, mas foram varridos pelo New Jersey na final.

Devido ao fracasso, sua liderança foi questionada e Yzerman foi tachado como um grande jogador que não conseguia ganhar. Até aquele momento, sua carreira era recheada de números, mas na estante havia apenas um troféu. Cresceram os boatos de que ele estava para ser negociado com outra equipe, mas um acordo nunca foi concluído.

A derrota no ano anterior só aumentou a pressão sobre o time e sobre seu capitão. A resposta foi dada no gelo, com as 62 vitórias na temporada regular, recorde absoluto da NHL, e os 95 pontos do jogador. Nos playoffs, na segunda fase, Yzerman marcou o gol mais importante de sua carreira, ao acertar um chute da linha azul na segunda prorrogação do jogo 7 contra o St. Louis. Os Wings seriam eliminados na fase seguinte.

Em 1996-97, aos 31 anos, Yzerman finalmente superou o maior obstáculo de sua carreira e liderou os Red Wings rumo ao título da Copa Stanley, pondo fim à seca de 42 anos do time. A cidade de Detroit nunca antes em sua história teve uma noite tão festejada quanto a de 7 de junho de 1997. Yzerman conquistava, enfim, o direito de ser um dos grandes.

Na temporada seguinte, Yzerman marcou seis gols e 24 pontos nos playoffs, sendo eleito o jogador mais importante no bicampeonato dos Red Wings. Logo após receber a Copa Stanley, o capitão a entregou para Vladimir Konstantinov — seu ex-companheiro, preso a uma cadeira de rodas desde o acidente de automóvel do ano anterior —, numa das mais belas imagens que o mundo esportivo já viu. O objetivo do Detroit em 1998 era conquistar a Copa para oferecê-la a Vladdy. Missão cumprida.

Duas temporadas depois, pela 11.ª e última vez em sua carreira, Yzerman superou a marca dos 30 gols, somando também 79 pontos. A insistência de Bowman, anos antes, para que ele se tornasse um especialista defensivo foi coroada com a conquista do Troféu Frank J. Selke, concedido ao melhor atacante defensivo da liga, apenas o terceiro prêmio individual do central na NHL.

Deste ponto em diante, as contusões tornaram-se mais frequentes, limitando sua participação nas campanhas do Detroit.

A temporada 2001-02 foi, ao mesmo tempo, a mais dolorosa e a mais vitoriosa da vida de Yzerman, então com 36 anos. A dor no joelho contundido era tamanha que o jogador tomava injeções de analgésico para conseguir suportá-la. Ainda assim, quase que jogando com uma perna só, o capitão foi o maior responsável pela virada dos Red Wings sobre o Vancouver Canucks na primeira fase dos playoffs. A equipe havia perdido os dois primeiros jogos em Detroit e se via à beira da eliminação, mas lá estava Yzerman para liderar pelo exemplo, abrindo caminho para sua terceira Copa Stanley em seis anos. Meses antes, em Salt Lake City, também à base de injeções e muito sacrifício, Yzerman havia conquistado a medalha de ouro com a Seleção Canadense, tornando-se o primeiro jogador da história da NHL a vencer as Olimpíadas e a Copa na mesma temporada.

É claro que ele pagou o preço por desafiar sua limitação física. Em agosto de 2002, o jogador se submeteu a uma cirurgia de reconstrução do joelho (osteotomia) que poderia encerrar de vez sua carreira. No entanto, em fevereiro do ano seguinte, Yzerman estava de volta. Graças a sua perseverança, foi premiado com o Troféu Bill Masterton Memorial.

Em 2003-04, ele foi capaz de jogar 75 vezes e marcar 51 pontos, apenas para conhecer nos playoffs outra grave contusão, ao ser atingido em cheio no rosto por um disco perdido. Yzerman teve o osso orbital quebrado e a córnea danificada, impedindo-o de disputar a Copa do Mundo de Hóquei.

Yzerman disputou mais uma temporada depois do locaute, para que sua última imagem como jogador não fosse aquela marcada por sangue e dor.

Em 22 temporadas com os Red Wings, Yzerman acumulou 692 gols, 1.063 assistências e 1.755 pontos. Nos playoffs, em 20 campanhas, marcou 70 gols, 115 assistências e 185 pontos em 196 jogos.

Na história da liga, ele é o oitavo maior goleador, o sétimo em assistências e o sexto em pontos. No Detroit, Yzerman é o segundo maior em gols e pontos, o terceiro em jogos e o primeiro em assistências.

Reconhecido por toda a liga como um grande líder, Yzerman detém o recorde de maior tempo como capitão de um time, 20 anos.

Humberto Fernandes esteve entre as vítimas do apagão de terça-feira à noite.

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Brett Hull era o "Romário" do hóquei, nas palavras de Marco Alfaro durante as saudosas transmissões da ESPN.

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A carreira de Luc Robitaille tem idas e vindas com o Los Angeles Kings, equipe onde construiu a sua história.

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A carreira de Steve Yzerman foi marcada pelo grande esforço em busca de sua primeira Copa Stanley.

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Página publicada em 11 de novembro de 2009.