Por: Humberto Fernandes

Para três dos sete integrantes de TheSlot.com.br que participaram dos palpites da última edição, o Boston Bruins será finalista da Conferência Leste. Para todos os sete a classificação da equipe aos playoffs é um fato. A confiança no time é reflexo da ótima campanha realizada na temporada passada, quando os Bruins foram o grande time do Leste, e do reconhecimento da capacidade dos jogadores e do treinador Claude Julien.

Aqueles Bruins, que ficaram a um ponto do Troféu dos Presidentes e foram eliminados na prorrogação do jogo 7 da segunda fase, também tropeçaram no mês de outubro, quando perderam cinco dos primeiros sete jogos disputados, e servem de referência para a versão atual do time, que transformou o começo da temporada 2009-10 em uma extensão da pré-temporada.

Com exceção da goleada pra cima dos Hurricanes no segundo jogo, as demais exibições dos Bruins mostraram que há algo errado com o time. Não fosse a incompetência do New York Islanders, que vencia o prélio por 3-0 até o terceiro período e permitiu a virada, o Boston teria uma vitória em cinco jogos e a situação seria mais dramática.

O erro pode ser atribuído à alta rotatividade do elenco, que perdeu sete jogadores, sendo cinco titulares e dois reservas. O ataque perdeu Phil Kessel (70 jogos e 60 pontos), P.J. Axelsson (75 jogos, 30 pontos) e Stephane Yelle (77 jogos, 18 pontos). A defesa sofreu as baixas de Aaron Ward (65 jogos, 10 pontos), Shane Hnidy (65 jogos, 12 pontos) e Steve Montador (13 jogos, 1 ponto). E entre as traves a equipe se despediu de Manny Fernandez (28 jogos, 16 vitórias).

Soma-se a isso o fato de que David Krejci, vice-artilheiro da equipe na temporada passada com 73 pontos, está voltando de contusão e Tim Thomas, vencedor do Troféu Vezina como melhor goleiro, não repete o mesmo nível de atuação que o consagrou.

O erro também pode estar nos times especiais, que inexistem. O aproveitamento da equipe de vantagem numérica é de 13,8%, ruim o bastante para ser o sexto pior da liga, enquanto o desempenho com um homem a menos está apenas uma posição melhor, com 69,2% — sim, existem seis times com menos do que isso.

Os jogadores não estão comprometidos o suficiente, não estão se esforçando ao máximo e não estão pensando antes de tomar decisões dentro do gelo. A consequência disso é simbolizada pela bobagem cometida pelo defensor Andrew Ference que resultou no gol em desvantagem numérica de David Jones, do Colorado Avalanche, na segunda-feira.

A mini-excursão pelo sul do país é vista como a oportunidade ideal para o grupo se unir e recuperar o foco, tornar o jogo simples de novo. No fim de semana, o Boston enfrenta o Dallas Stars e o Phoenix Coyotes em noites seguidas. Os Bruins estão otimistas: eles sabem que vão voltar pra casa melhores do que quando saíram, até porque seria quase impossível piorar.

Ainda é muito cedo para acionar o botão de desespero, mas os Bruins podem olhar de antemão para o prospecto Oliver Wahlstrom, que promete ser um atacante de primeira. O garoto de nove anos marcou o gol mais bonito que o TD Garden verá este ano.


Milan Lucic x Phil Kessel


Quando os Bruins renovaram o contrato de Lucic por três anos e US$ 12,25 milhões, ficou claro que a gerência fez uma escolha entre ele e Kessel.

No limite do teto salarial, não havia espaço para o novo contrato de Kessel, que foi negociado com o Toronto Maple Leafs e recebeu da nova equipe US$ 5,4 milhões. Mas não sobrou espaço porque a gerência montou o time deixando de fora o seu goleador, comprometendo o orçamento com os salários de outros jogadores. Kessel marcou 36 vezes na temporada 2008-09, mais do que qualquer outro Bruin, mais do que Lucic em toda a sua carreira.

Aos 21 anos, Lucic é um atacante de força, espécie de jogador difícil de ser encontrada. Em sua melhor temporada (2008-09), marcou apenas 42 pontos, atuando em média 14:57 por jogo. Nos juniores, seus números nunca saltaram aos olhos. Com todo o seu tamanho e força física, era de se esperar que ele fosse dominante em vantagem numérica, mas até hoje marcou míseros três gols nesta situação. O maior defeito de Lucic é não chutar. Como dizia Wayne Gretzky, "você perde 100% dos chutes que não chuta", numa tradução literal.

Com mais minutos de penalidade do que chutes a gol, Lucic está na companhia de jogadores, no mínimo, obscuros, como Ben Eager, Cody McLeod, B.J. Crombeen, Matt Cooke, Brad Winchester, David Clarkson e Steve Ott, entre aqueles que marcaram mais de dez gols na última temporada. Não é o tipo de companhia que o Boston deseja para seu jogador.

O gerente geral, Peter Chiarelli, admitiu seu desconforto em oferecer um contrato tão valioso para um atleta tão jovem. Lucic é um daqueles jogadores que a lenda pesa mais que a contribuição ofensiva, daí o tamanho de seu contrato. No ano que vem, a pressão será diretamente proporcional ao novo salário e, a menos que comece a chutar mais, Lucic não vai cumprir com as expectativas.

O ótimo retorno da troca de Kessel é o consolo para que os Bruins não se sintam arrependidos por sua escolha.

Humberto Fernandes torceu para o Uruguai, em vão.

AP
Em seu terceiro jogo na temporada, o Boston Bruins foi surrado pelo Anaheim Ducks por 6-1.
(08/10/2009)

Elsa/Getty Images
Contra o New York Islanders, a equipe buscou a virada improvável.
(10/10/2009)

AP
O time de vantagem numérica é tão ruim que até gol sofreu diante do Colorado Avalanche.
(12/10/2009)

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Página publicada em 14 de outubro de 2009.