Por: Humberto Fernandes

Chicago Blackhawks
Quem chegou: P Marián Hossa, C John Madden, C Tomáš Kopecký.
Quem saiu:
P Martin Havlat, C Samuel Pahlsson, D Matt Walker, G Nikolai Khabibulin.

Logo após se credenciar dentro do gelo como um dos favoritos ao título da Copa Stanley, com a campanha até as finais de conferência, o Chicago Blackhawks decidiu investir pesado para 2009-10, acreditando que esta pode ser a temporada em que o time finalmente vai sair da fila. A gerência reforçou o elenco com a melhor opção do mercado, o atacante Marián Hossa, e trouxe profundidade para as linhas inferiores, com o agressivo Tomáš Kopecký e o defensivo John Madden. O time que já era muito bom ficou ainda melhor. Martin Havlat e Samuel Pahlsson são facilmente substituídos por Hossa, Madden e Kopecky. A defesa perdeu o esforçado Matt Walker, mas nada que abale o setor que conta com alguns dos melhores nomes da liga. A grande dúvida está depositada nos ombros de Cristobal Huet. Contratado no ano passado, Huet deveria ser o número um, mas Nikolai Khabibulin demonstrou toda a sua excelência e reinou no gol dos Hawks. Agora titular, Huet enfrentará a desconfiança associada a um goleiro que apareceu muito tarde na NHL. Agora os espinhos. E não foram poucos. Primeiro o Chicago assinou com Hossa por 12 anos - algo que fez a NHL torcer o nariz e estudar a configuração do contrato -, para só depois examinar o atacante e descobrir que ele estava machucado e teria que ser operado. Depois o então gerente geral Dave Tallon perdeu o prazo para enviar as propostas pelos agentes livres restritos do time e para não perder também os jogadores precisou pagar muito mais caro por eles. É claro que isso lhe custou o emprego. Mas o melhor capítulo deste time aspirante ao título foi protagonizado por Patrick Kane, aspirante a ídolo, que agrediu um taxista idoso por causa de míseros 20 centavos e manchou sua reputação, que não vale mais sequer o troco que o taxista não tinha para lhe devolver.

Columbus Blue Jackets
Quem chegou: C Samuel Pahlsson, G Mathieu Garon.
Quem saiu: D Ole-Kristian Tollefsen, C Mike Peca, C Manny Malhotra, P Jason Williams, G Wade Dubielewicz.

Depois de disputar os playoffs pela primeira em nove anos de história, os planos do Columbus para esta temporada poderiam se resumir a estar entre os 16 melhores times da liga novamente. Mas o treinador Ken Hitchcock não quer apenas competir por uma vaga na pós-temporada: ele quer perseguir o Detroit e alcançar a liderança da Divisão Central. No entanto, a lista de reforços dos Blue Jackets é muito pequena para quem tem um objetivo tão grande. Chegaram ao time o central defensivo Samuel Pahlsson, uma das cinco melhores aquisições recentes em toda a liga, e o goleiro Mathieu Garon. Se poucos chegaram, muitos saíram. Deixaram o time os veteranos Manny Malhotra, Mike Peca, Chris Gratton, Jason Williams, Christian Backman, Ole-Kristian Tollefsen e Jiri Novotny. Outro reforço pode ser o atacante russo Nikita Filatov, que passou a temporada anterior na liga menor e, com apenas oito jogos na NHL, já tem um hat trick. Sua ascensão ao time principal depende do planejamento da direção, porque talento ele tem aos montes. A maior necessidade da equipe não foi atendida. Os Blue Jackets continuam dependendo de uma defesa de quinta categoria. Assim, resta torcer para que o milagreiro Steve Mason continue roubando jogos, como fez ano passado a ponto de faturar o Troféu Calder e concorrer ao Troféu Vezina. A prioridade da gerência para o período entre temporadas era renovar o contrato do capitão Rick Nash - perder o maior jogador da história da franquia teria um impacto mais negativo do que ficar de fora dos playoffs. Missão cumprida: Nash será do Columbus por mais oito temporadas, tempo que não deve ser suficiente para Hitchcock e os Blue Jackets destronarem os Red Wings..

Detroit Red Wings
Quem chegou: P Patrick Eaves, P Jason Williams, P Todd Bertuzzi.
Quem saiu:
P Marián Hossa, P Jiri Hudler, P Mikael Samuelsson , G Ty Conklin, C Tomáš Kopecký, D Chris Chelios.

Ser bicampeão na era do teto salarial é possível. Esse foi o grande tabu derrubado na temporada passada. Se é verdade que os Red Wings não conquistaram o título, também é verdade que eles chegaram tão perto (um jogo!) que foi possível imaginá-los dando ao campeonato de 2009 o mesmo fim do de 2008. As férias não foram muito proveitosas para o Detroit. A limitação imposta pelo teto salarial frustrou as pretensões da gerência, que em seus nada humildes devaneios planejava manter o atacante Marián Hossa na cidade. O eslovaco se mandou para Chicago e levou o compatriota Tomáš Kopecký. Também deixaram o time os atacantes Mikael Samuelsson e Jiri Hudler. Os quatro foram responsáveis por 30% dos gols marcados pelos Red Wings na temporada passada. Pela primeira vez em muitos anos o Detroit não esteve ativo no mercado durante a entressafra. As grandes negociações da equipe foram realizadas ainda na campanha anterior, com as renovações contratuais de Henrik Zetterberg e Johan Franzen. Sobrou pouco espaço, suficiente para trazer reforços com cara de jornal de ontem: os atacantes Jason Williams e Todd Bertuzzi são velhos conhecidos da torcida. Patrick Eaves é a única novidade. Com contratações inexpressivas, a expectativa maior estará nos jogadores que enfim terão trabalho em tempo integral no time principal. Darren Helm, Ville Leino e Jonathan Ericsson são os maiores reforços da equipe. Outro que terá a sua primeira chance no Detroit será Jimmy Howard, goleiro recrutado e preparado na organização. Esta parece uma temporada de transição para os Red Wings, ainda que o time possar brigar pela Copa. Com tanto salário deixando a folha de pagamento nas próximas férias, a gerência já pensa no elenco de 2011.

Nashville Predators
Quem chegou: C Marcel Goc, P Ben Guite, C Ben Eaves.
Quem saiu:
C Scott Nichol, C Vernon Fiddler, C Radek Bonk, D Greg Zanon, D Ville Koistinen.

Na temporada passada a Divisão Central classificou quatro dos seus cinco times para os playoffs. Apenas o Nashville Predators ficou de fora da festa, por uma diferença de quatro pontos. Para 2009-10, enquanto todos os rivais de divisão se reforçaram, os Predators se enfraqueceram. Diversos jogadores deixaram o time, entre eles os bons defensores Greg Zanon e Ville Koistinen e os centrais Vernon Fiddler, Scott Nichol e Radek Bonk. Os reforços são irreconhecíveis: Marcel Goc, Ben Guite e Ben Eaves são jogadores de quarta linha, nada mais do que isso. Para completar o time serão promovidos alguns prospectos da organização. Assim, o bom treinador Barry Trotz terá que fazer mais com menos, missão com a qual ele já está acostumado. Mesmo nos quatro anos em que se classificaram consecutivamente para os playoffs, os Predators tinham um time modesto. Mesmo com o retorno de Steve Sullivan, que se recuperou de uma série de contusões, a equipe não tem muitas opções de ataque. A esperança está na defesa, ponto forte do time, liderada pelo excelente Shea Weber. O Nashville tem uma das menores folhas de pagamento da liga, o que não chega a ser uma novidade. Não parece ser a intenção da gerência, mas a folga no teto salarial permite reforçar a equipe durante a temporada. Com um time tão carente, em uma divisão tão forte, a perspectiva não poderia ser pior. Mas os Predators já fizeram o papel de azarão em outras oportunidades e se deram bem. Trotz consegue extrair muito do pouco que tem. Então não será surpresa se os Predators se classificarem para os playoffs - como também não será se eles terminarem no último lugar da Conferência Oeste.

St. Louis Blues
Quem chegou: D Brendan Bell, G Ty Conklin.
Quem saiu:
D Jay McKee, D Jeff Woywitka, P Dan Hinote, G Manny Legace.

Não parecia que a temporada 2008-09 seria boa para o St. Louis Blues. As contusões dizimavam o elenco que amargava a última posição da Conferência Oeste. Então foi escrita a mais bela história da competição: os Blues arrancaram da última para a sexta posição, cravando a melhor campanha da liga (24-8-6) na segunda metade da temporada. O retorno aos playoffs foi a recompensa para o time que geralmente era a zebra. Uma zebra azul e amarela. Para manter o nível da boa fase da última temporada os Blues contarão com reforços de dentro da própria organização. O atacante Paul Kariya e os defensores Erik Johnson e Eric Brewer estão de volta, depois de perderem praticamente toda a campanha anterior. Novidades, mesmo, só o defensor Brendan Bell e o goleiro Ty Conklin. Curiosamente, nenhum dos dois chega para ser titular da equipe. As baixas são mais numerosas, mas nada que desperte saudade nos torcedores. Na verdade os Blues fizeram uma limpeza no elenco, dispensando todos aqueles que não eram mais necessários ao time, como o defensor Jay McKee, o atacante Dan Hinote e o goleiro Manny Legace. O treinador Andy Murray montou um time competitivo, mais profundo que o do ano passado, a partir de sua mentalidade vencedora. A defesa está entre as melhores da liga e o goleiro Chris Mason provou ser confiável. Os Blues prometem muito para esta temporada. E são justamente as expectativas que podem prejudicar o time, porque ninguém espera da versão 2010, melhor e mais experiente do que a anterior, menos do que a classificação para os playoffs conquistada no ano passado. Eles não são um grande time no papel, mas tentam provar que são um grande time dentro do gelo. Nas mãos de Murray, os Blues podem chegar lá.

Humberto Fernandes é colunista de TheSlot.com.br.
Número 240
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-09 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 30 de setembro de 2009.