Por: Alexandre Giesbrecht

Até o disco cair para que o jogo 5 se iniciasse, tínhamos uma final de Copa Stanley com simetria ímpar. Os quatro jogos anteriores foram vencidos pelos respectivos times da casa por uma diferença de dois gols, com o adversário tendo plenas chances de ter vencido também. De tão improvável, tal simetria teria de ser quebrada no jogo 5.

E foi.

A única parte simétrica a ser mantida foi a vitória do time da casa. A diferença de dois gols foi para o espaço, e foi para o espaço com retumbância, assim como o equilíbrio por parte do adversário — não por acaso, o fim de uma tem tudo a ver com o fim da outra. Os Wings não precisaram jogar tão bem quanto nas duas primeiras partidas do ano passado para dominar os Penguins de maneira parecida. Em certos momentos, especialmente no segundo período, tinha-se a impressão de que os Penguins no gelo eram pinguins de verdade, daqueles amestrados, que sabem fazer apenas um ou outro truque.

Infelizmente para a torcida de Pittsburgh, nenhum desses truques parecia ser o suficiente para se competir em uma partida de hóquei profissional. Os Wings não tinham nada a ver com isso e aproveitaram-se para tirar a barriga de sua vantagem numérica da miséria, dar a Pavel Datsyuk seus primeiros pontos em semanas logo em sua volta de contusão, chutar a gol como se fosse um mero treino... e, claro, abrir uma vantagem na série que lhes permite conquistar o título com uma simples vitória em qualquer um dos próximos dois jogos, sendo um deles em casa.

Aos Penguins, fica a decepção de um time que achou que estava a um passo da virada quando, bem, virou o jogo anterior com uma avalanche de gols no segundo período. Uma avalanche ainda maior no segundo período do jogo 5, desta vez marcada pelo adversário, sepultou o embalo, se é que tal embalo existiu, porque não se viu vestígio dele no jogo 5. Ou melhor, viu-se, mas foi, muito provavelmente uma ilusão de ótica: em vantagem numérica na primeira metade do primeiro período, os Pens poderiam ter calado a torcida e saído na frente, mas os dois minutos com um homem a mais não resultaram sequer um chute a gol. Quatro minutos depois, os de vermelho marcariam o único gol de que iriam precisar.

Na falta de produtividade ofensiva, os Penguins perderam o controle. Não só no gelo, como ficaria comprovado ao longo do massacre do segundo período, mas também nos nervos. Sidney Crosby atacou seu principal marcador, Henrik Zetterberg (parêntese: Zetterberg marcador? Isso é que é jogador completo), e Maxime Talbot fez pior ainda ao atacar o pé contundido de Datsyuk, em uma jogada com menos esportividade que numa eventual luta entre José Dirceu e Roberto Jefferson. Tais atitudes levaram o colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette Ron Cook a se perguntar por um instante se não estava assistindo a uma partida do Philadelphia Flyers.

Não foi esse tipo de hóquei que levou os Penguins a ficar a duas vitórias da Copa Stanley — eles já têm uma campanha no mínimo igual à do ano passado —, e não será com ele que eles conseguirão virar esta série. Se há um time na NHL qe não se intimida com facilidade, mesmo com golpes baixos, este time é o Detroit Red Wings. E, se há um time que pode vencê-lo jogando hóquei, este time é o Pittsburgh Penguins.

Esta série só chega ao sétimo jogo se o Pittsburgh Penguins que se vir no jogo 6 for aquele que joga hóquei, não aquele que envergonhou a sua torcida no sábado, especialmente em termos de esportividade.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, só perde a esportiva quando se trata de política brasileira.
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Página publicada em 8 de junho de 2009.