Por: Marcelo Constantino

O Chicago Blackhawks conseguiu empatar os dois primeiros jogos contra o Detroit Red Wings nessa final da Conferência Oeste. Em ambos os jogos o Chicago abriu o placar, deixou o adversário virar, mas empatou em 2-2 no terceiro período. Em ambos os jogos o Chicago marcou em vantagem numérica (VN). Em ambos os jogos o Chicago parou por aí e perdeu.

A partir desse segundo gol, a história se repetiu: Mikael Samuelsson desempatou para o Detroit. No jogo 1 foi a tempo de o time marcar mais outros dois gols. No jogo 2 foi na prorrogação.

Samuelsson é um contestado jogador de terceira linha do time. Boa parte da torcida o tolera, para dizer o máximo. Muitos não engolem o fato de ele estar constantemente no segundo time de VN — mas ele está lá mais porque é o único destro do time que não Brian Rafalski. Jogador raçudo, que eventualmente tenta fazer mais do que suas limitações o permitem, ele vem sendo um dos principais jogadores que justificam a famosa história da profundidade da equipe dos Red Wings.

Foi assim que ele marcou o gol da vitória no primeiro jogo. Dominando o disco na zona ofensiva, tentando fazer mais do que lhe dão crédito, girando e batendo pro gol do jeito que podia (outra "mania" dele). Foi também graças a uma boa jogada defensiva dele, na prorrogação do jogo 2, que começou o derradeiro ataque dos Red Wings, terminando num 3-contra-1 e gol. Dele, Samuelsson. O autor dos dois gols da vitória nos dois primeiros jogos da série.

Sammy peregrinou sem muito sucesso por alguns outros times da liga até aportar no Detroit. Foi lá, ao lado da "família sueca", que ele finalmente apareceu para a NHL.

Daniel Cleary é outro que peregrinou por diversos outros times da liga até aportar no Detroit e finalmente começar a aparecer para a NHL. O caso de Cleary é diferente, porque ele era, até então, uma daquelas escolhas altas que decepcionam. Recrutado na primeira rodada (13ª escolha geral) do recrutamento de 1997 pelo Chicago Blackhawks, ele só começou a surgir efetivamente dez anos depois, quando marcou 20 gols e 40 pontos pelo Detroit na temporada e foi um importante jogador da equipe na corrida pela Copa, que terminou nas finais de conferência. Dali em diante ele se consolidou como um importante membro da equipe.

Cleary marcou dois gols no jogo 1, e mais um no jogo 2. Dois dos gols foram em entrando livre cara-a-cara com o goleiro (breakaway). Cleary foi também o autor do gol da vitória no jogo 7 contra o Anaheim Ducks. É o tipo de jogador que pode ser usado em qualquer situação: seja na primeira, seja na quarta linha, seja na VN ou matando penalidades, Cleary é útil em todas as ocasiões. Atualmente ele joga na principal linha do time, ao lado de Joahn Franzen e Henrik Zetterberg.

Cleary e Samuelsson foram as grandes estrelas ofensivas do Detroit nesses dois jogos, mas é impossível deixar de creditar parte de ambas as vitórias, sobretudo a segunda, ao goleiro Chris Osgood. Eu não me lembro (mas minha memória pode falhar, claro) da última vez em que o Detroit permitiu tantos disparos a seu gol quanto os 37 do Chicago no jogo 2. E Osgood estava lá, fazendo seu trabalho, defendendo cada um deles, exceto dois.

É verdade que nenhuma das apresentações do veterano e contestado goleiro pode ser classificada como brilhante, sensacional, ou qualquer coisa que semelhante. Nenhuma vitória dos Red Wings deve ser creditada a ele — não como se creditam, por exemplo, a Jonas Hiller ou Cam Ward nesses playoffs. Mas não é isso que se espera de Osgood. Dele espera-se tão somente o que ele já vem fazendo: atuações sólidas de um goleiro campeão. De um goleiro rumo a nada menos que seu quarto anel de Copa Stanley.

Detroit rumo a outra final?
O panorama dos primeiros jogos indica uma leve superioridade dos Red Wings — mais leve do que os placares e a vantagem temporária de 2-0 na série. Em princípio é apenas uma tendência. Em Chicago o técnico Joel Queeneville terá a oportunidade de tentar livrar seus melhores atacantes, Jonathan Toews e Patrick Kane, da marcação de Nicklas Lidstrom. É certo que ele vai buscar isso, mas não se sabe se ele manterá os dois em linhas separadas, como no jogo 2, ou se vai reuni-los, como no jogo 1.

Seja como for, do jogo 1 para o jogo 2 o Chicago já melhorou muito. A rigor, o Chicago começou melhor a série, até o gol de empate de Cleary. Dali em diante o Detroit tomou as rédeas do jogo 1. No jogo 2, bem mais equilibrado, o Chicago realmente jogou de igual para igual. Se seus jovens atacantes conseguirem imprimir um ritmo mais rápido aos defensores dos Wings, talvez seja essa a grande chance dos Hawks. Por ora não estão conseguindo.

Kane, uma das principais armas ofensivas do time e um dos mais promissores jovens da NHL, marcou um hat-trick no jogo final contra o Vancouver Canucks. Nesta série, ainda não marcou, assim como Pavel Datsyuk e Marian Hossa. Ou seja, ainda temos muito pela frente.

Penguins x Hurricanes
Assistindo ao jogo 1 eu confirmei uma estranha sensação que tenho: eu aposto nos Pens, de alguma forma eu vejo mais eficácia na forma de jogar deles, mas os meus olhos viam os Canes jogando mais, pressionando mais. Realmente não sei explicar, de alguma forma eu vejo o time do Pittsburgh com alguma coisa acima, como aquele time que, no fim das contas, saberá vencer a série do seu jeito.

A se confirmar o panorama desse jogo, é série para sete jogos, e sete sensacionais jogos. Aliás, como geralmente têm sido os jogos dos Penguins nesses playoffs.

Marcelo Constantino recomenda "Valsa com Bashir", livro e filme.

AP
Mikael Samuelsson comemora seu gol da vitória na prorrogação do jogo 2 contra o Chicago. Ele também marcou o gol da vitória no jogo 1.
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Página publicada em 21 de maio de 2009.