Por: Humberto Fernandes

Na semana passada oito equipes deram adeus à disputa da Copa Stanley 2009, eliminadas ainda na primeira fase.

Algumas lutaram além do que era esperado, como o New York Rangers caindo apenas no jogo 7; outros sucumbiram precocemente, embora não seja surpreendente que o San Jose Sharks mais uma vez tenha amarelado.

Para essas equipes, os próximos meses serão de férias e de planejamento. É hora de rever o que deu certo e o que não funcionou em 2009.

A temporada 2010 está logo ali.


New Jersey Devils
O problema recorrente para os Devils é o dilema envolvendo Martin Brodeur. O goleiro é sobrecarregado durante a temporada regular e chega desgastado aos playoffs, o que o impede de atuar em sua melhor condição física e mental.

Desta vez foi diferente. Uma contusão limitou Brodeur a 31 jogos, permitindo que o goleiro recordista de vitórias da NHL chegasse inteiro e descansado aos playoffs.

Entretanto, isso não fez a menor diferença. Os Devils caíram em sete jogos diante do Carolina Hurricanes. Brodeur fez a sua parte, com 92,9% de defesas e 2,39 gols sofridos por jogo, sua melhor atuação desde 2003, mas mesmo assim marcada por altos e baixos.

Os Devils serão por muitos anos o time de Zach Parise. Ele é a pedra fundamental da necessária renovação do elenco. A primeira boa notícia é a provável continuidade do trabalho de Brent Sutter.


Philadelphia Flyers
As chances dos Flyers nos playoffs foram limitadas pelos maus negócios realizados pela gerência, que conviveu com a pressão de manter o elenco dentro do teto salarial por praticamente toda a temporada e foi obrigada a se desfazer de profundidade (Ossi Vaananen e Glen Metropolit) para não estourar o limite. As baixas enfraqueceram o elenco.

Não conformada, a gerência ainda trocou Scottie Upshall por Daniel Carcillo. Talento inerte por força física, algo que já transbordava no Philadelphia.

Mesmo eliminados em seis jogos para o Pittsburgh Penguins, os Flyers têm um belo time. A dupla de centrais, Mike Richards e Jeff Carter, é uma das melhores da liga. Para eles o futuro é promissor.


New York Rangers
Os Rangers perderam a série mais ganha dos playoffs. John Tortorella tem culpa nisso.

Depois da vitória no jogo 4, que ampliou a liderança da equipe para 3-1 na série, o treinador barrou Sean Avery pelo excesso de penalidades cometidas naquela noite. É verdade que Avery pôs tudo a perder, mas a química do time funcionava bem assim, tanto que os Rangers venceram três dos quatro primeiros jogos.

No jogo 5, sem Avery, foram derrotados. E quem protagonizou um lance digno do jogador mais polêmico da liga foi o próprio Tortorella, que discutiu asperamente com um torcedor atrás do banco de reservas antes de molhá-lo com água. A NHL o suspendeu por um jogo.

Adivinhe quem estava no gelo no jogo 6? Avery. Ironicamente, seu técnico, não. Mas o estrago já estava feito.

Os Rangers precisam passar por uma reformulação completa, a começar pelo gerente geral Glen Sather. Enquanto ele continuar distribuindo longos e milionários contratos para ex-jogadores em atividade (Wade Redden), não há solução.


Montreal Canadiens
O ano do centenário foi um show de horrores. Os Habs dominaram os noticiários, mas nas páginas erradas. Os jogadores se envolveram em várias polêmicas, como a ligação dos irmãos Kostitsyn com o crime organizado e os hábitos nada saudáveis de Carey Price.

O fim foi antecipado pelo gerente geral Bob Gainey, que demitiu o treinador Guy Carbonneau às vésperas dos playoffs e assumiu o seu lugar como técnico. Isso nunca funcionou antes e não seria dessa vez que traria resultado. Com Gainey no comando, os Canadiens ganharam seis de 16 jogos disputados na temporada regular e foram varridos nos playoffs.

O Montreal será uma incógnita na temporada 2010. Há boatos cogitando a saída de Saku Koivu, que deixaria a equipe para se juntar ao seu irmão no Minnesota Wild. Alexei Kovalev, muito criticado e até barrado durante a temporada regular, marcou 20% dos gols da equipe nos playoffs, mas não tem contrato para o ano que vem, assim como a maioria do elenco. É a oportunidade para reconstruir o time.


San Jose Sharks
Agora que foram novamente eliminados na primeira fase, os Sharks não são o time sensacional da temporada regular, mas um bando de amarelões. É a teoria do "você é tão bom quanto seu último resultado".

É verdade que o time carece de profundidade ofensiva, mas ninguém constrói um time campeão da Copa Stanley imediatamente. Os Sharks têm uma base e é a partir dela que a gerência deve trabalhar. Entre desmanchar o time, como especulado amplamente na imprensa desde a eliminação, ou fazer uma nova tentativa na próxima temporada, não há dúvidas de que a segunda opção é a ideal.

Os jogadores foram perguntados pela imprensa sobre o que a gerência deveria fazer com o time. Rob Blake foi o único que respondeu abertamente que o time merece uma segunda chance. Claro, Blake não tem contrato para a próxima temporada e adoraria disputar mais um ano em um time competitivo. Por um salário bem menor, ele ainda tem valor.

Esse time pode ganhar a Copa Stanley. Trocar Joe Thornton por Jason Spezza não é a solução.


Calgary Flames
Os Flames terminaram a temporada regular disputando jogos com um, dois e às vezes até três jogadores a menos no elenco, porque os reservas não cabiam no apertado orçamento. A perda do título da Divisão Noroeste, que a equipe liderava com folga, é reflexo da má administração dos recursos.

As apostas no dia-limite de trocas foram corajosas, dignas de quem lutaria pela Copa Stanley. Mas as baixas na defesa e a falta de profunidade aniquilaram as chances do time.

Hora de dar adeus a Michael Cammalleri, porque não há espaço no teto salarial para a manutenção do segundo melhor atacante do time.

Para 2010 o caminho é apostar nos medalhões. E torcer para que eles não se machuquem no momento decisivo. Um pouco mais de paciência para Mike Keenan faria bem a Miikka Kiprusoff.


St. Louis Blues
A melhor história da temporada. Das últimas colocações da liga para os playoffs, com a melhor campanha do ano de 2009. Contra o Vancouver não havia muito o que fazer, mas os Blues venderam caro cada derrota.

E a previsão para a próxima temporada é ainda melhor. Os Blues têm tudo para estar entre os protagonistas. O time é jovem e conta com muitos jogadores talentosos, que ainda não demandam salários astronômicos. Os principais nomes do elenco já têm contrato assinado e há espaço no teto salarial para o treinador Andy Murray reforçar o time.

Os dois principais reforços virão da própria organização: os defensores Erik Johnson e Alex Pietrangelo. Assim os Blues terão uma das melhores defesas da liga, o que, combinado a um ataque profundo, um goleiro competente e um dos treinadores mais inteligentes do esporte, garantem um time que vai disputar as primeiras posições de sua conferência.


Columbus Blue Jackets
A primeira aparição da equipe nos playoffs colocou Columbus no mapa do hóquei. Já era hora da torcida local provar o sabor da verdadeira temporada de hóquei no gelo. Créditos para Ken Hitchcock, que implantou com sucesso sua filosofia de trabalho, responsável pela melhor temporada da história da franquia.

O ano que vem pode ser ainda melhor, basta usar o dinheiro com sabedoria. A principal carência do time é defensiva, então que gastem todo o espaço no teto salarial para reforçar o setor. O ataque já é profundo o suficiente e vai ficar ainda mais com Derick Brassard e Nikita Filatov. O goleiro Steve Mason provou que carrega o piano. Então é hora de somar dois bons defensores ao time e lutar para superar a marca desta temporada.

Humberto Fernandes, desta vez, não esteve em lugar nenhum no fim de semana.

AP
Chegou a hora da aposentadoria, Jeremy Roenick. Faça os Sharks felizes.
(29/04/2009)

AP
Michael Cammalleri se esquiva dos repórteres e deixa (em definitivo?) o vestiário do Calgary Flames.
(29/04/2009)

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Página publicada em 6 de maio de 2009.