Por: Marcelo Constantino

Com o devido perdão aos torcedores do Vancouver, Chicago, Boston e Carolina, as séries mais representativas até aqui são as disputadas entre Detroit x Anaheim e Washington x Pittsburgh. E olha que os jogos entre Vancouver e Chicago, exceto pelo terceiro, têm sido ótimos.

Sobretudo a série que confronta os dois grandes da NHL, Alex Ovechkin e Sidney Crosby, tem sido espetacular. Grandes expectativas devidamente supridas com grandes jogos e grandes atuações até o jogo 2. Aliás, o jogo 2 foi qualquer coisa de sensacional, o melhor dos playoffs deste ano.

Tendo vencido o jogo 1 de forma apertada, os Capitals estiveram atrás no placar durante boa parte do jogo 2. Até que, com o jogo empatado, Ovechkin resolveu acabar com o jogo, marcando duas vezes e selando seu primeiro hat-trick em playoffs. Para não ficar atrás, Crosby em seguida finalizou também seu primeiro hat-trick em playoffs e encurtou a distância, mas os Pens não conseguiram empatar. No duelo dos dois grandes, com atuações soberbas de ambos, Ovechkin venceu. Então você tem num mesmo jogo de playoffs dois hat-tricks, e dos dois maiores jogadores da liga. Quer mais?

Quando esta edição estiver sendo publicada, possivelmente o jogo 3 já estará encerrado. Seja qual for o vencedor, minha aposta é de mais um grande espetáculo, com as duas estrelas brilhando novamente.

Paradoxalmente, eu vejo nos Penguins um time mais consistente, mesmo estando atrás na série em dois jogos. Durante boa parte dos jogos eu vi os Pens dominarem a maior parte das ações — e raramente vi os Caps encurralando o adversário da mesma forma. E daí? A sensação menor Simeon Varlamov (a maior chama-se Jonas Hiller) geralmente estava lá para segurar a onda. E os Caps venceram os dois jogos em casa, isso é o que importa.

Ao menos na série entre Wings e Ducks, o time que vem jogando melhor está vencendo a série. O jogo 1 foi equilibrado, com Nicklas Lidstrom marcando o gol da vitória no último minuto.

Já o jogo 2 lembrou muito o panorama de anos atrás. Sabe aquela coisa de Detroit-domina-chuta-chuta-chuta-chuta-chuta-faz-goleiro-adversário-virar-barreira-intransponível-e-perde-o-jogo? Foi o tema do jogo 2.

Todd Marchant, logo ele
Autor do gol na prorrogação do jogo 7 que fechou a espetacular série entre Dallas Stars e Edmonton Oilers em 1997, Marchant encerrou o mini épico jogo 2 entre Detroit e Anaheim na terceira prorrogação com um disparo relativamente simples. Mas longas prorrogações terminam geralmente assim: com gols provenientes de disparos relativamente simples.

O Detroit tentou vários deles, na proporção de dois para cada um do Anaheim. Mas nenhum deles entrou, todos pararam no brilho reluzente de Hiller. E, mesmo que o brilho de Osgood tenha reluzido em diversos momentos do jogo, o disparo de Marchant entrou.

Com a primeira derrota do time nos playoffs, imediatamente soou o alarme em Detroit, como se o time corresse perigo por conta daquela única e primeira derrota. "Os Ducks têm muita sorte!" "As estrelas do Detroit (leia-se linha de Hossa e Datsyuk) precisam brilhar!" No fundo o alarme era porque, dado o que foi visto nos dois primeiros jogos, já era possível identificar que o Anaheim, muito longe de ser um oitavo colocado franco atirador, é um time que joga de igual para igual contra o Detroit. Ou ainda: que o Anaheim está melhor na série.

Veio o jogo 3 e a confirmação: nada mais de domínio do Detroit. Excessivos passes não conectados, turnovers e Jonas Hiller acabaram por minar qualquer pretensão dos Red Wings de abrir o placar. A rigor, do jeito que andava, era difícil de imaginar que sairia um gol. Mas o panorama mudou. Num dado momento a linha de Pavel Datsyuk entrou no gelo e encurralou a defesa dos Ducks durante um longo tempo. Não conseguiu um gol, mas conseguiu uma vantagem numérica, rapidamente convertida por Henrik Zetterberg. Dali em diante praticamente só deu Detroit.

Que, a rigor, chegou a marcar o gol de empate. Terrivelmente mal anulado pela arbitragem, que não viu o disco solto rolando no gelo sob as pernas de Hiller e soltou o apito. O próprio Hiller admitiu que o apito veio cedo demais. O gol levaria o jogo para a prorrogação, situação em que os Ducks dominam os Red Wings absolutamente: eles venceram todas as últimas cinco prorrogações, desde 2003. Ou seja, talvez tenha sido uma poupança de sofrimento e energia para o Detroit.

O que ocorre é que o Anaheim está melhor mesmo. Chris Osgood vem surpreendendo a muitos, tendo ótimas atuações? É verdade, mas Hiller está ainda melhor. A defesa do time vem bem? Ok, mas a dos Ducks está melhor. Apesar de a linha de Datsyuk e Hossa estar em branco, o Detroit time tem conseguido rolar as quatro linhas e etc? Ok, mas a linha de Ryan Getzlaf é mais perigosa do que qualquer outra linha desse confronto.

Ambas as séries ainda têm muitos jogos pela frente, e têm tudo para chegar ao jogo 7. Ou não. Apesar do equilíbrio, os playoffs da NHL premiam constantemente os times mais batalhadores e mais eficientes. Esses prevalecerão.

Marcelo Constantino completou sua primeira corrida "oficial" de 10 km.

Kevork Djansezian/Getty Images
Marian Hossa comemora o gol que encerraria sua seca e que provavelmente levaria o jogo 3 entre Anaheim e Detroit para a prorrogação. O gol foi anulado porque o juiz não conseguia ver o disco e apitou, paralisando o jogo.
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Página publicada em 6 de maio de 2009.