Por: Thiago Leal

Quando trocou Sergei Fedorov por um então desconhecido François Beauchemin e um ex-jogador em atividade (Tyler Wright), o que Brian Burke tinha em mente? O ex-gerente geral do Anaheim queria apenas abrir espaço no teto salarial ou ele realmente esperava que Beauchemin, um zagueiro que o Columbus Blue Jackets pegou na desistência, viesse a se tornar o jogador mais sólido da defesa do Anaheim Ducks e peça fundamental da conquista da Copa Stanley na temporada seguinte?

Aliás, em sua chegada a Anaheim, Burke já chegou tomando atitudes semelhantes. Trocou Michael Holmqvist, uma 18ª escolha geral dos Mighty Ducks, por Travis Moen, garimpado na 115ª escolha pelos Flames. Em Anaheim Moen formou a Nothing Line, que também foi essencial para a conquista da Copa. Mike Leclerc foi enviado para Phoenix e Petr Sykora e Sandis Ozolinsh para Nova Iorque. Ou seja, Burke varreu salários numa atitude que muita gente compreendeu como loucura — ele estava destruindo o time. Fato é que naquela temporada os Ducks surpreenderam, chegaram à Final de Conferência. E com uma folha salarial enxuta, Burke ganhou a Copa ao trazer para a temporada seguinte — que, aliás, ele começou se livrando de Ruslan Salei, Stanislav Chistov, Todd Fedoruk e Joffrey Lupul, mas trouxe Pronger e, no Dia Limite de Trocas, Brad May. Se olharmos todas as negociações em que os Ducks se envolveram com Burke, o time mais dispensou do que adquiriu jogadores.

Ninguém pode dizer que fez mal.

Chegando em Toronto, Burke trouxe consigo o intimidador Brad May do Anaheim. O problema chamado Mats Sundin foi resolvido e o jogador finalmente saiu do Toronto sem nada em troca.

Então tivemos o Dia-Limite de trocas e, confirmando especulações, Nik Antropov (um salário de mais de dois milhões) foi negociado com o New York Rangers. Em troca uma escolha de segunda rodada e uma escolha condicional. Dominic Moore foi para Buffalo em troca de mais uma escolha de segunda rodada.

Mas o que Burke pretende adquirindo dois jogadores machucados — Jamie Heward e Olaf Kölizg? Opa! Peraí! Kölzig? Outro goleiro! Os Leafs ainda adquiriram no Dia-Limite Andy Rogers e... Martin Gerber? Mais um goleiro? Com esse já são quatro no elenco: ainda temos Vesa Toskala e Curtis Joseph! Também chega Erik Reitz de Nova Iorque.

Há quem ache que foi pouco. Eu diria que não. Tudo bem que foi o Dia-Limite de Trocas, mas não adiantaria nada para o Toronto se precipitar agora. A data é mais útil àqueles que precisam de reforços imediatos para jogar a pós-temporada, o que não deve ser o caso do Toronto, embora ainda seja possível.

OK... agora, o que se passa na cabeça de Brian Burke? O cara chega em Toronto, dispensa o Antropov e adquire um monte de desconhecidos e dois goleiros veteranos, sendo um deles machucado! Deve ter gente tentando suicídio nesse exato momento em Toronto, sem saber o que vai acontecer — afinal, Burke chegou aqui para ganhar uma Copa para o Toronto, coisa que não acontece a 47 anos. Se até o Anaheim conseguiu, por que o Toronto não conseguiria?

Mas meu raciocínio permite concluir... "paciência". Burke faz a coisa certa. Não sei como, mas faz Então, se Burke por algum motivo resolveu apostar em Reitz e Rogers, dois defensores, então vamos acreditar que esses dois defensores têm algo a acrescentar ao time. Não, eles não foram nada para a NHL até agora. Dois atletas dispensados que provavelmente ninguém queria. Porque Beauchemin e Moen não pareciam grande coisa para o Anaheim e acabaram sendo decisivos para a Copa Stanley.

Só não faço idéia de como advogar a favor de Kölzig e Gerber em Toronto. Não que Toskala e CuJo sejam o Muro de Berlim, mas por que dois veteranos? Nem tanto por Gerber, mas mais por Kölzig mesmo. Porque não acredito que o intuito seja apenas um reforço para o final de temporada regular. Então é bom para o torcedor do Toronto que Gerber faça mais que usar uma máscara do Darth Vader.


Para a pós/pré-temporada
Estranhei a não-saída de Tomas Kaberle e Pavel Kubina. Mas acredito que ainda não acabou. Conhecendo Burke, diria que durante a pré-temporada para 2009-10, os dois certamente serão negociados, assim como não precisa ser nenhum gênio para saber que o contrato de CuJo (que, acredito, será rebaixado a alguma franquia menor) não será ronovado. Certamente outros nomes serão dispensados. Mas podem esperar uma ou duas contratações de peso para reforçar o Toronto, especialmente para a defesa — Pronger? Outras opções: Niclas Havelid, Teppo Numminen, Sergei Zubov, Darryl Sydor...

E por que defesa? Simples. Primeiro porque esse é o estilo de Brian Burke — o que não significa um time defensivo, como os Ducks de 2003, mas sim um time com uma defesa forte, como o de 2007. E também porque o ataque do Toronto não deixa tanto a desejar e só precisa ser melhor trabalhado. A defesa, por outro lado, é a pior da Liga. Realmente alguma coisa precisa ser feita aqui. Por isso a necessidade de trocar de goleiros e conseguir novos defensores.

Também acredito numa possível dispensa de Toskala. O Toronto, que gosta de goleiros veteranos como ninguém, deve ficar com Gerber no gol e Kölzig no banco.

Os meses de agosto e setembro devem ser marcados por muitas dispensas e algumas contratações em Toronto. Mas a cirurgia aqui é mais complicada que em Anaheim.

O Toronto será reconstruído. É um processo demorado, mas Burke é a escolha certa para esse feito. Se alguém não pode ser trocado aqui, é ele.

Thiago Leal feels so alone, gonna end up a big ole pile a them bones.
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Página publicada em 05 de março de 2009.