Bob Murray e os Ducks surpreendem. O time mexe bastante durante as últimas horas do prazo final para transferências na temporada, mas a(s) troca(s) mais esperada(s) não aconteceu(ram): Chris Pronger e Scott Niedermayer permanecem em Anaheim. Ao invés disso, a Nothing Line, a mais consistente linha ofensiva da equipe teve dois dos seus três representantes negociados. Com envolvimento de prospectos e escolhas de recrutamentos, Murray teve a coragem que só Brian Burke teria: apostar em desconhecidos e promessas e arriscar algumas outras promessas. O que vai acontecer com os Ducks?
Pronger e Niedermayer
Nas últimas semanas que antecederam o Dia-Limite, não se falava outra coisa em Anaheim que não a possível saída de Niedermayer e Pronger. A ida de Brian Burke a Toronto e a possibilidade da franquia canadense negociar nomes como Nik Antropov (o que realmente aconteceu), Pavel Kubina ou Tomas Kaberle eram fortes indicadores de que Pronger, com mais dois anos de contrato em Anaheim, realmente sairia do time. Já Niedermayer, o que se falava é: está no seu último ano de contrato e, quem sabe, da carreira. Ele poderia voltar para os Devils e encerrar a carreira disputando uma Copa Stanley?
Para surpresa geral, nenhuma das duas coisas aconteceu. De qualquer forma, as interrogações em cima de Niedermayer continuam. Ele pára após essa temporada?
Steve Montador por Petteri Nokelainen
Primeira troca manifestada por Murray e os Ducks. E uma boa troca, do meu ponto de vista. Montador foi uma tentativa fracassada de fortalecer a defesa após a saída de Mathieu Schneider. Em Anaheim Montador não jogou bem como em Miami e logo mostrou que não servia para jogar ao lado de François Beauchemin, muito menos para substituí-lo em sua ausência.
Montador foi enviado para Boston por Petteri Nokelainen, um central finlandês jovem, que obviamente ainda é uma aposta. Mas vejo apostas em jovens jogadores europeus, principalmente bálticos/nórdicos, como boas. Nokelainen foi a 16ª escolha geral de 2004.
Linha do Nada...? Que nada!
A melhor linha do Anaheim é aquela onde estiverem Ryan Getzlaf e Corey Perry. Mas a mais forte, literalmente, era a linha conhecida como Nothing Line, que reunia o talento sueco de Samuel Pahlsson, a pontaria de Rob Niedermayer e a força de Travis Moen. Esse trio teve participação importantíssima na conquista da Copa Stanley e era uma formação que poderia servir tanto para segurar resultado quanto para atuar em vantagem numérica e forçar gols.
A Nothing Line foi reduzida a nada, pois Pahlsson e Moen foram negociados.
Pahlsson foi enviado para Chicago junto com o prospecto Logan Stephenson (não confundir com Logan MacMillan, primeira escolha dos Ducks em 2007) e mais uma escolha no recrutamento de 2009 em troca do defensor James Wisniewski e do atacante Petri Kontiola — que foi enviado imediatamente ao Iowa Chops. Wisniewski é um típico defensor que oferece apoio ao ataque, como os Ducks tanto gostam.
Já Moen foi para os Sharks ao lado de Kent Huskins, numa troca composta por apostas: o prospecto Nick Bonino, o goleiro Timo Pielmeier e uma escolha de recrutamento. São investimentos, claro. Mas investimentos que custam caro, nem tanto por Huskins, mas por Moen.
Como as duas trocas envolvem a Nothing Line, vamos analisá-las juntas: Wisniewski é um bom reforço, principalmente para o Anaheim que precisa fortalecer a defesa se quiser ir à pós-temporada. E o restante, não há como comentar, visto que são jogadores que podem vir a ser alguma coisa — lembremos que quando Beauchemin veio em troca de Sergei Fedorov, a reação de todo fã foi "QUEM?"
No final das contas, a troca pode garantir um bom futuro à franquia. Mas a Nothing Line já era. Ou alguém acredita que Rob Niedermayer é uma linha sozinho?
Eric O'Dell por Erik Christensen
Mais uma troca envolvendo prospectos. O'Dell foi a terceira escolha dos Ducks no recrutamento de 2008 e foi para Atlanta. Veio Erik Christensen, central que deve servir como reforço para as linhas mais baixas. Não vejo uma troca de um prospecto por um jogador de quarta linha como boa. Mas aparentemente, por ter obtido prospectos em trocas anteriores, os Ducks precisassem de algo mais imediato. Então veio Christensen.
Um outro prospecto, Eric Tangradi, já havia sido trocado na negociação que trouxe Ryan Whitney para Anaheim. Whitney e em seguida Wisniewski mostram preocupação com o reforço da defesa. Desse ponto de vista, o desmanche da Nothing Line não foi assim tão ruim, uma vez que o ataque dos Ducks, com exceção de Getzlaf, Perry, Ryan e alguns lampejos (flash...) de Selanne não vem rendendo bem. Então vale muito mais reforçar a defesa.
O futuro de Bob Murray
Para resumir o Dia-Limite em Anaheim: muitas trocas, pouca fama, muita promessa e risco maior ainda. Principalmente para Bob Murray. Tantas negociações, envolvendo prospectos e a Nothing Line, certamente vão exigir respostas de Murray. Mas é aquela típica situação... imagina que todas as trocas se revelem perfeitas para o Anaheim. Os desconhecidos prospectos revelem-se grandes jogadores para a franquia. O trabalho de Murray como gerente geral vai ser exaltado.
Claro que o contrário também pode acontecer e as trocas serem fracassos. E aí Murray enfia o seu trabalho pelo ralo.
Mas, no final das contas, é bom ter um gerente geral que goste de arriscar. Pelo menos saberemos a cabeça que vamos pedir caso o fracasso aconteça.
AP James Wisniewski, vindo de Chicago: defensor com presença ofensiva, o principal reforço do Anaheim no Dia-Limite. (14/01/2009) |
AP |
AP Erik Christensen, no Atlanta, promovendo um massacre de 8-4 sobre os Ducks: ele volta a Anaheim, mas para jogar pelo time da casa. (15/01/2009) |
Getty Images Timo Pielmeier, prospecto dos Sharks, agora no elenco dos Ducks. Ele vai ser aproveitado? (25/01/2009) |