Por: Igor Veiga

Atualmente na oitava posição da Conferência Oeste — um ponto atrás do sétimo colocado Minnesota Wild —, o Vancouver Canucks ainda tem todas as possibilidades de marcar presença na pós-temporada mais uma vez .

Além da capacidade do time, uma disputa ponto a ponto, como há tempos não se via, também nos ajuda a apostar mais umas moedinhas na equipe canadense.

Este ano, a Divisão Noroeste nos presenteou com um final de temporada regular eletrizante. Duas equipes aparecem na liderança com 82 pontos (Calgary e Colorado), com Minnesota vindo a seguir com 81, e logo abaixo, a dois centímetros de distância (leia-se dois pontos dos líderes), aparece a equipe da Colúmbia Britânica. Faltou o Edmonton, certo? Sim, faltou. É que os vice-campeões da Copa Stanley de 2006-07 estão penando no fundo da tabela e já fazendo as contas para o ano que vem...

 

Mas o que faltaria para os Canucks repetirem aquela campanha de 93-94 — a segunda e última vez que ganharam o Troféu Campbell —, quando fizeram uma fantástica série de sete jogos com os Rangers na final da Copa Stanley? A resposta pode ser fácil até para um garoto de cinco anos: Pavel Bure, Kirk McLean, Gus Adams...

Está certo que é difícil construir um time vitorioso como aquele, mas atualmente a equipe ainda conta com um conjunto de bons jogadores, que, se estiverem passando por um bom momento, podem sim mostrar um grande jogo e levar o clube de Vancouver a repetir a boa campanha do ano passado, quando terminou a temporada regular com o título da divisão, sendo eliminado nas semifinais da conferência pelo futuro campeão Anaheim Ducks.

Veja, por exemplo, os números da dupla Sedin-Sedin, os irmãos inseparáveis e "inquebráveis" (nesses sete anos de NHL, foram poucas as partidas em que os dois ficaram de fora... será algum segredo de família?). Henrik, o central, tem 66 pontos, sendo que 53 são de assistências — seu forte realmente nunca foi marcar gols. Daniel, o ponto esquerda, tem só um ponto a menos (65) e uma melhor pontaria na hora de acertar o fundo das redes dos goleiros adversários, com 26 gols, o que faz dele o artilheiro do time.

O excelente goleiro Roberto Luongo ainda é a única opção segura para guardar o gol da equipe, uma vez que o seu reserva direto Curtis Sanford participou de poucas partidas e, na maior parte da vezes em que entrou no gelo, acabou deixando muito a desejar. Ou seja, pesa aqui o fato dos Canucks dependerem de um Luongo saudável para este fim de temporada e para os playoffs, pois qualquer "acidente de percurso" nesse sentido pode praticamente marcar o fim da temporada para o clube canadense.

É claro, se estamos falando do elenco dos Canucks não poderia deixar de citar os nomes de Markus Naslund, Mattias Ohlund, Sami Salo, entre outros, jogadores que já deixaram sua marca na franquia e na liga mais disputada e cobiçada do hóquei mundial.

Mas, ainda que tenham elenco capaz de fazer bonito ainda este ano, o que anda preocupando não só os torcedores como principalmente o técnico Alain Vigneault são os altos e baixos do time. E também a "seca" do ataque...

Vancouver tem a oitava pior média de gols por partida da liga, incluíndo uma decepcionante derrota em casa para os Blue Jackets — e que ainda não foi muito bem digerida pelo elenco —, quando desperdiçaram uma vantagem de dois gols, e uma fraca atuação contra os Blackhawks, quando chutaram apenas 10 vezes ao gol adversário.

Some-se a isso o fato da equipe há tempos andar cambaleando na oitava posição da conferência, e que, apesar de uma seqüência de quatro vitórias em meados do mês passado, acabou perdendo pontos preciosos entre o fim de fevereiro e o início de março para equipes que não se encontravam na zona de classificação para os playoffs.

Mas se era motivação e ânimo de que a equipe precisava, as três últimas partidas caíram na hora certa. Foram 12 gols ao todo e três importantes vitórias contra Nashville, Blues e Kings — esta última conquistada nos últimos minutos — que colocaram o time muito perto do topo da divisão.

"Precisávamos desses pontos," disse o raçudo ponta esquerda — e um dos destaques do time este ano — Alexandre Burrows, após o jogo contra St. Louis. "Foram difíceis, mas eles estavam guardados para nós."

Os Canucks somam agora seis vitórias nas últimas 10 partidas.

Pena que quando chegam as boas notícias, algumas más acabam vindo juntas no pacote, ameaçando tornar as coisas mais difíceis em Vancouver.

Tome como exemplo a boa notícia da recuperação de Brendan Morrison, que há três meses se recupera de uma cirurgia no pulso, mas que deve voltar a jogar ainda este mês. Seria uma baita injeção de ânimo no elenco, não?

E o defensor Mattias Ohlund, que sofreu lesionou o joelho durante uma partida contra os Avs e que ficou inclusive ameaçado de perder o resto da temporada? Por sorte, parece não ter sido algo muito grave, uma vez que já no último sábado à noite ele já estava de volta ao rinque, inclusive marcando um gol — seu nono na temporada — diante dos Blues.

O tembém defensor Kevin Bieksa foi outro que escapou de uma pior. O exame de raio-x em seu pulso contastou que não havia nada de grave e ele pode voltar ao gelo junto também no último sábado.

A má notícia ficou por conta da costusão no ombro direito do veterano Aaron Miller, ocasionada após um forte tranco desferido por Jordin Tootoo, durante a partida contra o Nashville. Miller ficará afastado entre sete a dez dias, justamente no momento decisivo para as pretensões da equipe da costa oeste canadense na atual temporada.

Mas isso tudo é motivo para deixar a torcida dos Canucks preocupada? Até poderia ser, mas sabemos como funcionam as cabeças dos torcedores.

Por exemplo, na semana passada, uma rádio local fez uma pequena pesquisa com os fãs, perguntando se eles comprariam os carnês de ingressos para a próxima temporada se os Canucks ficarem de fora dos playoffs deste ano. Até meados da tarde o "não" estava ganhando. Mas se você acha isso suficiente para te convencer, relaxe, puxe uma cadeira e chame o garçom...

Os Canucks têm oito mil torcedores na fila de espera pelos carnês!

Por isso, se te causa surpresa a paixão da torcida, que praticamente sempre lota as dependências do General Motors Place, não fique tão surpreendido se esse time conseguir trilhar um caminho mais longo neste fim de temporada.

Mesmo sabendo que este ano o fator "acaso" tem peso dois.

Igor Veiga escreveu esta coluna ao som dos álbuns clássicos dos Beach Boys. "Wouldn't it be nice if we were older..."
Jeff Vinnick/Getty Images
O goleiro Robert Luongo é peça fundamental para as esperanças dos Canucks.

Richard Lam/The Canadian Press
O que Henrik Sedin e Cia. mais desejam é acabar com a fama que os Canucks vêm ganhando de "time dos poucos gols".

Bill Wippert/SI
Apesar do susto, o experiente defensor Mattias Ohlund continua saudável e pronto para levar sua equipe aos playoffs.
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Página publicada em 12 de março de 2008.