Por: Brian Cazeneuve

Sem Chris Pronger? Sem problema. Pela segunda vez nestes playoffs, os Ducks superaram a suspensão de seu defensor estrela e venceram um crucial jogo 4. Contra os Red Wings, nas finais da Conferência Oeste, os Ducks se recuperaram de uma goleada por 5-0 em casa e empataram a série contra o Detroit em 2-2. Ontem, eles tiveram excelentes contribuições de fontes improváveis e abriram 3-1 na série contra o Ottawa Senators. A vitória por 3-2 no Scotiabank Place deixa os Ducks a uma vitória de seu primeiro título.

Sem Pronger, Kent Huskins, um defensor novato que tinha entrado no gelo poucas vezes e por pouco tempo durante os playoffs, jogou 17 minutos e 31 segundos sem cometer erros — mais tempo do que em qualquer de suas outras partidas na pós-temporada. Dustin Penner, um atacante inconsistente ao longo dos playoffs, marcou seu terceiro gol, o da vitória, ainda que Teemu Selanne tenha feito a maior parte do trabalho. E Andy McDonald jogou a partida de sua vida, assistindo no gol de Penner e marcando outros dois. "Sempre que você perde um jogador como Chris Pronger", avalia o técnico dos Ducks, Randy Carlyle, "você precisa de outras pessoas se apresentando para os holofotes, e nós conseguimos isso."

A atuação de Huskins foi especialmente energizadora para os Ducks, que não puderam contar com os 30 minutos usuais de Pronger, já que ele estava de fora, tendo sido suspenso por um jogo graças à cotovelada na cabeça de Dean McAmmond no sábado. McAmmond não jogou pelo Ottawa. "É incrível, um cara jogando nas finais da Copa Stanley por 17 minutos em um jogo crucial", comemorou Carlyle. "Ele mereceu a oportunidade. Ele é um cara que tem sido capaz de achar um jeito de contribuir e de jogar na NHL."

Huskins não marcou ponto algum, o que não deve ser considerado nenhuma surpresa. Em 52 jogos na NHL, tanto na temporada regular como nos playoffs, o novato nunca marcou um gol e tem apenas quatro assistências. Mas ele fez as jogadas discretas que freqüentemente fazem jovens jogadores entrar em pânico, tirando discos de sua zona com os velozes atacantes do Ottawa em desabalada pressão. Ele estava no gelo durante os dois últimos gols do Anaheim, a primeira vez em 43 jogos que ele teve +2, desde 26 de fevereiro, contra o San Jose. "Achei que ele se destacou por sua habilidade em reaver o disco", disse Carlyle. "Afinal, não é física quântica, mas é algo difícil de se fazer. Talvez a coisa mais difícil seja reaver o disco em lançamentos, sabendo que o marcador está de olho em você."

A perda de Pronger deixou os Ducks com uma difícil decisão: como gerenciar o tempo no gelo de seus defensores, especialmente com a grande carga que geralmente fica com Scott Niedermayer e François Beauchemin. "Não queremos nos acostumar a jogar sem o Chris", avisou Niedermayer. "Ele é um grande jogador. Mas, obviamente, ele não estava aqui, e tivemos de dar o que de melhor tínhamos a oferecer. Todo mundo tem de fazer a sua parte."

Niedermayer prosseguiu: "[Ontem] eu realmente me senti bem. Senti que o Dave Farrish [auxiliar técnico], que faz as trocas dos defensores, estava nos revezando bastante. Tivemos parceiros diferentes várias vezes no decorrer do jogo. Eu nunca me senti exposto no gelo. Por algum motivo, o evezamento pareceu funcionar e sempre tínhamos lá fora os jogadores que queríamos."

Isso possibilitou aos Ducks sobreviver a um primeiro período em que eles foram absolutamente dominados. Os Senators deram 13 chutes a gol, contra apenas dois do Anaheim nos 20 primeiros minutos, mas só abriram o placar quando Daniel Alfredsson atacou com 0,3 segundos faltando no cronômetro.

A velocidade dos Ducks apareceu no segundo período. McDonald acertou o travessão, empatou o jogo aos 10:06 e, exatamente um minuto depois, avançou no ataque, cortou da esquerda para o meio do gelo, deixando Anton Volchenkov para trás como um Porsche ignorando um sinal vermelho, e depois esperou o goleiro dos Sens, Ray Emery, cair para vencê-lo com um brilhante chute de backhand.

"Quando você coloca as pessoas em situações e as vê executá-las com esse nível, é um tributo ao talento delas", elogiou Carlyle. "Não é fácil ser tão paciente como ele foi, e esse é o tipo de jogada de alto nível. Ele se destacou e jogou de forma desesperada e de alto nível."

Os Ducks tiveram uma vantagem de 13-4 em chutes no segundo período, um reflexo do que freqüentemente acontece quando o time visitante agüenta a pressão inicial do time da casa, empurrado por uma torcida barulhenta.

No terceiro período, Penner chegou atrasado a uma jogada, tendo entrado no gelo depois de seus colegas de linha. Selanne, enquanto isso, passou a perna no defensor Wade Redden, do Ottawa, que cometeu um erro decisivo ao se adiantar em busca de um disco perdido na zona neutra depois de a lâmina do taco de Chris Phillips ter se quebrado. Selanne mando o disco para Penner, que mandou para dentro: o gol da vitória, aos quatro minutos do terceiro período.

Pelo resto da partida, os Ducks rechaçaram tentativas de contra-ataque do Ottawa com a atitude de um time que já tinha passado por isso, ao invés de se preocupar com o fato de estar buscando sua primeira Copa sem seu melhor defensor defensivo. Eles limitaram os Sens a seis chutes no terceiro período, quando o Ottawa estava avançando seus zagueiros e praticamente só usando suas duas linhas principais.

"O pessoal na minha frente tornou tudo fácil", reconheceu o goleiro dos Ducks, Jean-Sébastien Giguère. "Eles tiveram um grande desafio pela frente, sem o Chris."

Brian Cazeneuve é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
Tom Hanson/CP/AP
Andy McDonald provavelmente teve o jogo de sua vida ontem, com dois gols e uma assistência na vitória dos Ducks.
(04/06/2007)
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Página publicada em 5 de junho de 2007.