Por: Alexandre Giesbrecht

Elaborar as chamadas de capa das últimas edições não tem sido tarefa das mais fáceis. Não que os times não estejam nos ajudando; eles estão. O problema é que a sensação de déjà-vu não faz muito bem para a criatividade. Ou você acha que as chamadas "Vivos!" não tem tudo a ver com a chamada "Ressurreição"?

Pode conferir: até agora, o script destas finais está seguindo à risca o script das finais do ano passado. O time de melhor campanha abre 2-0 em casa. No jogo 3, o outro time diminui, em casa, para 2-1, mas perde o jogo 4 e fica atrás, 3-1. Aconteceu no ano passado, acontece agora.

Por isso, apesar de ser óbvio que o pessoal de Anaheim está confiante no título, todo aquele papo de que "ainda falta uma vitória" e "os Senators não chegaram aqui por acaso" tem um grande fundo de verdade. Mesmo que a linguagem corporal dos jogadores dos Sens depois da derrota no jogo 4 seja também bastante óbvia: eles não parecem um time que acredita poder virar a série. Eles parecem um time vencido.

Isso, na verdade, nem é tanto de se espantar. Afinal, o desafio é dos mais difíceis: dos 28 times que abriram 3-1 nas finais da Copa Stanley (desde que esta passou a ser decidida em uma melhor de sete jogos), 27 levaram a Copa para casa. O único time a conseguir a virada foi o Toronto Maple Leafs de 1942. E a tarefa deles, aliás, foi ainda mais difícil, porque um jogo antes eles perdiam a série por 3-0 para o Detroit.

É que esse exemplo tem mais de seis décadas. Nenhum dos jogadores no gelo amanhã era nascido. Ora, nem seus pais eram nascidos, provavelmente! Por isso a simetria com as finais de um ano atrás podem servir como um belo exemplo para ambos os clubes.

Para os Senators, por motivos óbvios, pois a própria sobrevivência depende de uma vitória no jogo 5. A única maneira de se abordá-lo é fazer com os Oilers fizeram em 2006: pensar apenas no jogo 5. Nessa altura, pouco importa que se precise vencer os jogos 6 e 7 para chegar ao título. Sem uma vitória em Anaheim amanhã, não haverá jogo 6, quanto mais jogo 7.

Já nos lados dos Ducks, é importante não subir no salto, não achar que a série foi ganha no jogo 4, porque não foi. A maneira como os Oilers venceram o jogo 5 no ano passado diz tudo: na prorrogação, com um homem a menos, Fernando Pisani deu uma sobrevida de no mínimo mais um jogo ao Edmonton, quando todos já imaginavam uma vitória dos Hurricanes desde a penalidade cometida por Steve Staios. Inclusive, provavelmente, os próprios Canes.

Não há exemplo melhor para os Ducks. Naquela oportunidade, faltou o "Finish him" ("Acabe com ele", em inglês). E não há exemplo melhor para os Sens. Ainda que os Oilers no fim das contas não tenham ficado com a Copa, eles não caíram sem lutar.

Independentemente de quem ganhe, o desespero costuma ser um gerador de grandes jogos. Se os Senators se recuperarem do baque e deixarem o pessimismo de lado e se os Ducks realmente não subirem no salto e deixarem o otimismo excessivo de lado, o jogo 5 promete ser o melhor da série.

Quem sabe até com uma prorrogação, para uma pitada a mais de emoção?

Alexandre Giesbrecht, 31 anos, estava no ônibus quando a catraca quebrou, o que tornaria o motorista um chofer de luxo para as pessoas que já tinham passado por ela — não tivesse a mesma sido consertada por um buraco na Rua Tabapuã, depois das tentativas infrutíferas do cobrador.
Jim McIsaac/Getty Images
O possível desespero dos Sens, somado à possível gana pela Copa dos Ducks, pode trazer um grande jogo amanhã.
(04/06/2007)
04/06/2007     00  
Anaheim 0 2 1 3
Ottawa 1 1 0 2
PRIMEIRO PERÍODO — Gols: 1. Ottawa, Daniel Alfredsson 12 (vantagem numérica) (Peter Schaefer, Mike Fisher), 19:59. Penalidades: F. Beauchemin, Anh (slashing), 0:58; C. Perry, Anh (cross check), 3:54; C. Neil, Otw (interference with goaltender), 6:13; C. Perry, Anh (roughing), 17:11; P. Eaves, Otw (holding), 17:11; R. Getzlaf, Anh (interference with goaltender), 18:16.
SEGUNDO PERÍODO — Gols: 2. Anaheim, Andy McDonald 8 (Todd Marchant, Corey Perry), 10:06. 3. Anaheim, Andy McDonald 9 (Rob Niedermayer, Sean O'Donnell), 11:06. 4. Ottawa, Dany Heatley 7 (Patrick Eaves, Jason Spezza), 18:00. Penalidades: C. Neil, Otw (interference), 4:29; C. Phillips, Otw (hooking), 8:02; M. Fisher, Otw (roughing), 20:00; S. Pahlsson, Anh (roughing), 20:00.
TERCEIRO PERÍODO — Gols: 5. Anaheim, Dustin Penner 3 (Teemu Selanne, Andy McDonald), 4:07. Penalidades: F. Beauchemin, Anh (holding), 1:02.
CHUTES A GOL
Anaheim 2 13 6 21
Ottawa 13 4 6 23
Vantagem numérica: ANH – 0 de 3; OTW – 1 de 4. Goleiros: Anaheim – Jean-Sébastien Giguère (23 chutes, 21 defesas). Ottawa – Ray Emery (21, 18). Público: 20.500. Árbitros: Bill McCreary, Brad Watson.
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Página publicada em 5 de junho de 2007.