Depois de quatro jogos de finais da Copa Stanley, é essa a conclusão a que chego. O Ottawa Senators até pode vencer os dois próximos jogos e provocar um jogo 7 — tal qual o Edmonton Oilers no ano passado — e calar a minha boca, mas o panorama atual é muito claro: o Anaheim Ducks é mais time nessa final.

Essa já era uma impressão que havia ficado no fundo da memória no jogo passado. Era nítido como era necessário aos Sens uma boa dose de pressão sobre Jean Sebastien Giguere para conseguir marcar um gol, e como essa dose era bem menor para que os Ducks marcassem um gol. Na vitória dos Ducks por 3-2 no jogo de ontem, um tanto parecido com os dois primeiros no geral, essa idéia foi reforçada.

Outro ponto que ficou mais claro ontem é sobre quando suas estrelas precisam brilhar. A jogada de Teemu Selanne no terceiro gol — quando saiu com o disco dominado da zona defensiva e veio comendo a defesa do Ottawa até dar o passe açucarado para Dustin Penner apenas empurrar para dentro (e ainda contando com mais uma péssima participação de Wade Redden no posicionamento e na marcação) — é algo que não vimos nenhum jogador do antes temido trio principal do time canadense fazer até agora.

Mas ontem não foi apenas dia de Selanne, foi dia da linha dele. Se antes era a linha de Samuel Pahlsson ou de Ryan Getzlaf, ontem foi dia da linha do veterano e principal referência do ataque do time norte-americano. Os outros dois gols do time — dois golaços (aliás, ontem foi dia de belos gols) — foram marcados por um jogador, digamos, não estrela: Andy MacDonald. Um golaço para empatar e logo a seguir outro para virar. E aí os Ducks não largaram mais o comando da partida.

A superioridade dos Ducks, porém, não se refletiu no começo. O primeiro período de ontem foi de um amplo domínio do Ottawa, ainda que não absoluto: mesmo um pouco lentos para acordar para o jogo os Ducks conseguiram uma ou outra boa chance de gol. Fora isso, e ajudados pelas penalidades cometidas pelos jogadores do Anaheim, os Sens pressionaram, criaram chances, a vantagem numérica trabalhou bem, mas... só conseguiram marcar um gol já nos miraculosos décimos de segundos finais. Um período inteiro de intensa pressão para um único gol.

E aí veio o segundo período e o Anaheim voltou ao normal. Pressionou, chegou a perder um gol daqueles que você diz que viu o disco lá dentro — até o narrador da CBC gritou gol e rapidamente se desmentiu — e marcou. Marcou uma vez e logo marcou outra, e tomou as rédeas da partida.

Chris Pronger faz falta? Claro que sim, mas os Ducks já mostraram mais uma vez que sabem jogar e vencer sem ele. E possivelmente demonstrarão que sabem jogar ainda melhor com ele. Aos Senators resta a recuperação fantástica. Tipo a que os Oilers quase conseguiram um ano atrás. O Ottawa é mais habilidoso, o Edmonton era mais batalhador. Possível é claro que é, e o Ottawa tem time para virar. Mas o panorama indica que é muito improvável. Eu diria que os Ducks fecham a série na quarta-feira. No mais tardar, no sábado.

No fim do segundo período houve um lance que não me parece que haverá maiores repercussões: com alguns segundos por transcorrer para o fim, Daniel Alfredsson pegou o disco e disparou sobre o corpo de Scott Niedermayer. Houve algum pequeno conflito, mas ficou por isso mesmo. Talvez seja um reflexo da superioridade dos Ducks.

• Capa
• Lições do... ano passado?
• O Anaheim Ducks é melhor
• Trabalhando sem precisar bater ponto
• Livrando a cara de Pronger
• Foi intencional?
• Notas rápidas do jogo 4
• O boletim do jogo 4