JOGO 3
Edmonton 2-1 Carolina

FORA DO TOPO
Kessel não é mais o centro das atenções, depois de atuações medíocres no Mundial de Juniores e na reunião da NHL (Jeff Gross/Getty Images - 05/2006)
por Allan Muir

A torcida pode estar concentrada nos importantes jogos em Edmonton neste fim de semana, mas há muita atividade no mundo do hóquei fora das finais da Copa Stanley. Como serviço ao público, aqui estão algumas histórias de que você pode não ter ficado sabendo.

Notícia: Mais um fora do superprospecto Phil Kessel, depois que ele foi mal na avaliação física durante a reunião de olheiros da NHL.

Opinião do observador: Há indicadores muito mais importantes do poten-cial de longo prazo de um jogador do que sua capacidade pulmonar aos 17 anos de idade. Mario Lemieux não foi exatamente um fenômeno junto aos olheiros com sua condição física e acabou por se tornar um jogador razoavelmente prestativo na NHL.

Ainda assim, é interessante observar mais uma etapa da desconstrução de Kessel, um jogador que na última temporada era considerado por alguns no mesmo nível de Sidney Crosby e a aposta óbvia para ser o primeiro escolhido no recrutamento de 2006. Boatos continuam circulando a respeito de sua atitude, sua garra, seus pais intrometidos e seus confli-tos com colegas de time. Com tudo isso, suas "ações" caíram ainda mais.

Aquela primeira escolha no recrutamento está fora de questão agora. O defensor Erik Johnson praticamente selou aquele lugarm e a presença de prospectos talentosos, mas muito menos vigiados, como Kyle Okposo e Nicklas Backstrom, pode fazer com que Kessel caia fora até das cinco pri-meiras escolhas. Levando-se tudo isso em consideração, parece até mais uma tentativa de achar defeitos em Kessel, ao invés de se concentrar no conjunto de habilidades que pode significar um grande artilheiro. Se ele realmente cair no recrutamento, digamos que para o Boston, em quinto lugar, ou para o Columbus, em sexto, ou ainda os Islanders, em sétimo, ele ira se divertir bastante ao longo de sua carreira provando que os times que o passaram adiante estavam errados.

Notícia: Os Islanders anunciam Ted Nolan como seu novo ténico.

Opinião do observador: Bem, ao menos não vamos ter de agüentar Nolan chutando o balde ao dizer que era por racismo que ele não arrumava um emprego na NHL.

Infelizmente, é essa nuvem negra que ele mesmo criou que tem pairado sobre Nolan na última década, e ele é quem não deixa a coisa morrer. É também ridículo. Ele conseguiu um emprego na liga antes, e foi eleito o Técnico do Ano em 1997. Então, de repente, todos os gerentes gerais se tornaram racistas?

Quanta estupidez.

Se você tem o potencial para ser o próximo Scotty Bowman, você pode ter pele verde e duas cabeças, que ninguém vai pensar duas vezes antes de contratá-lo. Duas coisas é que são importantes na NHL: ganhar e lidar bem com seus chefes. Ningúem nunca questionou a habilidade de Nolan no primeiro quesito.

Mas tudo agora está no retrovisor, já que alguém, finalmente, deu a Nolan a segunda chance que chega para praticamente todo ex-técnico. E logo uma das duas coisas seguintes vai acontecer: ou ele vai provar que todos estavam errados por ignorá-lo por todo esse tempo... ou ele provará que todos estavam certos. Mas, aconteça o que acontecer, a cor da pele dele não terá nada a ver com isso.

Notícia: Numa entrevista coletiva em Raleigh, sobre o estado atual da liga, na última segunda-feira, o comissário da NHL, Gary Bettman, elogiou o su-cesso da regra que impede a troca de linha a times que tenham cometido icing. Ele foi adiante, dizendo: "Gostaria também de essa regra considera-da quando o goleiro pára o disco."

Opinião do observador: À primeira impressão, parece ridículo, apenas mais uma meditação sem pensar "daquele cara do basquete". Mas, se você parar para pensar, essa idéia acabará agradando a você.

As regras implantadas antes desta temporada tiveram a intenção de au-mentar o jogo ofensivo e recompensar o talento. Algumas delas pareciam incrivelmente ousadas à época, mas, depois de assistir ao esporte nesta temporada, não dá para discutir com os resultados.

A idéia de Bettman faria a mesma coisa que a regra do icing: encorajaria a continuidade das jogadas, mas você ainda poderia parar o jogo, desde que estivesse disposto a pagar um preço por isso. Times no ataque seriam recompensados por manter a pressão, ou com um face-off na zona ofensiva ou com uma continuidade da jogada, o que poderia resultar em uma roubada de disco ou em mais uma chance de gol.

Esse conceito também seria bem recebido por aqueles que reclamaram de que a regra que criou um trapézio atrás do gol penalizava o goleiros com grandes habilidades no domínio do disco. A regra proposta encorajaria os goleiros a assumir riscos e a aprimorar suas habilidades com o disco.

Quanto impacto teria essa regra? Alguém sem muita coisa para fazer po-deria chegar a números mais abrangentes, mas, como a regra do icing, variaria de jogo para jogo. Em um jogo recente, escolhido ao acaso — o jogo 5 entre Edmonton e Anaheim —, houve 16 paradas pelo goleiro ter segurado o disco, contra quatro icings. O jogo 3 da série Devils-Hurricanes, outra escolha ao acaso, teve essas situações divididas igualmente (dez a dez). Se a regra for implantada, pode-se falar em mais uma meia dúzia de face-offs disputados por zagueiros cansados a cada noite, ou um número similar de discos mantidos em jogo sob pressão de atacantes. Isso pode ou não dar origem a mais gols, mas certamente dará origem a mais chances de gol, e é isso que torna o jogo mais interessante.

Adicionar mais uma regra depois de apenas uma temporada com as últi-mas alterações? Talvez. Mas o conceito de Bettman parece ter potencial. Definitivamente, ele merece séria consideração do Comitê de Competição durante o próximo verão setentrional.

News: Devido ao excesso de custos e ao potencial de vender mais ingres-sos, o Comitê Olímpico de Vancouver, com a bênção do COI, vai fazer o torneio de hóquei das Olimpíadas de Inverno de 2010 em rinques com o tamanho padrão da NHL.

Opinião do observador: É difícil acreditar que tenham levado tanto tempo para chegar a essa conclusão. O GM Place, lar dos Canucks, sempre foi considerado o centro dos torneios masculino e feminino. Esqueça o aspec-to da receita mais elevada — alguém realmente pensava que os Canucks seriam mandados para uma série de jogos fora de casa com um mês de duração antes das Olimpíadas, para dar tempo aos organizadores de fazer as mudanças na superfície de gelo para ela se adequar aos padrões internacionais? Sem chance.

Pessoalmente, eu adoro o rinque mais amplo do hóquei europeu. É um dos elementos que dá ao torneio olímpico seu charme. Mas quando se está fa-lando de dezenas de milhões de dólares e uma situação impraticável para o principal inquilino do estádio, era óbvio que alguém teria de ceder.

Na Europa, resmungarão que isso é uma tática para dar aos canadenses uma vantagem de mando do gelo ainda maior. Claro, isso irá ajudá-los, mas a realidade é que dois terços dos atletas que disputarão o torneio, se não mais, serão veteranos do rinque norte-americano. E, se o torneio for disputado com as regras de hoje, ainda haverá muito espaço para a velocidade a patinação e os passes que são a narca registrada do hóquei europeu.

Os tradicionalistas ficarão ofendidos, mas, assim que os jogos começarem, não dará para notar a diferença. Nem os jogadores notarão.



Allan Muir é jornalista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 11 de junho de 2006.