Eu poderia falar de playoffs aqui, mas com meus pitacos nos especiais sobre o Leste e sobre o Oeste, além das notas, acho que não sobrou muito mais a falar, então posso falar sobre os dois principais assuntos da quinta-feira, aproveitando-me do fato de a edição ter atrasado graças justamente à definição das vagas para os playoffs e ao fato de eu estar fazendo o fechamento sozinho des-ta vez.

E quais são esses dois assuntos? São duas demissões, que, claro, não têm nada a ver com os times classificados para os playoffs. Elas têm, sim, tudo a ver com times que esperavam muito mais de suas equipes no início da temporada.

Pois é, em Toronto, o técnico Pat Quinn foi demitido depois de coman-dar o banco dos Leafs por sete temporadas. Não deve ter sido uma notícia fácil para ele digerir, afinal em 19 temporadas como técnico, é apenas a segunda vez que ele vai assistir à primeira fase da pós-tem-porada pela televisão.

"Não tivemos a chance de competir pela Copa", lamentou o gerente geral John Ferguson, cujo time não ganha uma Copa Stanley desde 1967. Ele recusou-se a responder quando perguntado se Quinn teria mantido seu cargo caso o time tivesse se classificado para os playoffs. Os Leafs esboçaram uma reação no final da temporada, mas acabaram eliminados nos últimos dias.

O sucessor deverá ser Paul Maurice, técnico do time afiliado na AHL.

Ao todo, a campanha de Quinn como técnico do Toronto foi de 300-222-26, com 52 empates, e chegou duas vezes às finais da Conferên-cia Leste, perdendo para o Buffalo em 1998-99 e para o Carolina em 2001-02. Com outros times, ele chegou por duas vezes às finais da Copa Stanley (em 1980, com o Philadelphia, e em 1994, com o Vancouver), perdendo ambas.

A outra cabeça cortada caiu em Pittsburgh: o GG Craig Patrick foi de-mitido pelos Penguins, depois de quase 17 anos no cargo.

Patrick foi responsável pela troca que é considerada uma das melhores da história da liga. Em 1990-91, ele trouxe do Hartford Ulf Samuelsson, Ron Francis e Grant Jennings, cedendo apenas John Cullen, Jeff Parker e Zarley Zalapski. Esta troca foi fundamental para os dois títulos con-quistados pelo time, naquele ano e no ano seguinte.

"Foi uma decisão muito difícil", revelou o presidente do time, Ken Sawyer. "Mas nós nos reunimos e fizemos o que era melhor para o time."

Não foi uma decisão inesperada. Os rumores de que Patrick não duraria muito mais como GG dos Penguins vinham desde a metade da tempora-da, quando se soube que o contrato dele ainda não tinha sido renova-do. Com o time à venda, não parecia uma decisão muito sábia renovar contrato com um gerente geral que enfrentava cada vez mais resistên-cia por parte da torcida e da imprensa.

O time não pode é esperar demais para escolher o sucessor de Patrick, porque o recrutamento se dará daqui a pouco mais de dois meses, e os Penguins detêm a segunda escolha no geral. Outras decisões importan-tes também esperarão pelo novo GG, como contratos a ser — ou não — renovados e contratações a ser feitas para substituir as baixas du-rante a temporada: Mark Recchi foi trocado para o Carolina, e Mario Lemieux e Ziggy Palffy se aposentaram.

Tanto os Penguins como os Leafs esperavam muito mais de suas tem-poradas. Em Pittsburgh, esperava-se ao menos uma classificação para os playoffs depois de três temporadas de jejum; em Toronto, todo ano é ano de sonhar com a Copa Stanley. Em nenhum dos casos se pode dizer que os demitidos são os únicos culpados pela má campanha, mas alguém tem que levar a culpa para satisfazer a ira da torcida e garantir que novos carnês de ingresso serão vendidos daqui a alguns meses.

É, a esperança sempre é uma grande vendedora. Quando é renovada, então, pode fazer alguns milagres. Se esses milagres chegarão ao gelo, só saberemos daqui a um ano.