Num
jogo contra o Calgary Flames na última temporada, Peter Forsberg
tinha o domínio do disco por trás do gol adversário e foi patinando
como se fosse dar a volta por trás do gelo. O goleiro caiu nessa
jogada, a defesa do Flames também, mas Milan Hejduk não. Sem olhar,
Forsberg passou o disco para Hejduk antes de patinar por trás
da rede que, com o espaço dado pelo goleiro enganado do Flames,
só fez escorar para dentro do gol.
Poucos jogos depois, contra o Phoenix Coyotes, cercado por dois
inimigos, Forsberg tinha o domínio do disco no círculo direito
de face-off. Mesmo pressionado, ele segurou o disco até que uma
brecha lhe fosse dada e, nessa hora, botou o disco no fundo das
redes.
Graças a esses tipos de jogadas e muitos outras que só ele consegue
fazer com tanta freqüência, Forsberg conquistou a admiração dos
torcedores do Colorado Avalanche e o medo dos torcedores dos outros
29 times da NHL.
Mas, depois de nove temporadas com a franquia, "Peter The Great"
mudou-se para o Philadelphia Flyers quando o Avalanche não tinha
espaço suficiente na folha para pagar o seu salário. Agora são
os torcedores do Flyers que se encantam noite após noite com a
magia do melhor jogador da atualidade. No sábado, pela primeira
vez, os torcedores do Colorado puderam sentir o medo de jogar
contra ele, quando Forsberg enfrentou seu antigo time pela primeira
vez.
"Vai ser um pouco especial, eu estive lá por muito tempo e conheço
muita gente lá", disse Forsberg antes do jogo.
Do outro lado, os jogadores do Avalanche aguardavam o jogo do
mesmo jeito. "Estou ansioso para vê-lo", disse Joe Sakic. "Ele
é um grande cara e está jogando muito bem pelo Philly. Vai ser
legal vê-lo."
Os números do sueco não negam, são 60 pontos (15G-45A) em 39 jogos.
Junto com Simon Gagne, Forsberg forma uma dupla que soma 115 pontos
até agora. Gagne foi bastante beneficiado pelo jogo de Forsberg.
Hoje ele é o segundo goleador da NHL (com 31 gols) e em grande
parte graças aos passes açucarados de Forsberg.
Segundo o próprio jogador, os motivos que o fizeram escolher jogar
por um time do leste foi o de não ter que jogar várias vezes contra
o Avalanche. Forsberg ficou contente que o seu primeiro confronto
contra o ex-clube não foi em Colorado. "Eu estaria mais nervoso
para saber como os torcedores iriam reagir quanto a minha volta",
assumiu.
O jogo
Uma das principais táticas usadas pelos adversários para conter
o jogo de Forsberg é frustrá-lo com um jogo físico muito intenso.
Mas essa não foi a estratégia usada pelo Avalanche, que não tem
o menor hábito de jogar contra ele. Pelo contrário, o Colorado
o deixou jogar até demais. O que se viu foi um respeito mútuo.
Nenhum jogador dos Avs entrou muito pesado no sueco, assim como
ele não usou seu jogo físico nos jogadores do Colorado.
Empolgado com uma seqüência de seis vitórias, o Avalanche foi
pra cima dos Flyers que, jogando em casa pela primeira vez depois
de uma excelente série de 11 jogos fora de casa (8-2-1), também
não quiseram saber de jogar atrás. Num jogo aberto, os goleiros
começaram a se destacar: David Aebischer pelo Colorado (27 defesas)
e Antero Niittymaki pelo Philadelphia (30 defesas).
Já no final do terceiro período, o Avalanche parecia ter tudo
sobre controle: vencia o jogo por 3-1 e parecia ter controlado
o poder ofensivo de Forsberg. Faltando 2:36 para acabar o jogo
a tática de não pressionar começou a custar caro para o Colorado.
Numa situação de vantagem numérica, mostrando toda a sua paciência,
Peter The Great segurou o disco até Mike Knuble se posicionar
para receber o disco numa posição perfeita na frente do gol para
marcar o seu tento. Essa foi a assistência de número 800 na carreira
de Forsberg. Ironicamente, o marco veio contra se ex-clube.
Menos de um minuto e meio depois Forsberg estava livre de novo.
Depois de um chute de Gagne defendido por Aebischer, ele pegou
o rebote e marcou. Forsberg, junto com Knuble e Gagne, pegou o
momentum que estava todo com o Colorado e o entregou para
os Flyers.
A partida foi para a prorrogação, onde o Avalanche teve situações
de vantagem numérica, incluindo alguns segundos com dois homens
a mais. Faltando 46 segundos para acabar o período extra, Alex
Tanguay foi tentar fazer um passe para o jogador que estava na
frente da rede, mas o disco acabou entrando.
"Nós tivemos uma grande recuperação. Jogamos uma partida muito
boa, mas a segunda penalidade na prorrogação foi um mergulho",
disse o treinador do Flyers Ken Hitchcock.
Forsberg discorda: "Sakic não se joga." Sobre o jogo, ele disse:
"Foi um pouco diferente, mas assim que o jogo começou, eu não
me importei. Eu nunca me preocupei contra quem eu estava jogando."
Sakic disse que a partida teve um clima de pós-temporada devido
a sua intensidade. "Sempre que jogamos contra o Philadelphia é
um jogo desses. Na última vez que jogamos vencemos com um gol
na prorrogação." Gol esse marcado por Forsberg em dezembro de
2004.
Rafael Roberto pela
primeira ficou nervoso quando ouvia o narrador dizer que a linha
de Forsberg estava no gelo.
FORSBERG X
SAKIC A batalha dos dois maiores centrais da curta
história do Avalanche pelo melhor posicionamento na frente
do gol. (Len Redkoles/Getty Images - /01/2006)