Antes da temporada começar eu acreditava no Atlanta Thrahers. Acreditava que eles chegariam facilmente aos playoffs, devido ao poderio ofensivo e à capacidade do técnico Bob Hartley. Porém, tudo isso veio abaixo com um começo pavoroso do time, paradoxal e especialmente depois de ter assinado com o craque Ilya Kovalchuk. Os Thrashers estiveram um lixo durante algum tempo. Quando escrevi sobre eles, lá no primeiro mês de temporada, beiravam a lanterna da Conferência.

Mas as coisas mudaram. Atualmente eles são um dos times mais quentes da liga, já figurando entre os oito de cima da Conferência Leste, tendo inclusive deixado para trás o atual campeão e rival de divisão Tampa Bay Lightning.

Atualmente o Atlanta é tido por muitos como o time que proporciona os melhores jogos para se assistir. Não é o melhor time, mas o que pratica o hóquei mais vistoso, essencialmente ofensivo. Tal qual quando o mundo descobriu o futebol alegre, solto e descontraído da África. Não era o melhor, mas era o mais interessante de se assistir. Uma diferença e tanto para o começo de temporada.

O ponto de virada da equipe parece ter sido em meados de dezembro, especialmente numa sensacional vitória por 7-6 sobre os Red Wings. De lá pra cá são 15 jogos e apenas 4 derrotas, duas delas na prorrogação.

Em 2006 já são sete jogos, e perderam apenas uma. Na prorrogação, e justamente para Carolina Hurricanes, atual time-sensação da NHL, líder em pontos. É bem verdade que algumas das vitórias no mês foram sobre times sofríveis, como Penguins, Capitals e Blues, mas inclui também uma vitória avassaladora de 8-3 sobre os super-temidos Senators. Seja quem tenha sido derrotado, o fato é que isso colocou os Thrashers no grupo dos times que vão aos playoffs.

Uma série de fatores contribuiu para essa virada dos Thrashers. Marian Hossa ajustou-se ao time, Kovalchuk explodiu, o técnico Bob Hartley parece ter conseguido agregar ofensividade — a grande arma da equipe —, hóquei aberto e alguma responsabilidade defensiva, e o guardião da meta, seja qual for, melhorou. Estava melhorando já com Michael Garnett, mas a volta do goleiro Kari Lehtonen trouxe vida nova ao setor.

O jogo contra o St. Louis Blues na semana passada é exemplo de como um goleiro pode ganhar uma partida para o time. Os Thrashers jogaram mal, foram dominados pelo pior time da liga, mas ainda assim saíram com uma vitória por shutout de 2-0! Isso graças a Lehtonen, que defendeu todos os 37 (!) chutes que levou.

As peças principais do time estão quentíssimas. Lehtonen trouxe tranqüilidade de volta à equipe; Kovalchuk foi eleito o craque da semana retrasada da NHL, é o vice-líder em pontos da liga e o líder em gols e em gols em vantagem numérica; Marc Savard é o terceiro geral em assistências e Hossa está entre os 10 mais em pontos. Esse é o trio poderoso do time que, sim, depende muito de cada um desses três jogadores. Abaixo deles vêm Slava Kozlov e Scott Mellanby, que seguem fazendo um bom papel na equipe e, quando voltar, Petr Bondra, que cumpria bem sua função até se contundir. Bobby Holik? Um -10 para um jogador caracteristicamente defensivo é mortal.

Na defesa um jovem talento truculento já desponta no time: Garnet Exelby. Pode ser fogo de palha, mas tudo indica que ele é da escola de defensores que gostam de detonar trancos nos adversários. Kevin Allen, colunista do USAToday, listou o defensor como uma das coisas boas de se assistir nesta temporada, por ser um "bodychecker" do velho estilo. Para quem curte trancos bem dados, vale a pena buscar por lances do garoto pela Internet.

Mas nem tudo são flores. Ainda faltam uns dois defensores — um é pouco, dois é bom — que reúnam experiência e qualidade para que o time possa seguir fazendo o que faz de melhor: disco para frente (preferencialmente para os tacos de Kovalchuk, Savard e Hossa) e o resto que se dane. Ser um dos melhores times de vantagem numérica na liga é ótimo, mas ser também um dos piores em desvantagem numérica reforça, mais uma vez, que este é um time essencialmente ofensivo. Bom para os expectadores do bom hóquei.


Marcelo Constantino tem horror a Harry Potter, Guerra nas Estrelas (ou melhor, "Star Wars", conforme manda a ditadura do "em inglês é sempre melhor", certo?) e Senhor dos Anéis.
KOVALCHUK Craque do time e um dos jovens mais promissores da NHL, Ilya Kovalchuk lidera o time na corrida pelos playoffs (John Bazemore/AP - 11/01/2006)
DE VOLTA Kari Lehtonen voltou ao time e trouxe mais sgurança à retaguarda, inclusive roubando um jogo para o time, contra os Blues na semana passada (John Bazemore/AP - 13/01/2006)
 
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Página publicada em 18 de janeiro de 2006.