Qualquer time que conte com o talento de Peter Forsberg tem que ser considerado um candidato forte nos playoffs. Os Flyers sabem disso e não pretendem conquistar ape-nas uma boa colocação na Conferência Leste: eles que-rem ir alguns passos além e levar um aguardado troféu para a Filadélfia. Aquele mesmo que pareceu escapar pelos dedos em 1997, quando a outrora famosa Doom Line, que contava com Eric Lindros, entrou em colapso e o título foi parar em Detroit, numa vexatória varrida.
Até a segunda-feira, os Flyers estavam na terceira colocação do Les-te, apenas um ponto atrás dos vice-líderes Carolina Hurricanes e a dois dos líderes Senators. Mas o calendário desta semana pode levar o time ao topo da conferência — ou afastá-lo mais ainda da liderança, uma vez que os Flyers enfrentariam os Hurricanes na terça-feira. Na quinta-feira, será a vez dos Bruins e, em seguida, duas contra os Penguins.
Na semana passada, os Flyers completaram uma seqüência recorde de jogos fora de casa. Foram três semanas, dez cidades e 11 partidas. Nessa seqüência, o time venceu oito, perdeu duas no tempo normal e uma na prorrogação. O único paralelo existente está na distante temporada de 1967-68, quando o Montreal Canadiens registrou 6-1, com um empate, em uma mesma seqüência fora de casa.
O mais expressivo desse resultado dos Flyers deve-se ao fato de o time não ter podido contar com importantes jogadores que estavam contundidos, como o capitão Keith Primeau, Eric Desjardins e seu goleiro considerado titular até então.
Obviamente, o excelente desempenho dos Flyers não se deve exclusi-vamente ao sucesso de Forsberg. Além de outros bons jogadores já consagrados, os Flyers têm recebido importantes contribuições de novatos, como o jovem goleiro finlandês Antero Niittymaki, que começou todas as 11 partidas da viagem e tem uma marca de 17 vitórias e seis derrotas em 28 partidas, registrando dois shutouts, 90,3% de defesas e média de 2,78 gols contra.
Outros novatos que têm se destacado, em parte devido às contusões dos titulares, são Mike Richards, Jeff Carter, Freddy Meyer e Ben Eager.
Desde as temporadas de 1974-75 e 1974-75, quando conquistaram seu bicampeonato, os Flyers não levam para a Filadélfia o mais importante troféu do hóquei profissional. É bem verdade que o time já esteve perto em 1976, 1980, 1985, 1987 e 1997, mas já se vão cinco finais e longos 31 anos desde a última conquista. Imagine ainda que a grande maioria dos fãs dos Flyers ou não eram nem nascidos ou eram pequenos demais para se lembrar da última conquista.
Se conseguirmos entender todo esse contexto, fica mais fácil compre-ender o porquê de tanta frustração ano após ano quando o time desponta como candidato e termina eliminado nos playoffs mesmo quando era favorito.
Torna-se mais fácil ainda compreender a atmosfe-ra criada na Filadélfia com a chegada de Forsberg e a perspectiva real de chegar um passo adiante em relação às cinco últimas vezes que os Flyers disputaram o troféu entregue por Lorde Stanley.
Forsberg é o líder do time em pontos (60 em 39 partidas). São 15 gols (terceiro no time) e 45 assistências na temporada, tendo um aproveitamento de pouco mais que 15% de seus chutes a gol. Simon Gagne é quem lidera o time em gols marcados (31), sendo o terceiro na liga, segurando a vice-liderança no total de pontos (55) e tendo o melhor mais/menos do time na temporada (+23).
Entre os novatos, além do goleiro Niittymaki, destacam-se principalmente as atuações de Jeff Carter e Mike Richards.
Richards, de apenas 20 anos e natural de Kenora, Ontário, já disputou 42 partidas em sua primeira temporada na NHL, marcando seis gols e 14 assistências, com mais/menos de +7. Entre suas qualidades desta-cadas pelo técnico dos Flyers estão a capacidade ofensiva e seu bom desempenho também defensivamente.
Carter, natural de London, Ontário, disputou 44 partidas nesta sua temporada como novato, registrando dez gols e 11 assistências até o momento. Ambos foram muito bem sucedidos na temporada passada, quando jogaram juntos na AHL pelo Philadelphia Phantoms, time afiliado aos Flyers.
Mike Knuble e Michal Handzus são antigos conhecidos liga afora, que têm dado sua parcela de contribuição para o sucesso dos Flyers. Outra boa surpresa vem sendo o desempenho dos defensores Kim Johnson (24 pontos) e Joni Pitkanen (23).
Aliado ao seu bom desempenho na temporada, os Flyers contam também com a queda de produção de seus principais adversários na divisão, como os Devils, que estão quase 20 pontos atrás. O único perigo em potencial na corrida pelo título da divisão do Atlântico pare-ce ser o New York Rangers do renovado Jaromir Jagr.
Já em relação à Conferência Leste, a briga vai ser bem mais dura. O ressurgido e surpreendente Carolina Hurricanes lidera a sua divisão (Sudeste) com folga e ainda estão na disputa o sempre forte Ottawa Senators e o também reanimado Buffalo Sabres.
Os Flyers possuem ainda o quinto melhor ataque da liga, enquanto a defesa não repete esse desempenho e é apenas a 14.ª colocada no geral.
Certamente seria muito melhor para a liga um time tradicional como os Flyers estar na final da Copa Stanley do que acontecer um outro acaso da natureza e, ao invés disso, chegar um Tampa Bay ou Florida da vida na final. E que me desculpem também os torcedores dos Mighty Ducks, mas uma final entre times mais tradicionais atrai muito mais atenção da mídia e dos demais torcedores.
Quem sabe agora, depois de ter reparado o erro histórico da troca de Forsberg por Lindros, os Flyers finalmente não conseguirão atingir aqui-lo que esperam há tanto tempo?
Alessander Laurentino não tem nada contra os times novatos, mas que uma final entre times mais conhecidos é bem mais interessante, isso é.
JUVENTUDE NO GOL Jovem goleiro finlandês dos Flyers, Niittymaki tem mostrado qualidade sufciente para postular a titularidade no gol do Philadelphia (Kathy Willens/AP)
CONQUISTANDO SEU ESPAÇO Richards está provando que pode vencer a briga por um lugar ao sol na NHL (Bill Kostroun/AP -
11/01/2006)