O
Anaheim Mighty Ducks ainda sofre para voltar a ser aquele time
que chegou ao jogo 7 das finais da Copa Stanley de 2003. Aquele
time que superou até mesmo as próprias expectativas para chegar
tão perto da taça mais famosa do esporte norte-americano.
Era um time forte pelo conjunto, organizado pelo técnico Mike
Babcock, com uma incrível excelência em vencer jogos apertados.
A temporada deles não vinha tão bem, até que virada começou na
segunda metade. Foram dali até o jogo 7 da Stanley. Em grande
parte graças a um espetacular Jean-Sébastien Giguere, goleiro
venceu o Conn Smythe — com toda justiça —, mesmo tendo
sido derrotado na final.
Desde então eu passei a acompanhar com mais atenção a campanha
do time. Afinal, deixara de ser simplesmente o "time da Disney",
para ser um time que quase foi campeão.
Hoje a então estrela solitária do time, Paul Kariya, está em Nashville,
Babcock em Detroit e Giguere continua por lá, mas nunca mais foi
o mesmo, voltou a ser apenas mais um bom goleiro. E o time nunca
mais alcançou aquela excelência daqueles playoffs.
A temporada seguinte foi um fiasco, mesmo com a contratação milionária
de Sergei Fedorov. E a atual parece seguir no mesmo rumo. Os Ducks
atualmente brigam por uma posição entre os oito de cima da tabela
de classificação do Oeste. Phoenix Coyotes e Colorado Avalanche
são os times mais próximos da briga. Mas quem vem quente, e subindo,
é o Minnesota Wild. A vida não anda nada boa para o Anaheim.
Mas não anda boa justamente pela peculiar regularidade do time.
Regularidade porque os Ducks simplesmente parecem estar nesta
temporada para figurarem por ali mesmo. Nos Rankings da Slot,
por exemplo, eles não passaram ainda da 17ª colocação geral. Geralmente
ficam por ali, entre a 17ª e a 19ª. Uma regularidade nada saudável.
As mexidas parecem também não terem trazido o impacto desejado.
Mesmo tendo se livrado de Fedorov e tendo trazido um Teemu Selanne
rejuvenescido, isso não tem sido suficiente para alavancar o time.
Qualquer time na liga adoraria ter um Scott Niedermayer na sua
defesa, mas na Califórnia ele ainda não mostrou o mesmo hóquei
dos tempos de Devils. Melhorou em relação ao começo apagado, mas
ainda deixa no ar um sentimento geral de "esperávamos mais".
A defesa agora perdeu seu atacante-defensor Sandis Ozolinsh, envolvido
em alguma droga. É bem verdade que o pouco hóquei que ele jogou
nesta temporada foi outra droga (diante do que se esperava dele),
então não faz muita diferença.
Ainda assim, a defesa do time é a principal responsável pelos
bons números defensivos da equipe. O Anaheim é o 7.º melhor time
da liga em média de gols sofridos e em aproveitamento de defesas.
É um dos que mais chutam a gol e é um dos piores em aproveitamento
de chutes. Assim são os Ducks desta temporada.
A questão principal nos Mighty Ducks não é esse(s) ou aquele(s)
jogador(es). A magia do time naqueles playoffs de 2003 residia
no conjunto e no espírito de equipe, que é exatamente o que parece
faltar hoje em dia. Nem mesmo o próprio mentor daquela coesão,
o técnico Babcock, foi capaz de dar seqüência àquela sinergia
no ano seguinte.
O material que o Anaheim possui — seus jogadores —
é bom o suficiente para o time se classificar para os playoffs.
Falta sobretudo um espírito de equipe que reproduza aquele conjunto
que o time teve em 2003. Caso contrário, o time não chega lá.
Marcelo Constantino pode ser visto ao entardecer na ciclovia
entre o Flamengo e a Urca. A pé.
COMEMORANDO
O time do Anaheim Mighty Ducks comemora uma vitória
suada, na disputa de pênaltis, contra o fraquíssimo
St. Louis Blues (James A. Finley/AP - 31/12/2005)