Em construção.

Tanto no gelo como fora dele, esta é a perfeita descrição para quase todas as facetas do Phoenix Coyotes. A Glendale Arena, nova em folha e que custou US$ 200 mi-lhões, pode estar já em funcionamento, mas é a única porção finalizada de um projeto local de denvolvimento que se espalha por 450 acres, graças a um investimento de US$ 850 milhões na suburbana Glendale.

O time de hóquei que a ocupa não está muito diferente. Com uma nova casa, um novo uniforme, uma nova comissão técnica e uma nova filo-sofia, instaurada pelo técnico Wayne Gretzky, os Coyotes construíram os seus alicerces. A única diferença é que ainda não se sabe que forma o projeto concluído vai ter.

Após trazer nove novos jogadores ao longo de dois verões setentrio-nais, o gerente geral Mike Barnett continua a fazer a sintonia fina do elenco. Sete jogadores que começaram a temporada com o time já se foram, inclusive Brett Hull. Um terço do plantel foi alterado desde a pré-temporada.

Algumas das decisões mais econômicas de Barnett acabaram dando um resultado bem melhor que o esperado. O ponta esquerda Mike Leclerc, vindo do Anaheim em troca de uma escolha baixa no recrutamento, marcou nove gols nos primeiros 27 jogos. O defensor Zbynek Michalek, que veio em troca de dois prospectos que provavelmente não vinga-rão, tem jogado mais de 20 minutos por partida, já marcou seis gols e deu a Barnett tranqüilidade para se livrar dos veteranos Cale Hulse e David Tanabe. E o goleiro Curtis Joseph, contratado como agente livre por um salário-base de apenas US$ 900 mil, teve a carreira ressuscita-da.

Apesar dessas economias, aquisições com um preço mais alto se tor-naram decepções. Petr Nedved tem alternado contusões com invisibili-dade no gelo. Oleg Saprykin sumiu depois de um bom começo de tem-porada. E os veteranos Mike Ricci e Geoff Sanderson têm dado mostras de sua idade.

Mas depois de um início terrível, os Coyotes acertaram o passo com veteranos que esquentaram no ataque (Mike Comrie, Mike Johnson e Ladislav Nagy) e as boas atuações de Joseph no gol. Com um estilo baseado, por necessidade, na defesa, Gretzky provou seus conheci-mentos táticos e meticulosamente detalhados.

NOVE GOLS EM 37 JOGOS Shane Doan tem sido uma decepção nesta temporada (Bruce Bennett/Getty Images - 12/2005)

E, para aqueles que questionaram sua habilidade em lidar firmemente com jogadores, ele colocou no banco estrelas (Ricci, Comrie, Derek Morris) e derrubou o tempo no gelo de outros jogadores. Depois de uma dura derrota para o Anaheim, em novembro, Gretzky impôs um treino de 90 minutos, sem discos, como punição. A resposta imediata do time veio com duas vitórias.

Ironia das ironias, a única coisa de que Gretzky não dispõe em seu elenco é uma superestrela. O melhor e mais bem pago jogador do time, Shane Doan, tem sido uma decepção, com apenas nove gols em 37 jo-gos. Já Nagy é talentoso, mas extremamente inconsistente. E, com uma folha de pagamento girando em torno de US$ 33 milhões, Barnett não pode entrar num leilão quando jogadores para sua posição mais carente — um central de primeira linha — estiverem disponíveis. E o destino não poderia ser mais cruel: ao invés de obter um Joe Thornton, os Coyotes vão enfrentá-lo defendendo as cores do San Jose mais se-te vezes...

O público aumentou cerca de 8% em comparação com 2003-04 — o que não pode ser considerado grande coisa, já que naquela temporada os Coyotes jogaram vários jogos na America West Arena, onde muitos assentos tinham péssima visibilidade —, graças a boas promoções e casa cheia aos fins de semana. O problema ainda são os dias úteis, re-flexo do comportamento da cidade, intrigada pelo papel mais proemi-nente de Gretzky, mas ainda incerta quanto a confiar na virada do ti-me.

Gretzky deixou o time duas semanas atrás, para ficar com sua mãe, Phyllis, que faleceu no último dia 19 (mais sobre isso em Notas). Rick Tocchett assumiu como técnico interino.

Somando-se tudo, o Phoenix, que ganhou apenas 22 jogos em 2003-04, conseguiu 18 vitórias nos primeiros 37 jogos de 2005-06. O sonho de voltar aos playoffs pela segunda vez nos últimos cinco anos ainda pode se tornar realidade (na terça-feira, estavam em décimo no Oeste, três pontos atrás do oitavo colocado), mas qualquer coisa além disso vai ter de ficar para o futuro.


Alexandre Giesbrecht, publicitário, ao mesmo tempo que achou uma excelente idéia a Bandeirantes trasmitir o show do Pearl Jam a que ele foi, também ficou furioso porque a emissora cortou diversas músicas, deixando apenas as mais famosas.
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Página publicada em 28 de dezembro de 2005.