Terminado
o locaute, novas regras dentro e fora do gelo, nova temporada
da NHL. Assim foi 2005. Não tivemos a primeira metade do ano,
não tivemos a segunda metade do que teria sido a temporada de
2004-05. Mas tivemos, finalmente, o começo da temporada de 2005-06,
a nova NHL.
Lamentavelmente, os torcedores brasileiros deixaram de ter as
migalhas que faziam nossa alegria. Se já era algo surreal acordar
na madrugada para assistir aos jogos (ou gravá-los para assistir
no dia seguinte, dependendo do gosto de cada um), atualmente nem
isso temos mais.
Mas vamos a um balanço geral desses três meses de NHL em 2005.
"Balanço geral" em termos; na verdade, são as velhas "tacadas
diversas" com nome-de-fim-de-ano.
Cinco que surpreendem
Sabres — Capa de nossa edição passada, este é um time que
tinha tudo para fazer apenas uma boa figuração na temporada. Mas
atualmente é um dos mais fortes do Leste.
Hurricanes — Quem diria que o Grande Brind'Amour faria uma
bela temporada como essa, ao lado de grandes companheiros como
Erik Staal e Erik Cole? Os Canes saíram de certeza de eliminação
para uma das grandes forças da Divisão Sudeste (atualmente líderes).
Predators — Muitos já previam uma boa temporada deste time,
que chegou a dar trabalho nos últimos playoffs. Ficaram um bom
tempo invictos, caíram, mas seguem entre as forças do Oeste. O
sucesso se deve em grande parte ao sensacional Tomas Vokoun.
Red Wings — Sim, eles surpreendem. Afinal, são os líderes
do Oeste, quando praticamente ninguém acreditava mais na força
deles para esta temporada. Com uma folha salarial abaixo da metade
da última temporada, eles encontram forças em seus jovens valores,
liderados por um rejuvenescido Brendan Shanahan.
Kings — Eles surpreendem porque estão muito bem, mesmo sem
obter muita produção de Jeremy Roenick e Luc Robitaille, e jogando
numa divisão que não tem sido nada fácil.
Cinco que decepcionam
Blackhawks — OK, havia muita gente que não esperava muita
coisa deles na temporada, mesmo com as contratações. Mas, não,
este time contratou o goleiro campeão da última Copa Stanley e
um baita defensor (Adrian Aucoin), além de outros jogadores de
profundidade. Em Chicago realmente esperava-se que os Hawks estariam
de volta.
Bruins — As coisas já iam mal, mas aí a gerência decidiu
empurrar tudo para o fundo do poço: negociaram o craque do time,
um dos líderes em pontos da NHL na temporada. Trouxeram dois bons
jogadores em troca, é verdade, mas de nada adiantou. Resultado:
os Bruins seguem uma porcaria, e agora não têm mais um dos melhores
jogadores da liga.
Devils — OK, eles perderam uma dupla de defesa que estraga
qualquer time. Perderam também a vantagem que as antigas
regras traziam para o antigo esquema amarrado do time. Mas o fato
é que os Devils, de time sempre competindo pelo título, estão
em posição de eliminados dos playoffs no momento.
Avalanche — De time que era um dos grandes da NHL, hoje
o Avalanche briga por uma vaga nos playoffs. Sem Forsberg e Foote,
ninguém esperava muita coisa, mas nunca que o time estivesse beirando
a parte de baixo da conferência.
Blues — Sim, era previsível que esta seria uma temporada
difícil. Mas não desastrosa, como está sendo. Desse jeito, vão
dar adeus a Doug Weight brevemente. Mas Tkachuk fica.
Da guerra dos novatos
Uma das coisas que movimentaram a liga neste começo foi a disputa
entre os dois recrutas número 1, Alexander Ovechkin e Sidney
Crosby. Atuando por dois times rivais, dois dos piores da liga
nos últimos anos e mesmo nesta temporada, cada jogador tem sua
legião de adeptos. Humberto Fernandes escreveu semanas atrás sobre
essa disputa e, na época, eu realmente não saberia dizer quem
estava melhor. Agora sei: é Ovechkin.
Não porque atualmente tem mais pontos, mas porque mantém a regularidade
desde o começo, atuando num time em que o ataque se resume a ele
e coadjuvantes. Num time que se resume a ele, Olaf Kolzig e coadjuvantes.
É possível que um dia assistiremos a grandes embates entre os
Penguins de Crosby e os Capitals de Ovechkin. Vai depender de
cada gerência construir um time em torno deles.
Mas não podemos deixar de notar outras excelentes performances
de novatos. Destaco Marek Svatos, do Colorado Avalanche, e Dion
Phaneuf, do Calgary Flames.
Svatos é digno concorrente "por fora" da disputa pelo Calder.
Muitos falam nele como uma das gratas surpresas da temporada (mas
raramente o citam como um real concorrente ao Calder) e como uma
das forças dos Avs.
Já Phaneuf teve um ótimo começo, esfriou um pouco e agora voltou
a ter sólidas atuações. Não chega a ser um concorrente real ao
Calder (dificilmente, diante do panorama atual, o troféu não terá
os outros três citados como concorrentes), mas entendo que está
um patamar acima de outras ótimas surpresas: Petr Prucha, Alexander
Steen e Thomas Vanek.
Das grandes trocas
Os Blue Jackets melhoraram com Fedorov. Deixaram de ser medonhos
e passaram a ser horríveis. Com Rick Nash, talvez sejam promovidos
a apenas muito ruins.
Os Ducks pouco mudaram sem Fedorov. No gelo, claro, porque na
folha de pagamentos a coisa está bem mais folgada agora. Ou seja,
fazem a mesma temporada, mas têm mais folga para contratar alguém
que contribua efetivamente.
Os Sharks estão sorrindo até agora com a troca que trouxe Joe
Thornton para a equipe. Um dos maiores goleadores da temporada,
sua chegada mudou o panorama da equipe. O time descia ladeira
abaixo e teve sua curva radicalmente alterada, para ladeira acima
com o novo central.
Já os Bruins, como já dito, prosseguem um lixo.
Canadá
Se os playoffs começassem hoje, os times canadenses estariam todos
classificados. Dois deles — Ottawa Senators e Calgary Flames
— são cotadíssimos para protagonizar a final.
Um deles, o Ottawa, é tido como praticamente imbatível, figurando
em primeiro, com folga, em todos os rankings minimamente razoáveis
que existem na imprensa especializada.
O outro, o Calgary, começou mal, mas logo se recuperou e segue
crescendo, vencendo grandes jogos. Tornou-se, na segunda-feira,
um dos líderes do Oeste e sobretudo segue mantendo uma postura
de time de playoffs.
O Montreal começou ótimo, mas está em queda constante há algumas
semanas, a ponto de estar agora em perigo quanto aos playoffs.
Se continuar desse jeito, adeus pós temporada para este
time que começou entre os quentes da liga.
O Edmonton trilhou caminho inverso, começando em baixa e subindo
constantemente desde então.
O Toronto sofre com contusões e está na mesma faixa de
pontos do Montreal, só que com menos jogos disputados.
Leva uma sova dos Senators num dia, revida a sova (mas sobre outro
time, os Islanders) noutro. Entre altos e baixos, o tradicional
time vai se segurando.
O Vancouver mantém-se como uma das potências do Oeste e protagoniza
verdadeiras batalhas contra o rival Colorado. Perdeu agora a liderança
da divisão para o Calgary, mas é coisa de um ponto
apenas.
Uma final canadense seria realmente uma coroação
desta nova NHL. Que os deuses do hóquei nos ouçam.
HURRICANES
Uma das gratas surpresas da temporada, o Carolina
Hurricanes, liderado pelo raçudo Rod Brind'Amour, aparece
como uma das forças da Divisão Sudeste (Karl DeBlaker/AP
- 17/12/2005)
FELIZ CASA
NOVA Vejam como Joe Thornton está triste por
ter sido trocado para o San Jose Sharks. Ele só fez aumentar
sua produção, sendo hoje o vice-líder em
pontos da NHL (Paul Sakuma/AP - 06/12/2005)