Em uma temporada da qual já se esperavam diversas surpresas, e muitos jogadores-símbolo sendo trocados, a liga nos surpreende mais uma vez.

Bem vindo à nova NHL!

Desta vez foi o símbolo dos Bruins que mudou de ares, indo para o Vale do Silício em troca de três bons jogadores. Mas, certamente, nenhum de seu calibre. Seria uma troca por causa de teto salarial? Provavelmente não, já que a diminuição na folha será de apenas US$1,55 milhão. Então, estaria Thornton envolvido com algum problema, e teria pedido para ser trocado? Também não, tanto que “Jumbo Joe”, como ele é conhecido, foi surpreendido no meio de um jantar com a família.

O motivo dado pelo gerente-geral dos Bruins, Mike O’Connell, não podia ser mais simplista: “Meu trabalho aqui é estar sempre melhorando o elenco. Se eu não fizer isso, não estarei fazendo meu trabalho”, afirmou. A dúvida é se ele está fazendo o trabalho direito.

Isso deve ser respondido nas próximas semanas. O’Connell, também conhecido ao redor da NHL simplesmente por O.C., tem uma linha muito clara de pensamento, compartilhada por outros gerentes-gerais ao redor da liga. Frente ao teto salarial e às regulamentações do mercado de agentes livres, é muito mais prático, barato e eficiente possuir um elenco equilibrado do que confiar em uma estrela que pode enfrentar seus altos e baixos, levando o time inteiro consigo.

Um dos adeptos dessa filosofia, e que vem obtendo êxito, é o time de Nashville. A grande estrela do elenco seria Paul Kariya — sim, apenas seria; os seus números mostram que ele tem que melhorar bastante para se manter no nível dos jogadores da primeira linha dos Preds.  Fora ele, Barry Trotz, treinador do Nashville, conta somente com bons jogadores, além de especialistas — como o monstro dos faceoffs Yanic Perreault. Nada muito caro mas digno de uma campanha que assusta até mesmo os grandes Red Wings e Avalanche.

Por outro lado, podemos pegar um exemplo de time 100% dependente de apenas um jogador, mas que também tem alcançado sucesso: os Rangers. Após pelo menos meia-dúzia de fracassos, o time se livrou de quase todos seus medalhões, mantendo apenas o básico para tentar voltar aos playoffs. Deu certo. Jaromir Jagr voltou a jogar o que não jogava desde os tempos de Penguins, e boa parte do elenco, composta por jogadores que estariam ali apenas para completar os 18 patinadores — com suas devidas exceções, incluindo algumas boas promessas, como o sólido goleiro Henrik Lundqvist — tem atuado à altura, o que levou os Rangers a tomar a liderança da Divisão do Atlântico de times favoritos, como os Flyers.

A troca de Joe Thornton por Marco Sturm, Brad Stuart e Wayne Primeau mostra claramente de que lado cada equipe deverá ficar. Agora mais do que nunca os Sharks dependerão do rendimento de seus centrais. Respectivamente primeira e segunda escolha em 1997, Thornton e Marleau serão responsáveis por carregar o talentoso, porém inexperiente, coro de jovens, se quiserem participar e aspirar algo mais do que os playoffs. Por outro lado, os Bruins terão que fazer seus jogadores suarem a camisa para compensar a ausência daquele jogador que foi seu marco por tantas temporadas consecutivas.

O vencedor da troca só deverá ser conhecido ao fim da temporada. Podem ainda haver dois vencedores, ou dois perdedores, a depender de como os novos jogadores se adaptarão em suas novas equipes. Mas, se a sabedoria do povo é a palavra de Deus, os Bruins já saíram em desvantagem: de acordo com as casas de apostas, os Bruins diminuíram suas chances de titulo de 30/1 para 40/1. Enquanto isso, os Sharks aumentaram as suas de 35/1 para 25/1.


Daniel Novais, sem inspiração para assinar.
COLETIVO Enquanto o Nashville Predators confia no seu conjunto... (John Russell/AP - 01/12/2005)
INDIVIDUAL ... o New York Rangers baseia seu jogo no craque Jaromir Jagr (Arquivo TheSlot.com.br)
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Página publicada em 7 de dezembro de 2005.