Será que os Blue Jackets têm utilidade para Sergei Fedorov?

Bem, do jeito que as coisas andam em Columbus, os Jackets têm utilidade até para Mark Hartigan — sim, aquele mesmo que... que... sei lá quem é ele! Tudo o que sei é que ele foi chamado do time de base, o Syracuse da AHL —, então Fedorov, mesmo aos quase 36 anos, será mais que bem-vindo por lá. A troca que o trouxe é sinal de que o gerente geral Doug MacLean percebeu o tamanho do problema que o time está enfrentando. Com a estrela em ascensão Rick Nash de fora por mais cerca de três semanas, uma troca de reservas teria o mesmo efeito que dar aspirina a um cadáver.

Não há como saber se Fedorov será a resposta aos problemas do time, mas uma coisa é certa: os Jackets mostraram coragem ao assumir os US$ 6 milhões do salário do russo, mais os US$ 18 milhões que ele ainda receberá pelas próximas três temporadas, só para tentar salvar uma temporada que parece condenada ao fracasso.

O time já começa a sentir na venda de ingressos o efeito de ser um time de expansão que não evoluiu depois de cinco temporadas. A torcida parece não ter motivos para encher a Nationwide Arena, e Fedorov chega também para ser um convite ao cidadão comum para ir até a bilheteria. Afinal, mesmo em clara decadência, ele é um futuro membro do Hall da Fama e já foi convocado seis vezes para o Jogo das Estrelas. MacLean já vinha percebendo que seu cargo está a perigo e não demorou para ver uma oportunidade de tentar salvar sua pele.

Em defesa dele, é bom dizer que ele conseguiu fazer uma troca de impacto sem abrir mão do futuro do time, um futuro de que ele possivelmente não fará parte.

"Aos 25 anos, François Beauchemin, um dos jogadores que foi para Anaheim na troca, é um bom jogador, com um futuro promissor", avalia Bob Hunter, colunista do jornal Columbus Dispatch. "Mas, ora, o Columbus adquiriu-o do Montreal na desistência há dois anos e, claro, você têm de ceder alguma coisa."

E Tyler Wright? "Um grande cara que era imensamente popular com a torcida, não apenas por ser um Blue Jacket original, mas também porque sempre jogava com raça", descreve Hunter. "Mas, para dizer a verdade, ele será uma perda maior para a comunidade local do que para o time de hóquei. Columbus não vai ser um lugar tão bom sem ele e seu trabalho de caridade, mas ele também vinha sendo escalado na quarta linha do time."

Em resumo: em troca de Beauchemin e Wright, MacLean conseguiu alguém que tem no currículo 431 gols e 589 assistências. Sim, e com quase 36 anos e ainda por cima voltando de uma contusão na virilha. Mas, também, alguém precisaria estar bêbado para achar que ele conseguiria um Peter Forsberg ou um Joe Sakic em troca de Beauchemin e Wright. Se você quiser um jogador de impacto com seus 29 ou 30 anos — isso se algum estiver disponível —, é bom começar a conversa com o outro time já com o nome de um ou dois de seus mais recentes recrutados de primeira rodada na ponta de língua.

Nesse contexto, a troca parece ser muito boa para os Jackets. É uma aposta, por causa da idade e do estado de saúde de Fedorov, para não falar do tamanho e da duração de seu contrato, mas parece ser uma troca que vai dar certo para ambos os times, ainda que por motivos diferentes. Para o Columbus, Fedorov pode representar o papel de mentor do também russo Nikolai Zherdev, que pode estar precisando justamente disso para alcançar o estrelato.

Já para o Anaheim, a troca foi feita claramente para se livrar do salário de Fedorov. O GG Brian Burke assinou contratos substanciais com os irmãos Rob e Scott Niedermayer e com Teemu Selanne antes da temporada. Os Ducks estavam chegando perigosamente perto do teto salarial, e a medida tomada na terça-feira foi quase que uma necessidade: eles estavam correndo o risco de começar a ter dificuldades para chamar um jogador do time de base em caso de mais uma contusão.

"Eu não poderia vender essa troca como uma negociação puramente baseada em hóquei e não vou nem tentar fazê-lo", declarou Burke ao jornal The Orange County Register. "É uma negociação baseada no teto salarial, mas também gostamos dos jogadores que adquirimos."

Já a folha salarial do Columbus está em torno de US$ 31,5 milhões, bem abaixo do teto de US$ 39 milhões. O time poderia se dar ao luxo de assumir um contrato polpudo. A temporada está salva? Longe disso. Mas uma mensagem foi passada.


Alexandre Giesbrecht, publicitário, já está com seu ingresso para assistir ao Pearl Jam no Pacaembu.
UM NOVO COMEÇO Fedorov não deu muito certo em Anaheim e agora vai tentar ajudar a salvar a temporada do Columbus (Kevork Djansezian/AP - 28/11/2003)
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Página publicada em 16 de novembro de 2005.