Cada torcedor tem sua forma de acompanhar a NHL e vibrar com seus ídolos e sua equipe. Alguns se restringem a ler o que é publicado nas principais mídias eletrônicas, enquanto outros preferem ouvir os jogos. De fato, é possível "interagir" com o esporte de diversas formas através da Internet. Uma das opções é participar de uma liga virtual, como há muito tempo promove o Yahoo! Fantasy Hockey.

O funcionamento de uma liga fantasia é simples e bastam apenas alguns amigos. Por exemplo, oito de nós de TheSlotBr disputamos uma liga de dez times, que se enfrentam diariamente. Os pontos são distribuídos de acordo com a realidade. Se você tem Gordie Howe no seu time e ele fez um hat-trick, são três gols para você. No fim da temporada regular da NHL as ligas conhecem seus vencedores.

Todas as estatísticas são computadas e se tornam pontos na liga fantasia. Gols, assistências, +/-, minutos de penalidades, pontos em vantagem ou desvantagem numérica, até mesmo os números dos goleiros.

Introdução feita, vamos à afirmativa: o péssimo começo de temporada de Martin Brodeur preocupa a torcida do New Jersey Devils e arrasa com as pretensões dos milhares de jogadores de ligas fantasia espalhados pelo mundo que apostaram no goleiro como ímã para atrair pontos. Eu sou um desses.

Para esta temporada, segundo o Yahoo! Sports, o jogador mais valioso para a liga fantasia seria Brodeur, justamente por registrar em toda sua carreira excelentes números.

E não faltam justificativas para apontar Brodeur como o número um da liga.

Desde 1997 Brodeur disputa 70 ou mais jogos por temporada, vencendo mais da metade. Registra em média 2,00 gols sofridos por jogo e mais de 91% de defesas, sem contar os inúmeros shutouts. O mais impressionante é que o goleiro tem retrospecto favorável contra 27 dos 29 times que enfrenta regularmente na liga – perde para o Vancouver Canucks e empata com o Nashville Predators.

Na manhã de domingo que antecedeu ao retorno da NHL acontecia o recrutamento da nossa liga fantasia. Eu tinha em mãos a 4ª escolha geral. Não tinha dúvidas: iria recrutar Brodeur, caso ele não fosse escolhido por um adversário antes de mim. E não foi.

Se a campanha dos Devils neste começo de temporada não é das melhores, quando associada aos horríveis números de Brodeur fica ainda pior. Com 3,60 gols sofridos por jogo e apenas 88,4% de defesas, o goleiro inclusive foi substituído na humilhante derrota sofrida em casa para o Carolina Hurricanes, o que não lhe acontecia desde março de 2003.

"Ele continua sendo o melhor goleiro da liga, mas até mesmo os melhores goleiros nem sempre têm sua melhor noite," declarou o treinador Larry Robinson. "Se você não está em sua melhor noite, por que prolongá-la?."

No jogo anterior, contra o NY Rangers, os Devils já haviam sofrido com um erro de Brodeur. No primeiro gol, Martin Rucinsky chutou das bordas, sem ângulo, e o disco passou por entre as pernas do goleiro. Mas os problemas dos Devils vão além do goleiro. Se o time não joga bem como um todo, Brodeur não se parece com o que costumava ser e as novas regras deixam o jogo mais ofensivo, então Robinson tem um enorme problema a resolver.

"Nós não estamos trabalhando como um time," disse John Madden. "São mais esforços individuais. Nós temos que trabalhar como um time e pensar positivo".

Brodeur durante anos foi protegido por um dos melhores sistemas defensivos da liga, ancorado pelo ex-capitão e recém-aposentado Scott Stevens, e Scott Niedermayer, atual vencedor do Troféu Norris e jogador do Mighty Ducks of Anaheim. Mas está claro que há muita diferença entre este time dos Devils e os anteriores. No já citado jogo contra os Rangers, por exemplo, quinze segundos após o gol de Rucinsky, Richard Matvichuk e Brian Rafalski bateram cabeça e ficou fácil para Ville Nieminem ampliar.

"Quando as coisas não vão bem, todos querem fazer tudo por si mesmos," afirmou Brodeur. "Não é a maneira certa de fazer. Nós temos que aproveitar os 20 caras que jogam, não um ou dois".

As declarações refletem o espírito de uma equipe que pouco a pouco começa a se perder em meio aos maus resultados, como a primeira derrota em tempo regulamentar para os Rangers no Madison Square Garden em nove anos. E não ajuda o fato de ter o segundo pior ataque de toda a liga, com apenas 12 gols marcados em cinco jogos.

Sem ataque não se vence jogos na nova realidade da NHL. O problema é que neste quesito os Devils dependem muito de Patrik Elias, que continua ausente recuperando-se de hepatite. Alexander Mogilny, que retornou ao time como agente-livre, é outra esperança de gols.

Enquanto Brodeur mantiver sua inédita série de insucessos, equipes como o Al Qaeda Hóquei e outras tantas do mundo da fantasia sobrevivem como podem, sem contar com aquele que deveria ser sua maior estrela. No mundo real da Conferência Leste, cercado por boas equipes, os Devils não têm com o que sobreviver se Brodeur falhar.

Pelo bem do hóquei Brodeur poderia voltar a atuar como antes. Não pelos Devils, mas pelos diversos fãs de hóquei que apostaram nele e dia após dia vêem seus times afundarem em virtude dos pontos perdidos no quesito goleiros.


Humberto Fernandes é gerente do Al Qaeda Hóquei
GOL BOBO Martin Brodeur assistiu atônito ao gol de Ville Nieminem, dos Rangers, após colapso defensivo de Richard Matvichuk e Brian Rafalski. (Julie Jacobson/AP - 13/10/2005)
ESSA DE NOVO Se você já viu as Fotos da Semana, sim, você já conhece a imagem acima. Mas é que ela é tão bonita que merecia o repeteco. Vai, Brodeur! (Bill Kostroun/AP - 15/10/2005)
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Página publicada em 19 de outubro de 2005.