Por J. J. Júnior, o Mec

Caros leitores, mostraremos a seguir a quarta parte da história da WHA, que contém um resumo da temporada de 1976-77 e uma pequena nota sobre a primeira tentativa de fusão entre NHL e WHA. Boa leitura a todos!

1976-1977: Ganham Les Nords! -- A temporada regular de 1976-77 da WHA não foi muito badalada dentro do gelo. Mas fora dele... No final comentaremos sobre isso. Sobre o formato da temporada, com a saída do Minnesota Fighting Saints e do Denver Spurs, a WHA ficou com apenas doze franquias e teve que mudar novamente seu formato para duas divisões, que ficaram assim: na Divisão do Leste, Quebec Nordiques, Cincinnati Stingers, Indianapolis Racers, New England Whalers, Birmingham Bulls e Minnesota Fighting Saints (segunda versão); na Divisão do Oeste, Houston Aeros, Winnipeg Jets, San Diego Mariners, Edmonton Oilers, Calgary Cowboys e Phoenix Roadrunners.

Como vocês devem ter visto acima, as mudanças foram o desaparecimento do Cleveland Crusaders e do Toronto Toros, e a ressurreição do Minnesota Fighting Saints. Falemos primeiro sobre Cleveland/Minnesota. Nick Mileti readquiriu novamente os Crusaders na primavera norte-americana de 1976 e já teria um problema a resolver: arrumar uma arena para a franquia, pois eles perderam o Richfield Coliseum para o novo time da NHL, o Cleveland Barons (ex-California Golden Seals). Por causa disso, Mileti levou a franquia para St. Paul, em Minnesota, onde obteve grandes promessas de lucros vindos de seu público nos jogos. Logo, os Crusaders se transformaram na segunda versão do Minnesota Fighting Saints, mas não obtiveram êxito. Como o público pagante nos jogos foi muito fraco, Mileti foi obrigado a fechar a franquia em 17 de janeiro de 1977. E olhe que os Fighting Saints estavam com uma boa campanha (19-18-5, ou seja, mais de 50%) e encerraram sua participação na WHA com uma bela vitória sobre os Racers por 9-5.

Outro time que mudou de ares foi o Toronto Toros. John Bassett não estava satisfeito com o seu público nos jogos dos Toros e resolveu se aventurar no Alabama, criando o Birmingham Bulls. Não houve grandes alterações no time; até mesmo o logo foi aproveitado. Os Bulls se aproveitaram da regra da WHA de poder contratar jogadores menores de 18 anos e conseguiram montar um elenco talentoso e jovem, embora não tenham conseguido se classificar para os playoffs. O destaque dos Bulls seriam os 60 gols de Mark Napier.

Agora falemos do Phoenix Roadrunners, que tinha um novo treinador em Al Rollins. Mesmo com ele, os Roadrunners não engrenaram e amargaram uma campanha medíocre de 28-48-4, terminando em último na Divisão do Oeste. O destaque dos Roadrunners foi Robbie Ftorek, com 117 pontos. Além disso, Ftorek conseguiria um feito histórico para o hóquei americano: Ele ganhou o prêmio de jogador mais valioso da temporada (ou MVP), na primeira vez que um jogador americano ganhou esse prêmio em uma liga profissional de hóquei. Também foi a segunda vez que um jogador mais valioso saiu do pior time da temporada regular — o primeiro foi o próprio Al Rollins, em 1954, quando jogava pelo Chicago Blackhawks da NHL.

Outro time que não se classificou foi o Calgary Cowboys. Teve uma campanha medonha de 31-43-7 e enfrentou muitos problemas durante a temporada. O principal foi a perda da sua arena. E ainda havia rumores de que a franquia poderia acabar...

Os playoffs desta temporada tiveram um formato bem simples, com quatro classificados de cada divisão se enfrentariam da seguinte maneira: primeiro contra quarto e segundo contra terceiro. Os playoffs ficando assim: pela Divisão do Leste, Quebec contra New England e Indianapolis contra Cincinnati; pela Divisão do Oeste, Houston contra Edmonton e Winnipeg contra San Diego.

No Leste, não tivemos surpresas. Os Nordiques despacharam os Whalers em cinco jogos, e, para a decepção dos fãs dos Stingers, os Racers eliminaram os Stingers facilmente, em quatro jogos. Os Stingers tiveram uma boa temporada, ficando em segundo lugar na Divisão do Leste. Três jogadores foram os destaques do elenco do Cincinnati: Rich Leduc, com 52 gols e 107 pontos, Blaine Stoughton, com 52 gols e 104 pontos, e Dennis Sobchuk, com 44 gols e 96 pontos.

No Oeste, o melhor time da temporada até então, o Houston Aeros, derrotou facilmente o Edmonton Oilers em cinco jogos. Já os Jets enfrentaram os Mariners. O time de San Diego fez uma boa campanha (40-37-4), terminando com 84 pontos, mas, mesmo indo bem na temporada, Joseph Schwartz, dono dos Mariners, simplesmente negligenciou o time, que foi comprado logo depois por Ron Kroc. Outro fato negativo foi a péssima média de público dos jogos em San Diego. Mesmo com Andre Lacroix fazendo 82 assistências e 114 pontos, os Mariners foram eliminados pela máquina dos Jets em sete jogos disputados.

As semifinais seriam entre Quebec e Indianapolis, e Houston e Winnipeg.

Os Racers tiveram muitas dificuldades no seu sistema defensivo, tendo a tosquice de levar 305 gols! Problemas financeiros e de público pequeno também afetaram o time, culminando na venda para Harold Ducote. Com todos esses problemas, os Racers ainda conseguiram chegar aos playoffs e varrer os Stingers, mas acabaram eliminados pelos embalados Nordiques do xerife J. C. Tremblay, em cinco jogos.

No Oeste, aconteceria a batalha entre o melhor time da temporada, os Aeros contra os campeões da temporada anterior, os Jets. Os Aeros estavam passando por uma renovação, com um grupo de jovens talentos que ajudou o time a ir bem na temporada, como Terry Roskowski e Rich Preston, com 84 e 79 pontos, respectivamente. Mas, mesmo com uma excelente campanha, os Aeros sucumbiram diante dos Jets em seis jogos.

Pronto, a final já estava definida no Canadá, entre Winnipeg Jets e Quebec Nordiques. De um lado, os Jets, que não repetiram a campanha de 1975-76, mas conseguiram chegar em segundo lugar na Divisão do Oeste graças aos esforços de Anders Hedberg, com seus 70 gols e 131 pontos, e Ulf Nilsson, com 85 assistências e 124 pontos. Em dezembro de 1976, os Jets foram até Moscou disputar a Izvestia Cup. Depois da volta de Moscou, tomaram uma sonora goleada dos Nordiques por 12-3. Era um mau sinal...

Já os Nords estavam ansiosos pelo título. Eles vieram mordidos para essa temporada e isso deu resultado. Ganharam a Divisão do Leste com uma excelente campanha (47-31-3) e passaram facilmente por Whalers e Racers. Isso fora o elenco colossal, que incluía Real Cloutier, com 141 pontos, Marc Tardif, com 109 pontos, Chris Bordeleau, com 107 pontos, Serge Bernier, com 96 pontos, e o xerife J. C. Tremblay, que eram peças-chave para a fase espetacular dos Nordiques.

Após uma árdua e batalhada serie de sete jogos, os Nordiques lutaram mais e ganharam a série. O Avco World Trophy ficou em Québec, para a felicidade de seus nativos.

A fusão já estava próxima -- A guerra entre a WHA e a NHL, iniciada em 1972, estava com os dias contados. A causa? Sérios problemas financeiros de ambas as partes. John Ziegler elegeu-se o novo presidente da NHL em 1977 e, vendo a situação ficando crítica, resolveu marcar encontros em junho de 1977 com os times da WHA, para sanar problemas, evitando o pior, ou seja, a falência de várias equipes.

Então seis equipes da WHA — Cincinnati, Edmonton, Quebec, Winnipeg, New England e Houston — fizeram uma proposta à NHL: esses seis times se juntariam à NHL, dando origem a uma fusão de grande parte da WHA com a NHL. Porém, times como Birmingham e Indianapolis ficaram de fora e estavam ansiosos pela resposta, pois, se o presidente da NHL aceitasse, era a decretação de falência.

Como já era esperado, a NHL recusou a proposta inicialmente, aliviando os Bulls e os Racers. E a WHA e a NHL continuariam as negociações até 1979. Mas isso é história para outra edição.

Na próxima edição, veremos a temporada de 1977-78 e mais uma matéria referente à WHA. Aquele abraço e até lá!